Clube

Opinião: "As dívidas vão bem, obrigado"

E os devedores melhor ainda.

Nesse sentido, começou muito bem a gestão Rousseff: a presidente assinou a MP 512, que alterou várias coisas na Lei da Moralização do Futebol e deu um grande presente aos presidentes de clubes presentes e futuros: não vetou o item que tirava a possibilidade de punir dirigentes por assumirem dívidas indevidas.

Sem dúvida, o charme dessa possibilidade é que os dirigentes teriam que entrar com seus preciosos patrimônios pessoais para honrar compromissos assumidos indevidamente em nome dos clubes, como estava na redação anterior da lei. Curiosamente, ou não, o lobby para que o relator da medida na Câmara, um deputado que já foi presidente de um dos grandes clubes brasileiros (naturalmente, também ele devedor) e que, portanto, conhece o assunto a fundo, incluísse ingênua alteração na lei tirando tão temível risco dos dirigentes, teve o apoio das forças teoricamente mais opostas hoje em dia, ou seja, o Clube dos 13 e a CBF. Nessas horas, o mundo da bola se une e faz lobby unido.

Esse tipo de coisa só reforça uma velha crença minha válida para Pindorama: quando grupos opostos apoiam a mesma causa, desconfie da causa.

Certamente, muitos leitores me perguntarão se os clubes estão pagando seus débitos fiscais correntes, tal como diz o acordo da Timemania assinado por todos. Bom, por favor, não perguntem, pois não sei. Não há informações oficiais a respeito e, a despeito do assunto ser público e do interesse da sociedade, as autoridades pindorâmicas não prestam contas aos cidadãos a respeito da prestação de contas dos clubes de futebol.

O que se comenta é que muitos clubes não conseguem pagar esses débitos e, como disse uma das pessoas com quem conversei, a bola-de-neve dos débitos correntes não pagos está crescendo. Outra pessoa disse-me que alguns clubes pagam como vagalumes: pagam, param, pagam, param, pagando e caloteando ao ritmo do som das moedas caindo em seus cofres.

Mas, vamos falar e ver números reais, oficiais, públicos. A tabela que vem abaixo foi preparada pelo pessoal da Parker Randall e dá uma boa visão sobre a situação das dívidas de vários grandes clubes brasileiros. Essa tabela não é nova aqui e foi publicada em post do dia 29 de maio – clique aqui para reler e recordar ou para tomar conhecimento de assunto tão palpitante – acompanhada por comentários clube a clube.

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Mais uns dois meses teremos a atualização desses números, o que tornará mais fácil entender a rapidez com que os clubes vêm tentando negociar a venda dos direitos de transmissão do Brasileiro. Ficará fácil, também, entender o porquê do desespero de todos por polpudo adiantamento dos valores a receber. Não se iludam: o adiantamento mínimo de 10% foi colocado no edital do Clube dos 13 porque os clubes assim quiseram, não porque alguma emissora tenha, graciosamente, oferecido.

E esse dinheirão que vai entrar ainda em 2011 e será descontado nos próximos quatro ou cinco anos, ou já está comprometido ou será queimado em fração de segundos, tão logo entre na conta.

Depois, mais para a frente, os mesmos dirigentes ou seus sucessores, tentarão ajeitar as coisas, o que já torna previsível novo desespero galopante por mais adiantamento em 2015, 2016, 2020…

Fonte: Blog Um Olhar Crônico Esportivo