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Opinião: André Dias comemorou gol celebrando a sua ruindade

O elogio da canela

Esquecida ali entre o joelho e os pés, a canela sempre foi uma vilã futebolística. Matar a bola com a crista da tíbia sempre foi uma agressão estética e esportiva – a demonstração de ausência inapelável de talento. Não é de hoje que o perna-de-pau absoluto é chamado de caneleiro. A canela não serve nem para contusão. Pois bem, eis que começa o Campeonato Brasileiro começa. E quem assume a posição imperial de personagem da primeira rodada? Ela, a canela.

Foi uma aparição meteórica, fugaz, que ofuscou vitórias como a do Palmeiras no Maracanã e a do Botafogo no Beira-Rio. Ela apareceu em Natal, num jogo medonho disputado num campo horroroso. O América-RN , candidatíssimo ao rebaixamento, recebeu o Vasco volante de Celso Roth. O jogo oscilava entre péssimo e muito ruim quando André Dias recebeu a bola diante do goleiro Renê. Recebeu uma, chutou na trave. Recebeu duas, chutou no goleiro. Recebeu três, chutou pra fora.

A torcida cruz-maltina já pedia o fígado do atacante num prato quando, no segundo tempo, Allan Kardec avançou pela direita e rolou para o meio. Lá estava André Dias, novamente diante de Renê, absoluto. O locutor da Rádio Globo de Natal, Marcos Lopes, não levou fé (ouça no link abaixo):

- Deeeeeefeeendeu o goleiro!

(Reticências. Som da torcida vibrando)

- E entrooou.....



Gustavo Poli

Fonte: Coluna 2 - ge