Futebol

Opinião: A maior macumba do século XXI

Tudo bem, os macumbeiros iranianos andaram fazendo trabalhos fortíssimos para desestabilizar a hegemonia do ocidente. Os macumbeiros venezuelanos foram para Buenos Aires espetar bonequinho do Bush. Os macumbeiros deputados nem precisaram matar galinha para oficializarem o desrespeito com o próprio ofício. Os macumbeiros chineses continuam botando pratinho de arroz nas esquinas de Pequim, torcendo para a bolha imobiliária americana não estourar, os juros do Fed não subirem e o mercado mundial não entrar em recessão, afinal, são quase 1 bi de exportação.

Mas nada supera a macumba dos goleiros. Reunidos numa hipotética convenção espiritual, mundo afora, eles acendem velas diariamente, em suas mansões e malocas, mandando energias negativas para Romário. Durante duas décadas, os goleiros foram vítimas das travessuras do Baixinho. A cada gol, aquela cara de bobo, de vítima, de otário. Romário sempre foi muito bom em humilhar goleiros com toques desconcertantes, além do famoso biquinho. E a vingança acontece poderosa. A mídia querendo o milésimo gol, a torcida vascaína, outras torcidas, o Brasil todo...

Menos os goleiros!

Bruno, Juninho, Júlio César foram apenas representantes da reza forte universal. Pezinho direito de Bruno, travessão em Brasília, chutes para fora, chutes fraquinhos, eliminação, vexame, decepção, câimbras, família tensa, brigas internas, demissões iminentes... enfim, a famosa inhaca!

No clássico-tração, 4x4, Renato se viu entre a cruz de malta e a espada. Era claro que Romário, num jogo com dez para cada lado, corrido, enlouquecido e aberto, precisava ser substituído. Mas como? Ou Renato seria crucificado ou arrumaria um inimigo mortal ou outras conseqüências misteriosas. Pior, o 4x4 foi tão espetacular que conseguiu eclipsar a importância do gol mil. Ninguém no estádio estava muito a fim de parar tudo. O futebol deu uma lição daquelas. Um grande jogo pode ser maior do que qualquer coisa.

Macumbas à parte. Romário perdeu mais uma partida contra o tempo.

Fonte: Blog - Sidney Garambone