Futebol

Opinião: "A frase infeliz de Paulo César Gusmão"

Pior do que a atuação do Vasco e a derrota para o Resende na primeira rodada do Estadual do Rio, só mesmo a frase de efeito (ou seria de defeito?) do técnico Paulo César Gusmão ao falar sobre a reação da torcida: “Quem não quer pressão, que vá trabalhar em banco”, disse ele. Talvez o professor não saiba, mas os bancários trabalham também sobre pressão. Para atingir metas, para não errar um lançamento, para não orientar mal um cliente na hora de um investimento. Não é raro um caixa de banco pagar do próprio bolso uma diferença apareça no seu caixa no fim do expediente.

Já alguns “professores” abusam do direito de errar à beira do campo. Erram na escalação, erram nas substituições, erram no esquema e nem sempre são cobrados por isso. Uma vitória, muitas vezes, encobre todos os erros. Além de pouco original, a frase de Paulo César Gusmão é de uma infelicidade imensa. Que tal buscar os motivos que levam o time a jogar tão mal? Que tal investigar qual a sua participação no problema? Que tal trabalhar melhor nos treinamentos para não precisar se desesperar tanto durante os jogos? Talvez seja mais fácil buscar uma frase surrada. O futebol, aliás, é um terreno fértil para os mais variados clichês. Quantas vezes já ouvimos um técnico ou um dirigente, sob pressão, dizer que vai colocar o cargo à disposição. Como se os seus superiores precisassem disso para demiti-lo. Na prática, qualquer cargo sempre está à disposição de quem contrata. Desde o primeiro dia de trabalho.

E o jogador que tenta passar por incompreendido? Felipe, depois do vexame de quarta-feira, disse que a torcida precisava ter paciência com o time e que, se o considerassem culpado, ele poderia pedir para sair.

Ora, tivesse um pouco de autocrítica, já teria feito isso há algum tempo.

Talvez nem precisasse, se o técnico tivesse opções melhores ou fosse mais criativo ao procurar soluções.

Um dos méritos da atual diretoria do Botafogo foi acabar com aquela também surrada história de que havia coisas que só aconteciam com o clube, lembram-se? Pois é, os dirigentes faziam verdadeiros absurdos e, na hora de explicar uma derrota, lá vinha a tal frase. O que acontecia ao Botafogo acontece com qualquer clube mal administrado. As tais coisas que aconteciam exclusivamente com o clube deixaram de acontecer no momento em que passou a haver uma administração profissional. Simples assim.

Que tal o Vasco seguir o mesmo caminho? O tropeço diante do Resende foi doído, mas pequeno diante da grandeza do clube. E não custa lembrar que a arrancada do Botafogo no Estadual do ano passado começou depois de uma goleada de 6 a 0 que o time sofreu no Engenhão, diante do próprio Vasco.

Por: Alvaro Oliveira Filho- Comentarista da Rádio CBN e colunista do Jornal Lance

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance