Opinião: A caminho do milésimo
Acabo de desembarcar em Brasília, onde vou comentar para o SporTV a partida do Gama contra o Vasco da Gama. É um jogo pela Copa do Brasil, mas ninguém se dá conta disso. O mais importante é que nele Romário poderá chegar a mística marca do milésimo gol. Tanto no Aeroporto Internacional do Rio, o Tom Jobim, como aqui em Brasília, fica evidente a expectativa das pessoas pelo alcançe da marca.
Próximo do fim da carreira, que ele mesmo encara como um momento delicado, Romário, pelo que faz em campo, está em evidência. Não questiono os seus números _ todos os gols que estão na estatística foram marcados _ e respeito o seu sonho. Aliás, eu tenho pelos sonhos, sejam quais forem, o maior respeito. Vejo-o cada vez mais afinado com o gol. Cada vez mais capacitado para entrar na área e marcar.
Imagino o quanto deve estar ansioso. Por mais que tenha pautado a carreira pela frieza _ isso explica um pouco a facilidade para marcar tantos em tantos lugares e de tantas formas diferentes _, ele percebe pelos olhares que o acompanham que a excitação está no ar. Constata a torcida do povo, a quem sempre alegrou com a bola nos pés.
Conversei muito pouco com o Romário. Na verdade, eu o entrevistei uma vez _ durante um jantar _ e nas outras foram sempre em coletivas, o que joga no lixo a possibilidade de se aproximar um pouco mais do entrevistado. É um trabalho de observação e audição.
Tenho por ele uma enorme admiração pelo que falou com os pés e alguns comentários. Polemista por opção, ele sempre desafinou o coro dos contentes e isso já o fez se destacar em relação aos demais. Quando, finalmente, der entrada nos papéis da aposentadoria o futebol ficará mais pobre de idéias e de talento.
Jamais chamou um técnico de professor ou foi dócil a absurdas determinações de quem manda. Não pensem que a rebeldia brotou concomitante à fama. Antes, quando ainda não conseguia sentar na janelinha, ele já era assim.
Brasília poderá assistir na noite desta quarta-feira a um feito que ficará para sempre guardado na memória de algumas gerações. O menino que estava com 10 anos em 94 e aprendeu a gostar da Seleção Brasileira vendo o Romário marcar _ vale destacar que muito bem acompanhado pelo Bebeto _ hoje tem 23 e cresceu admirando este senhor da grande e da pequena área.
Ele é um perfeito integrante da geração Romário. Talvez seja por isso que o centroavante suporte as dores e a rotina do futebol para realizar o seu sonho. Que, na verdade, pelo que vejo e ouço é de todos.
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