Futebol

Oferta de R$ 5,5 bilhões fracassa e liga fica sem verba garantida

A proposta da empresa Codajas Kapital Sport (CKS) aos clubes para organizar a Liga do Brasileiro foi apresentada aos clubes sem garantia de verba e incluiu o BTG para captação de investimento. A oferta é de levantar US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões) em até cinco meses por meio do banco. Esse dinheiro, inicialmente, viria por meio de um fundo norte-americano que se retirou do negócio. Agora, os clubes da Série A terão de decidir se aceitam firmar parceria com a empresa.

No meio de 2021, os clubes da Séries A e B formaram uma liga para organizar o Brasileiro. Em outubro, a empresa Codajas Sports Kapital fez uma oferta vinculante pela compra de percentual da liga, isto é, de todos os direitos de TV e Comercial do Brasileiro. A empresa teria dois meses para confirmar o investimento de pelo menos US$ 750 milhões, valor que poderia chegar a US$ 1 bilhão.

No total, 19 clubes assinaram o documento, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos e Red Bull, Grêmio, Internacional, Cruzeiro, Atlético-MG, Bahia, Ceará, Fortaleza, Cuiabá, Chapecoense e Atlético-GO.

O investimento teria o aval do fundo norte-americano Advent que participava da proposta. O prazo de dois meses se esgotou. Houve discordâncias sobre o modelo de negócios pois havia exigências que os clubes não aceitariam. Com isso, o fundo optou por se retirar do negócio.

Sem o fundo, a Codajas apresentou, na sexta-feira, uma proposta em carta para os 20 clubes da Série A para estruturar o negócio da Liga. Quatro dirigentes de clubes informaram ao blog ter recebido a oferta. Por meio de nota (veja abaixo), a empresa confirmou a proposta.

Pelo modelo desenhado, a Codajas teria exclusividade para estruturar uma sociedade empresarial para organizar o Brasileiro. A ideia é usar a expertise de nomes como Ricardo Fort, ex-executivo da Coca-Cola, e Richard Perry, ex-executivo da Premier League, tanto na governança quanto na comercialização da liga. Há ideia ainda de incluir uma consultoria, a EY ou KPMG. Já o BTG trabalhará para captar novos investidores para obter recursos em um prazo máximo de cinco meses. Neste prazo, a Codajás teria exclusividade sobre a Liga.

Dos dirigentes de clubes ouvidos pelo blog, um deles manifestou ceticismo sobre a aceitação de uma proposta sem garantia de dinheiro. Não vê por que ceder a exclusividade na representação sem retorno. Há ainda resistência do Athletico, clube que se opôs desde o início ao acordo com a Codajas. O aceno de uma verba era considerado importante para manter as agremiações unidas em torno da Liga. Outros cartolas ainda analisam as condições.

Para aceitar a proposta, os clubes terão de ceder seus direitos comerciais do Brasileiro, TV e patrocínios, para a Liga. Assim, a Liga teria o poder de negociar coletivamente de forma centralizada. Ainda seriam discutidos os modelos para os clubes receberem o eventual investimento captado pelo BTG. A resposta dos clubes à proposta tem que ocorrer em até 30 dias.

A aposta da Codajas é na capacidade de captação de investimento do BTG e no interesse no futebol brasileiro. Há a ideia de que uma Liga estruturada deve atrair outro capital estrangeiro desde que já esteja montada. Para o negócio sair, é preciso que 16 clubes da Série A confirmem uma adesão. Veja a nota da empresa:

"A Codajas Sports Kapital LTDA ("CSK") apresentou na sexta-feira (28/1), uma proposta para os 20 clubes que atualmente integram a Série A do Campeonato Nacional, para a formação de uma Liga do Futebol Brasileiro. A proposta contempla, ainda, a estruturação de uma Sociedade Empresarial que seria a responsável por organizar o Campeonato Nacional e negociar coletivamente todos os direitos relacionados à competição.

A CSK vem desenvolvendo o projeto de estruturação da Liga há dois anos e meio e tem formatada toda a estrutura de governança, além dos principais aspectos econômicos e comerciais que, se implementados, irão maximizar a profissionalização e valorização do futebol brasileiro, atraindo investimentos de até R$ 5,5 bilhões.

Como financial advisor, a CSK conta com o banco BTG Pactual, maior Banco de Investimentos da América Latina, que trabalhará na organização da interlocução com investidores e estruturação de veículos para captação do investimento.

A CSK agora aguarda o retorno sobre a proposta, que deverá ocorrer dentro de um prazo máximo de 30 dias, e se compromete a trabalhar em estreita colaboração com os clubes na estruturação e implementação das diversas etapas que compõem o processo. Por fim, a empresa informa ainda que apresentará proposta com os mesmos termos para os clubes que atualmente estão disputando a Série B do Campeonato Nacional."

Fonte: Coluna Rodrigo Mattos - UOL