"O torcedor me levou à presidência". Confira entrevista com Roberto Dinamite
Rio - Aos 54 anos, Roberto Dinamite dará hoje, no jogo contra o Figueirense, o seu ‘pontapé inicial’ como presidente do Vasco. Eleito há nove dias, na assembléia do Conselho Deliberativo, com uma vitória inquestionável, decretando o fim da ‘era Eurico Miranda’, o maior ídolo do clube da Colina sonha estrear com o pé direito no cargo. O mesmo pé que ele usou para detonar uma ‘bomba’ contra o Internacional, no início dos anos 70, no Maracanã, e que lhe valeu o eterno apelido. Roberto também se emociona ao falar da volta à tribuna de honra de São Januário, com a família, o que vai acontecer na próxima quinta-feira à noite, no jogo contra o Sport. E promete que o Vasco volta com ele a ser um clube fidalgo.
— A primeira vez ninguém esquece, todos dizem. É fundamental a vitória do Vasco em sua ‘estréia’ como presidente do clube?
— É sempre importante iniciar um trabalho com vitória. Nunca esqueci de quando estreei no profissional do Vasco, em 1971. Vencemos o Inter por 2 a 0 e fiz o segundo gol, que me valeu o apelido até hoje, graças a uma manchete no jornal (“Garoto Dinamite explode no Maracanã”, feita pelo jornalista Aparício Pires e publicada no ‘Jornal dos Sports’).
— Você estará ao lado do time, em Florianópolis?
— Até por ser o primeiro jogo como presidente do Vasco, acho importante estar junto deles, para dar confiança ao time. É sempre bom o comandante estar junto do grupo, ainda mais num jogo fora de casa.
— Pelo passado vencedor que o tornou o maior ídolo do Vasco, espera ser uma referência para os jogadores fora de campo?
— Espero que sim. Mas vai depender muito mais deles, do que eles vão produzir em campo. Todos, inclusive a comissão técnica, têm meu apoio, até porque não vou interferir em escalação.
— O Vasco não conquista um título há cinco anos, desde 2003, quando ganhou o Campeonato Estadual. Acredita que o time tem chances de conquistar o Brasileiro deste ano ou, ao menos, uma vaga na Libertadores de 2009?
— Durante esses últimos anos, a torcida do Vasco ficou carente de títulos. Agora, isso vai depender do que a equipe apresentar daqui para a frente. Não basta vencer o Figueirense. Temos de engrenar uma seqüência de vitórias para subirmos na tabela e continuar lutando.
— Quinta-feira, contra o Sport, será seu primeiro jogo, em São Januário, na presidência do Vasco. Como é voltar seis anos depois à tribuna de honra, de onde você foi expulso com seu filho Rodrigo, pelo ex-presidente Eurico Miranda, no dia 20 de janeiro de 2002, num jogo contra a Ponte Preta pelo Torneio Rio-São Paulo?
— Será uma coisa nova para mim (risos) e acredito que será muito positiva, porque foi a vontade do torcedor do Vasco que me levou à presidência do clube. Vai ser legal. É na tribuna de honra que sempre vou assistir aos jogos, em São Januário. E tenho certeza de que nossa torcida vai comparecer para prestigiar o time, da mesma forma que o torcedor me apoiou na eleição.
— Como acha que será a recepção dos torcedores ao presidente do Vasco na tribuna de honra?
— Acolhedora. O torcedor do Vasco está voltando para sua casa, que é São Januário. Ao longo da campanha, muitos sócios que estavam afastados me garantiram que voltariam se eu fosse eleito. E temos um projeto para colocar em prática, estimulando essa volta ao nosso clube.
— Nos jogos do Vasco, o presidente será aquele tipo contido, discreto, ou será um torcedor na acepção da palavra?
— No início, vai haver aquela tensão natural, ainda mais nos jogos, em São Januário, para onde eu estou voltando agora. Mas não tenha dúvida de que sempre vou vibrar muito a cada gol que o Vasco marcar, porque dediquei mais de 20 anos de vida a esse clube que me abriu as portas para o futebol.
— Neste Brasileirão não há, entre as 20 equipes, uma top de linha, que se destaque das outras. O que espera do Vasco-2008?
— Superação, determinação e muita entrega. Num campeonato nivelado como o Brasileiro, a equipe que conseguir pôr em prática essas três qualidades vai fazer a diferença no fim.
- SuperVasco