O realismo mágico de Henríquez e Vasco diante do Palmeiras
Á um quê de realismo mágico nas figuras de Oswaldo Henríquez e do Vasco às vésperas da partida contra o Palmeiras. O zagueiro de 30 anos que também é estudante de administração e que gosta de fazer trabalho voluntário. O time que luta para se afastar da zona de rebaixamento e que acredita ser possível pontuar contra o líder do Brasileiro, no campo do adversário. Tudo isso soa fantasioso, quase sobrenatural como o gênero literário.
Mas é verdade. O colombiano, titular na partida deste sábado, às 17h, na Arena Palmeiras, está para começar o terceiro ano da graduação à distância. Aos 30 anos, gosta de ler sobre programação neurolinguística, astronomia, metafísica e deposita sobre o estado mental boa parte do sucesso de uma pessoa no futebol ou na vida. Revela que precisou ler sobre a mente para se livrar das cobranças excessivas que se fazia no começo da carreira, que o deixava à beira da depressão.
— Gosto de saber mais sobre pessoas que superaram adversidades para atingir um objetivo, ver como fizeram. Existe um fator comum: a cabeça. Veja o Vasco, somos o mesmo plantel com algo diferente: temos nova mentalidade. O Vasco é gigante, mas quando você ouve muito que não é, acredita e aí você fica pequeno mesmo. Mas se você vê a camisa do Vasco, vê sua história no futebol brasileiro, joga com outra postura — destacou o zagueiro, que revelou que o grupo ficou mais unido com Vanderlei Luxemburgo: — Brigávamos por coisas pequenas.
Cobrança por mais ações de jogadores
Henríquez é velho conhecido do técnico Vanderlei Luxemburgo — os dois trabalharam juntos no Sport. Ele virou titular na vitória sobre o Internacional e depois não saiu do time. Quando não está treinando, reflete sobre o lugar do jogador de futebol no mundo e é duro com a classe: diz que seu potencial transformador é subaproveitado e que “apenas 10% faz algo de diferente para a sociedade”. No Sport, se ofereceu para visitar jovens de comunidades carentes de Recife. Segundo ele, a experiência faz bem, ajuda a se manter próximo da realidade das outras pessoas.
O zagueiro pede por mais educação na América do Sul e diz ter ficado maravilhado ao ver que o Vasco tem uma escola no clube. Leitor de Gabriel García Márquez, escritor colombiano ícone do realismo mágico, Henríquez pede que o time pegue o Palmeiras sem pensar que vencer soa como fantasia:
— Temos a obrigação de entender que o Vasco sempre deve de jogar de igual.
Possível reencontro com Borja
Henríquez sabe com quem jogará na Arena Palmeiras. Vanderlei Luxemburgo deixou claro desde o começo da semana que repetiria a escalação da partida contra o Fluminense, com apenas duas mudanças: o retorno do goleiro Fernando Miguel, recuperado de amigdalite, e a entrada do meia Bruno César, que ganhou a posição de Yan Sasse. O que ele não sabe é quem estará do outro lado.
Luiz Felipe Scolari não deu muitas dicas sobre a escalação do Palmeiras. Existe a possibilidade de poupar titulares em função do jogo de terça-feira, pela Libertadores. Por outro lado, é preciso vencer para seguir na primeira posição do Brasileiro sem depender dos rivais. Para isso acontecer, o melhor caminho é escalar o time titular.
Se isso acontecer, o zagueiro vascaíno terá um duelo particular com o também colombiano Borja. Os dois possuem uma história, já se enfrentaram duas vezes na carreira, com uma vitória de Henríquez e um empate. Para o defensor, será um bom reencontro esta tarde.
— Ele é um ser humano incrível. Não se encontra numa fase muito estável no Palmeiras, mas é um goleador, será um desafio legal — concluiu Oswaldo Henríquez.
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