O que a diretoria do Vasco pensa sobre o Maurício Barbieri
As críticas ao trabalho de Maurício Barbieri aumentaram no último sábado, após derrota para o São Paulo - o Vasco completou seis jogos sem vencer no Brasileirão. A pressão de parte da torcida pela demissão do treinador, no entanto, não ecoa dentro do clube. Isso porque o departamento de futebol já previa oscilação durante o processo e acredita na evolução do time com as mudanças pela frente.
Isso não significa que Barbieri não tem sido cobrado internamente. O treinador se reúne com frequência com o diretor técnico Abel Braga e o diretor esportivo Paulo Bracks - após cada jogo, o departamento analisa os pontos fracos e fortes e projeta o que precisa evoluir.
A leitura é que o Vasco conseguiu ser competitivo contra os adversários mais difíceis e merecia pontuar contra Santos e São Paulo, quando o time desempenhou melhor. A culpa dos resultados ruins, então, não é só de Barbieri - o elenco é ponto chave na avaliação sobre o trabalho. O técnico precisa de peças de mais qualidade para conseguir impor seu modelo de jogo.
Dia a dia positivo
O trabalho no dia a dia agrada à diretoria e aos jogadores. Abel Braga, por exemplo, nunca escondeu ser fã do treinador. Os treinos costumam ser intensos e exigir bastante do elenco. Isso reforça a confiança de que os resultados vão acontecer.
- O grupo continua firme a acredita no treinador. O Barbieri tem um lado tático, de conhecimento, muito bom. Mas o lado humano dele é fantástico. Eu acredito muito nisso. Na minha opinião, não adianta ter a parte tática e não ter a parte humana. E nosso treinador tem isso. Então estamos muito confiantes para a sequência da competição - afirmou o zagueiro Léo na última semana.
Obviamente, os resultados recentes mudaram o ambiente do clube nas últimas semanas. Semblantes mais sérios, como o de Léo na última coletiva, tomaram o lugar de sorrisos e brincadeiras. "É momento de fechar a boca e esperar a bola entrar", resumiu uma pessoa dentro do Vasco.
Processo leva tempo
A cobrança do torcedor é por evolução. Afinal, o Vasco repete alguns problemas com o passar dos jogos, como a falta de eficiência. A leitura de que falta repertório ofensivo ao time, por exemplo, não é compartilhada pelo treinador. A diretoria acredita que o processo leva tempo.
E o Vasco é um caso à parte em 2023. Com a chegada da SAF, o clube aposta num planejamento a médio e longo prazo. A mudança de cultura inclui dar tempo ao treinador, e a análise do trabalho tem que levar em conta as circunstâncias das transformações vividas pelo time na temporada.
No ano passado, ainda com a associação à frente do futebol, o Vasco suportou a pressão pela saída de Zé Ricardo após três empates e pouca evolução nas três primeiras rodadas da Série B. Mesmo sem um futebol vistoso, o técnico conseguiu se firmar na sequência do campeonato, antes de receber proposta do Japão e deixar o clube. Agora com a SAF, a confiança no processo é ainda maior.
Elenco vai mudar
Parte do processo é a formação de um elenco competitivo. O Vasco investiu mais de R$ 110 milhões na primeira janela, mas não conseguiu suprir todas as necessidades do elenco. Assim, a diretoria ainda aposta que a chegada de reforços em julho vai impulsionar o trabalho de Barbieri.
Hoje, o elenco conta com muitos jogadores da base - jovens e sem experiência na Série A. Isso, é claro, não facilita o trabalho de Barbieri. No último sábado, o técnico mandou a campo quatro crias como titulares do meio para a frente, justamente setores onde o Vasco tem tido dificuldades.
Dos 10 meio-campistas do elenco atual, cinco foram formados na base do Vasco. Ainda tem De Lucca (lesionado), Mateus Carvalho (com apenas 21 anos, foi contratado junto ao Náutico também como aposta), Zé Gabriel (não é relacionado há mais de 100 dias), Carabajal (contratado para compor elenco) e Jair (único reforço mais experiente e contratado para ser titular).
A diretoria já identificou as carências e está no mercado em busca de opções. O entendimento é que o time precisa de reforços experientes e de um nível acima, com status de titular. O obstáculo é o dinheiro para investimento, já que o próximo aporte da 777 só cai depois do fechamento da janela.
Nesta segunda-feira, o departamento se reunirá mais uma vez, como de praxe, para planejar a semana do Vasco. Maurício Barbieri terá outra semana cheia para buscar soluções antes do jogo contra o Fortaleza, no próximo sábado, às 16h, no Castelão. Uma mudança no time é certa: Pedro Raul recebeu o terceiro cartão amarelo e não está à disposição do treinador.
Fonte: ge