O jejum e o frango
Nos bate-papos dos ex-craques no Maracanã, duas histórias se destacaram entre as que envolviam o Vasco. A primeira delas, contada pelo ex-zagueiro Alcir Portela, lembra um jejum de 12 anos sem títulos, que amargurou os cruzmaltinos.
- Fiquei de 58 a 70 anos sem ganhar nada. Quando fomos campeões em 1970, eu saí andando do Maracanã até São Januário para cumprir uma promessa que fiz à Nossa Senhora das Vitórias, a padroeira do Vasco. Éramos apaixonados por futebol - contou Alcir, saudosista.
Na ocasião, Vasco foi campeão antecipado ao bater o Botafogo por 2 a 1, no campeonato que sucedeu o tricampeonato da Seleção no México. A conquista anterior do clube, curiosamente, havia sido 12 anos antes, quando o Brasil havia vencido a sua primeira Copa do Mundo, a da Suécia, em 1958. O Carioca desse ano é considerado como o mais emocionante da história, por ter necessitado de dois turnos extras até que o Vasco superasse o favorito Botafogo e o Flamengo.
Outra história, bem mais triste para os vascaínos, aconteceu em 1964, num clássico entre Vasco e Flamengo. O rubro-negro Nelsinho, da intermediária, arriscou um chute, mas bateu fraco na bola. O goleiro Marcelo, no entanto, levou um dos mais famosos frangos do Maracanã.
- Eu chutei e virei até de costas porque não peguei bem. Nem vi o gol, só fui ver depois, no videoteipe. A bola nem tocou na rede de tão fraca que foi - contou.
- Ele apanhou do treinador no vestiário - acrescentou Carlos Alberto Torres.
- Não chegou a apanhar não - corrigiu Alcir Portela.
- Mas nunca mais jogou futebol - completou o autor do gol.
De fato, Marcelo encerrou ali sua carreira. Após o frango, o goleiro não teve mais condições psicológicas para continuar em campo. Encostado na trave, chorava, enquanto ouvia as vaias da torcida do Vasco. Tremendo, foi caminhando em direção ao túnel que dá nos vestiários do Maracanã em imagem que marcou época. As vaias foram trocadas por aplausos de todo o estádio, comovido. Mas o apelo de rubro-negros e vascaínos não foi suficiente para curar o trauma de Marcelo, que nunca mais jogou futebol profissionalmente.
Fatos curiosos à parte, é impossível lembrar do Vasco no Carioca sem citar o glorioso Expresso da Vitória, que entre 1945 e 1952 venceu cinco vezes o campeonato - 45, 47, 49, 50 e 52, sendo os de 45 e 49 de forma invicta. Apesar de ter sido o melhor time da história do clube, tendo Ademir Menezes como principal nome, o único tricampeonato estadual cruzmaltino foi conquistado entre 1992 e 1994.
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