O clássico da ressurreição

Ironia do destino ou não, Fluminense e Vasco, times que durante todo o Brasileiro não conseguiram sair da parte de baixo da tabela, se enfrentam hoje, Dia de Finados, às 19h10, no Maracanã, buscando a chance de reabilitação na competição. De um lado, o time das Laranjeiras deu mostras de que quer tirar o pé da cova e está fora da zona de rebaixamento com um jogo a menos.

Já oVasco vê a luz no fim do túnel ficar cada vez mais distante, mas mantém a esperança viva.

Artilheiro do Fluminense no Brasileiro com 18 gols,Washington não quer ser rotulado como o possível matador em campo. Ou, muito menos, o responsável por enterrar os vascaínos.

– Não me considero um matador, mas trabalho para ajudar os meus companheiros dentro de campo. Não existe essa coisa de enterrar o Vasco.

Ainda faltam muitas rodadas e o time deles já mostrou que é guerreiro – finalizou o atacante, que marcou dois gols no empate por 3 a 3 no primeiro turno.

Com apenas 18 anos, Alex Teixeira dá mostras de que não tem medo de assombração ao afirmar que os jogadores do Vasco vão buscar a vitória mesmo com três desfalques, entre eles Leandro Amaral e Edmundo, principais nomes do grupo.

– Estamos motivados e não tem essa de Dia de Finados para segurar a gente. Vamos jogar para a frente, para buscar os três pontos. Quem joga no Vasco não pode ficar preocupado com pressão. Os jogadores convivem com isso desde as categorias de base e é uma coisa normal – disse.

Se os vascaínos estão motivados, os tricolores têm motivos de sobra para comemorar antecipadamente.

No retrospecto recente próximo da data é o time das Laranjeiras que se dá melhor. Foram quatro vitórias, três empates e apenas uma derrota, contra cinco derrotas, um empate e apenas duas vitórias do Vasco. Para Thiago Silva, porém, isso não ajuda dentro de campo.

– Para mim, retrospecto não significa nada e não entra em campo. O time deles está em uma situação pior do que a nossa, mas na hora em que o árbitro apitar serão 11 contra 11 – definiu o zagueiro.



O dia não é de comemoração. Em 2 de novembro, data em que se comemora Finados, o clima é de nostalgia.

Lembranças de bons tempos são comuns além de muita saudade. Com esses sentimentos, Fluminense e Vasco entrarão em campo hoje no clássico do Maracanã. A inspiração no passado é o combustível para não serem enterrados no Campeonato Brasileiro.

Os dois times não corresponderam durante a competição e nada como um confronto tradicional para tirar o pé da cova e ressuscitar. O Fluminense tem situação mais tranqüila, com 34 pontos e um jogo a menos, está a um ponto da zona de rebaixamento. Já o Vasco é apenas o penúltimo colocado, com 31, e vem sem quatro jogadores considerados titulares. Edmundo, Fernando,Valmir e Leandro Amaral foram vetados. Mas o lado sombrio do Gigante da Colina não tira o sono do coveiro Thiago de Oliveira, conhecido como Dó, no cemitério de Inhaúma, onde trabalha desde menino.

– O Vasco não terá dó do Fluminense (risos). O Vasco vai enterrar eles. Enterrar o Tricolorzinho, que já foi duas vezes para a Segunda Divisão e uma para a Terceira e vai voltar – provocou o rapaz de 24 anos.

Thiago não terá pena nem mesmo do pai, Jorge Rodrigues, de 55 anos, também coveiro do cemitério desde 1977. Jorge rebateu as provocações do filho e, sempre acostumado a apostar em jogos do Fluminense, não teve dúvida ao apontar o motivo pelo qual acredita que o Tricolor desligará os aparelhos do Gigante da Colina e o matará no domingo.

– Todo o time do Vasco está mortinho. E o Washington vai afundar o Vasco. Quero enterrar o Vasco com muito prazer – rebateu o coveiro experiente.

Brincadeiras à parte, Fluminense e Vasco terão hoje, no Maracanã, a oportunidade de reagir e voltar a respirar no Campeonato Brasileiro, sonhando ainda com vida longa na Primeira Divisão.