Futebol

Novo palco de clássicos no Rio, Raulino apresenta pontos cegos

O clássico entre Botafogo e Fluminense em Volta Redonda pela decisão da Taça Rio, que determinou o fim do Carioca com a conquista do alvinegro no último domingo, ratificou o Estádio Raulino de Oliveira como a nova casa do futebol carioca após o fechamento do Engenhão por problemas estruturais.

Sem o Maracanã e com o estádio do Botafogo interditado, o Raulino recebeu 11 partidas de times grandes desde 26 de março – data do fechamento do Engenhão. E apesar de apresentar bom funcionamento e conforto para alguns torcedores e profissionais, o local foi reprovado em alguns testes.

Com riscos de superlotação e centenas de “pontos cegos” – lugares que os torcedores não conseguem enxergar 100% do campo de jogo – a nova casa dos torcedores cariocas ainda precisa de ajustes.

No clássico decisivo do último domingo, roletas repetiram problemas de leituras de ingressos e possibilitaram que torcedores comprassem bilhetes para um setor do estádio e entrassem pela parte rival. O fato causou enorme preocupação à Polícia Militar.

“Foi um risco muito grande. É o típico caso que ocorre a superlotação e não temos o que fazer. A tática utilizada foi ficar em silêncio e não informar que estes ingressos estavam disponíveis. Se os botafoguenses comprassem os dois mil ingressos que restaram do lado do Fluminense, conseguiriam entrar pelo outro lado. A situação poderia ser caótica. É preciso corrigir isso rapidamente para futuros jogos de estádio dividido e cheio [clássicos]”, relatou o comandante do Grupamento Especial de Policiamentos de Estádios (Gepe), o tenente-coronel João Fiorentini.

Ainda assim, pouco mais de 100 torcedores do Botafogo conseguiram realizar tal prática. “Foram poucos e conseguimos ordenar a entrada no estádio”, completou o responsável do Gepe.

Se muitos conseguiram entrar com tranquilidade, a mesma facilidade não foi encontrada na hora de assistir ao jogo. Com grades, placas de publicidade e inúmeros obstáculos visuais, centenas de torcedores que se acomodaram nos dois primeiros degraus não tinham uma visão completa do campo. A situação formou os tão criticados “pontos cegos”, proibidos pela Fifa nos novos estádios.

Pontos positivos

E apesar de algumas reprovações, nem tudo foi avaliado de maneira negativa no estádio. Mesmo com um espaço reduzido – capacidade para 20 mil pessoas – se comparado aos outros palcos cariocas, o estádio de Volta Redonda foi elogiado por equipes, profissionais e parte do público.

Na parte social, cadeiras confortáveis, banheiros limpos e um saguão muito bem organizado chamaram a atenção. Nas arquibancadas, boa parte do público elogiava os acessos, banheiros e ambulantes no local.

“Estou aqui pela primeira vez e confesso que fiquei surpreendido com algumas coisas. Funcionários atenciosos, vendedores por todas as partes e acesso tranquilo. É menor, mas bem melhor que Engenhão e São Januário em muitos aspectos”, comentou o estudante tricolor Thiago Carneiro, de 24 anos.

Outro ponto que chamou a atenção em Volta Redonda foi o trabalho desenvolvido no local em dias sem jogos. Com inúmeras salas e consultórios, o estádio da Cidadania, como também é chamado, atende à população local com serviços de saúde e educação. Dentistas, oftalmologistas e até um curso técnico estão à disposição de moradores de Volta Redonda.

Para corrigir alguns erros e valorizar suas boas credenciais, o estádio Raulino de Oliveira torce para aumentar o número de jogos e manter o título de “casa do futebol carioca” durante o Campeonato Brasileiro. Com impasses envolvendo Maracanã e Engenhão, o local disputa com Macaé e cidades próximas ao estado do Rio de Janeiro a preferência de Botafogo, Fluminense e Flamengo.

Fonte: Uol