Nova permissão do Maracanã manda priorizar futebol e vôlei
Espécie de edital para empresas que venham a querer gerir o estádio assim que a atual concessão for suspensa, o Termo de Referência para Permissão de Uso do Maracanã, demonstra uma clara priorização do papel esportivo e histórico do complexo. O que pode vir a ser um problema para quem quer que se candidate.
Não há preferência por um ou outro clube na relação comercial, o que significa que os acordos de uso não vão poder levar em consideração as diferenças inerentes às torcidas de Flamengo, Fluminense e Vasco. O lado bom é que situações como as que foram vistas no Vasco e Fluminense da final da Taça Guanabara tendem a cessar.
Embora caiba à futura permissionária a obrigação de realizar "o maior número de eventos possível", conforme o documento assinado pelo secretário estadual de Esporte e Lazer, Felipe Bornier, as "disposições finais" ressaltam que "a realização de eventos não deverá conflitar, impactar ou inviabilizar o calendário de eventos do futebol no Maracanã e do voleibol no Maracanãzinho".
Tudo isso soa muito bom para o futebol. O problema é que não se repassa um mastodonte à iniciativa privada sem que haja flexibilidade para realização de negócios. Sem isso, o estádio corre o risco de voltar a pertencer a um estado que não goza de abundância de recursos. E a primeira dificuldade que surge é com o verbo "impactar".
É sabido que a produção de eventos no Maracanã não fecha a conta do estádio. Conforme revelou o repórter Rodrigo Capelo, do GloboEsporte.com, a concessão gera R$ 247 milhões de prejuízo para a Maracanã S/A desde 2013, quando a concessão começou. Em 2017, ano do último balanço publicado, as contas foram fechadas num saldo negativo de R$ 26 milhões, o mais baixo em quatro anos -- o de 2018 só será publicado ao fim do mês. Um show como o da banda Los Hermanos não acontece sem detonar o gramado, cuja responsabilidade permanecerá com a iniciativa privada.
Neste mesmo parágrafo, o vôlei também parece ter ganhado força dentro da Secretaria de Esportes. A pergunta que surge é: se a ideia é dar preferência ao uso esportivo, por que o calendário do vôlei é privilegiado, e o do basquete não? Não foram poucas vezes em que o basquete do Rio se viu desalojado tanto no Estadual quanto no NBB.
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