Futebol

No xadrez da Copa do Brasil, "torres" são a segurança da defesa

No futebol, o imponderável circula livremente em campo. Assim favoritos caem e pequenos vencem os grandes. Para confirmar seu favoritismo e não ser derrubado por um time de médio porte, o Vasco enfrenta o Avaí, hoje, às 21h50m, em São Januário, sem dar espaço ao acaso.

Avançar pela segunda vez na história à final da Copa do Brasil vai depender da estratégia, nos moldes de uma partida de xadrez, como alertou o meia Felipe.

A inteligência na movimentação das peças tem que ser usada para o que há de mais básico no futebol: fazer gols e tomar o mínimo possível. No caso da competição, melhor que seja nenhum.

Afinal, o gol fora de casa é critério de desempate em caso de igualdade no saldo das duas partidas.

— É um jogo diferente do que estamos acostumados. Jogamos sempre o segundo jogo em casa. O mais importante é não tomar gol em casa, achar o equilíbrio entre atacar e defender — ensinou o meia.

Contra o Avaí, que se destaca pelo conjunto na opinião de Ricardo Gomes e pelos bons jogadores de meiocampo, além de ter derrubado grandes equipes como Botafogo e São Paulo, o Vasco aposta na harmonia das suas peças pretas e brancas. A começar pelas “torres”, ou melhor, a dupla de zaga Dedé e Anderson Martins, eleita a melhor do Carioca.

— Eles se completam. Individualmente são excelentes jogadores. Na zaga tem muito isso. Existe essa cumplicidade, complementaridade de técnicas e qualidades. Isso acontece com eles. É impressionante como eles têm a força física e a qualidade técnica — elogiou o técnico Ricardo Gomes.

Jumar tem chance como titular

Na comparação feita por Felipe, a paciência exigida pelo xadrez será a mesma que o Vasco precisará ter para não dar um passo em falso na ânsia de marcar o gol. Na linguagem de ambos os esportes, tomar o território do adversário é a solução. Quem poderá ajudar nesta função é o novo “peão” do time. Jumar herdou a posição de Rômulo, machucado, e do substituto direto Eduardo Costa, suspenso.

O volante sabe que terá de encaixar no time mesmo com o pouco tempo de treino. No ano, ele atuou como titular apenas contra o Náutico, na partida de volta.

Jumar deve ser a única peça realmente nova em campo. Apesar de ter feito treino específico na segunda-feira, Ramon, que estava suspenso e não jogou a segunda partida contra o Atlético-PR, deve voltar à lateral esquerda.

No único confronto entre os times em São Januário, o lateral tem a boa lembrança de ter marcado um dos seus oito gols pelo clube no empate em 1 a 1 pelo Brasileiro do ano passado. Com o retorno também de Alecsandro ao ataque, Ricardo Gomes garante que não importam tanto as peças, mas a forma que elas se dispõem na partida.

— O time vem entrando compacto, ainda mais nesses jogos que o adversário corre um pouco mais de risco.

O time está coeso. O time não corre risco e por vezes domina o adversário.

Falta traduzir este domínio em gols, como foi na Baixada (empate em 2 a 2 com o Atlético-PR) — afirmou o treinador.

No tabuleiro vascaíno, entre bispos, torres, peões e cavalos, a coesão do elenco não permite que haja apenas uma “rainha”, peça mais valiosa do jogo de xadrez, que pode se movimentar em quase todas as direções.

Candidatos são vários, como Felipe, Diego Souza, Bernardo ou Alecsandro, por exemplo. Ninguém, no entanto, parece dar importância a tal status. Afinal, qualquer peça tem a capacidade de derrubar o rei e garantir a vitória no jogo.

— Quando você monta uma equipe, a não ser que você tenha um grande investimento, se pensa no coletivo primeiro. Antes do título não vai ter individualidades. O time foi baseado no coletivo, não tem estrela. Já vi grupos vitoriosos que nasceram sem um jogador principal. Aqui, tem grandes jogadores, que já se destacaram.

Mas não um principal — admitiu Ricardo Gomes.

Com São Januário completamente lotado — todos os ingressos já foram vendidos —, o Vasco quer dar ao menos o xeque em casa. Xeque-mate somente no tabuleiro da Ressacada.

Vasco: Fernando Prass, Allan, Dedé, Anderson Martins e Ramon (Márcio Careca); Jumar, Fellipe Bastos, Felipe e Diego Souza; Éder Luís e Alecsandro.

Avaí: Renan; Gustavo Bastos, Bruno e Revson; Felipe, Acleisson, Marcinho Guerreiro, Marquinhos Santos e Julinho; Marquinhos Gabriel e William.

Juiz: Wilson Luiz Seneme (SP).

Fonte: Jornal O Globo