Futebol

Nilton: "Sabíamos que pegaríamos um time de excelente qualidade"

Atlético-MG e Vasco entraram no gramado do Independência neste domingo como líder e vice, respectivamente, separados por apenas um ponto. Agora, a distância é de quatro e pode aumentar, já que os mineiros têm um jogo a menos na tabela por conta do adiamento do confronto com o Flamengo. A vitória por 1 a 0 veio com gol de Jô e ótima atuação de Ronaldinho Gaúcho no segundo tempo. Foi a primeira derrota do Vasco fora de casa no Brasileiro. E, para piorar a vida dos cruz-maltinos, o Fluminense, que enfrenta o Palmeiras neste domingo, pode assumir a segunda colocação se vencer o Palmeiras no Engenhão.

Não bastasse a possibilidade de perda de posições na tabela, Fernando Prass viu extinta a chance de bater a marca de Acácio, que ficou nove jogos sem sofrer gols pelo Vasco - o atual goleiro completaria oito jogos neste domingo se não tivesse sido vencido por Jô. O recorde no Brasileiro é do Palmeiras, que ficou dez partidas sem ser vazado em 1973. Na próxima rodada, o Vasco pegará o Coritiba, quinta-feira, em São Januário, enquanto o Atlético-MG vai encarar o Atlético-GO no Serra Dourada, na quarta.

O volante Nílton reconheceu a superioridade do rival:

- Infelizmente, sabíamos que encontraríamos uma equipe de excelente qualidade. Conseguiram impor um ritmo forte e não apresentamos o futebol que queríamos. O Atlético foi superior e mereceu a vitória.

Leonardo Silva, por sua vez, destacou o profissionalismo da equipe.

- Essa liderança representa a união do grupo. Quando a gente entra em campo, tem de esquecer tudo. Entrou aqui é uma guerra e a gente tem conseguido vencer as batalhas.

Separados por apenas um ponto na tabela antes do apito incial, líder e vice entraram em campo respaldados por sólidos retrospectos. O time da casa, até então, vencera seis partidas e empatara uma atuando em seu território. A equipe da Colina, por sua vez, sustentava a invencibilidade fora do Rio, com três empates e quatro vitórias longe de São Januário.

Confusão no Galo não influencia desempenho

Os mineiros, porém, viveram momentos de tensão antes do confronto. O presidente do clube, Alexandre Kalil, foi à concentração cobrar o elenco e acabou se desentendendo com a estrela da companhia, Ronaldinho Gaúcho. Chegou a ser especulado que o camisa 49 estaria fora da partida por ordem do mandatário, mas a escalação do Atlético-MG acabou sendo confirmada com força máxima. E o craque acabou sendo decisivo, com a jogada para o gol de Jô. O técnico Cuca minimizou o episódio na concentração.

- É um jogo do primeiro contra o segundo, então de caráter decisivo em uma competição por pontos corridos. O time está mobilizado, focado, vocês vão ver a resposta dentro do campo - afirmou.

E a resposta não tardou. O jogo começou quente no Independência, com o líder partindo com tudo. Antes do primeiro minuto, Fernando Prass foi obrigado a sair de soco do gol e, na sequência, em lance semelhante, a bola chegou à área pelo alto, em lançamento partindo quase da linha central, pelo lado esquerdo. Jô tentou da marca do pênalti, mas Dedé bloqueou. Na sobra, Guilherme completou para fora. O Vasco, contudo, suportou bem a pressão inicial mas a preocupação aumentou pouco depois, quando Eder Luís teve de deixar o gramado de maca, sentindo as costas. William Barbio iniciou o aquecimento, mas o titular acabou retornando ao campo.

O Atlético-MG seguiu dominando as ações, com bom toque de bola que obrigava a organizada defesa cruzmaltina - que àquela altura estava há sete jogos sem ser vazada - a se deslocar mais do que o habitual e, portanto, ceder espaços. No ataque, os cariocas não conseguiam a mesma consistência. Além de uma cobrança de escanteio de Juninho Pernambucano, que por pouco não terminou em gol de Douglas, o time pouco produziu do meio para frente nos primeiros 15 minutos.

Os mineiros tiveram mais uma grande chance aos 17. Marcos Rocha deu para Bernard, que achou Jô livre na entrada da área. A finalização, contudo, foi sem direção. No lance seguinte, Bernard escapou sozinho e caiu diante de Auremir. Torcida, jogador e o técnico Cuca reclamaram muito, mas o juiz mandou seguir. O treinador chegou a ser advertido pela arbitragem e, nos minutos seguintes, se sentou no banco, deixando um de seus auxiliares passar as instruções à equipe.

Vasco tenta explorar o contra-ataque

Sem volume de jogo, o Vasco aguardava para partir em contra-ataques com Eder Luis pela direita ou Carlos Alberto pela esquerda, mas a zaga do Atlético-MG se mostrava atenta e levava a melhor. Aos 31, os cruz-maltinos tiveram a melhor chance. Carlos Alberto recebeu na ponta esquerda, limpou dois marcadores e bateu para o gol. Réver bloqueou o chute com o corpo, os vascaínos pediram toque de mão, mas a arbitragem ignorou e mandou seguir.

Aos 39 minutos, em cobrança de escanteio, Leonardo Silva cabeceou sozinho para grande defesa de Prass. Na sobra, Jô empurrou para a rede, mas estava impedido. Por pouco, não foi encerrada a invencibilidade do goleiro vascaíno. Ainda houve tempo, já nos acréscimos, para Guilherme achar Bernard sozinho na área, mas a zaga chegou em cima e conseguiu o corte providencial.

Para o segundo tempo, o Galo voltou inalterado, mas o Vasco mexeu no ataque. Cristóvão Borges sacou Eder Luis, inoperante na etapa inicial, e colocou Tenório para atuar ao lado de Alecsandro. E, logo no primeiro minuto, o equatoriano passou em velocidade por Réver na esquerda e cruzou rasteiro para Alecsandro, que, pressionado, não conseguiu concluir. Um minuto depois, foi a vez de Guilherme avançar livre pela direita e finalizar para fora, com Bernard sozinho na pequena área reclamando de braços abertos.

Ronaldinho Gaúcho, até então discreto, aparece para decidir

Aos 8 minutos, Ronaldinho, que participava da distribuição do jogo mas longe de ser decisivo, deu passe de craque para Bernard que cruzou para desvio de Fernando Prass. No rebote, Marcos Rocha pegou mal na bola. O time mineiro seguiu dominando as ações, com bom toque de bola, mas ainda pecando nas finalizações. Foram diversos lances em que boas tabelas dos atleticanos terminavam em falha sutil no último passe, permitindo a recuperação da defesa rival. Aos 15, Bernard teve nova chance ao receber grande bola de Guilherme, mas a conclusão novamente foi ruim. Cuca então tirou Guilherme para a entrada de Escudero, sua primeira modificação na equipe. Pouco depois, Cristóvão tirou Carlos Alberto para a entrada de Fellipe Bastos.

Aos 20 minutos, Prass fez por merecer a invencibilidade, em nova defesa difícil em cobrança de falta de Ronaldinho Gaúcho. Aos 24, porém, a invencibilidade caiu. Ronaldinho driblou o marcador e cruzou. Prass desviou parcialmente, mas Jô, de cabeça, enfim conseguiu empurrar para a rede: 1 a 0. Minutos depois, Tenório, que entrara no intervalo, sentiu uma contusão e teve de ser substituído por William Barbio. E, aos 28, Prass seria novamente exigido por Ronaldinho, em nova cobrança venenosa de falta. Aos 35, Juninho Pernambucano tentou também incomodar Victor, mas mandou para fora.

O Atlético-MG seguiu dominando a partida até os minutos finais com os vascaínos limitados a algumas tentativas de contra-ataque enquanto a torcida rival reverenciava Ronaldinho Gaúcho. Com 12 vitórias em 15 jogos, o Galo é líder cada vez mais isolado no Campeonato Brasileiro.

Fonte: ge