Nenê vira sensação ao levar o filho no livro do gamer Rezende Evil
O burburinho da multidão infantil começou como um sussurro:
- É ele?
- Ele chegou?
Eram três horas da tarde e quase mil pessoas já se imprensavam nos escaninhos da livraria no shopping na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Celulares e tabletes se erguiam na multidão em busca de uma imagem:
- Ele tá ali - dizia um menina.
- Ele vai passar por aqui? - perguntava uma menina.
E então, do meio da multidão, se destacou o melhor jogador do futebol carioca na atualidade. Era ele, Nenê, camisa 10 do Vasco, no meio da multidão, tirando fotos, dando autógrafos. Mas também não era ele.
- Ah, é só o Nenê do Vasco - comentou o menino baixando o celular
- Sai fora, Nenê - desdenhou outro.
- Vai ser campeão, hein, Nenê - atalhou um terceiro.
O melhor jogador do futebol carioca ali era secundário. A estrela era outra - e para ela um cercadinho tinha sido preparado. Pais, mães, tias e avós tentavam demarcar um espaço. Uma massa humana se aglomerava e tentava se organizar numa fila. O direito de entrar nessa fila não era para todos. Só podia entrar nela quem tinha a senha distribuída em forma de fitinha amarela. Com ela, e só com ela, seria possível para ter direito à assinatura de Pedro Rezende, ou Rezende Evil, 19 anos, youtuber, gamer, minecrafteiro, autor de dois livros - o segundo dos quais, "De volta ao jogo" era objeto a ser autografado neste evento.
Nenê tinha ido levar o filho - mas chegou muito cedo. Não teve como esperar a chegada do astro da noite. Foi reconhecido, tirou fotos, ouviu vaias, brincou, levou na esportiva. Enquanto seguia para o treino da tarde em São Januário, os gritos se avolumavam:
- Rezende! Rezende!
A quantidade de gente tinha complicado a vida dos organizadores da tarde de autógrafos - e atrasava o início do evento. Rezende teve que entrar pelos fundos da livraria - e um cordão de isolamento foi criado. O evento estava marcado para 15h. A multidão tomava a livraria desde cedo.
- Cheguei às cinco da manhã pra pegar senha - disse uma mãe.
- Eu vim de Maricá e já tinha acabado - disse outra.
A massa humana se imprensava entre as estantes da livraria Os seguranças faziam cordão de isolamento. A densidade demográfica era alta - assim como a estridência das vozes e o nervosismo dos fãs mirins. Uma porta no fundo se abriu. Não era Rezende.
- Meu coração veio na boca, velho - comentou o menino de celular em punho.
Quando Rezende enfim adentrou o gramado - ou o cercado - eram quase 16h. O delírio foi impressionante. Gritos, aplausos, pedidos - e a alegria de quem conseguia adentrar o pequeno cercado para ter 30 segundos com o jovem de 19 anos... 30 segundos, um abraço, uma foto, um autógrafo, uma assinatura. Atrás da aglomeração, com o rosto afundado no ombro da avó, a pequena Helena, de nove anos, chorava. Ela saiu da Penha - cedo - mas não conseguiu senha. Não conseguiria ter seus 30 segundos, nem falar de seu canal no youtube para o ídolo. A avó a consolava.
- Vai ter outra vez, minha querida.
Outro pai usava um argumento futebolístico para driblar a tristeza do filho:
- Pelo menos a gente tirou foto com o Nenê...
- Ele faz o quê pai?
- Ele joga no Vasco.
- Ah...
A essa altura, Nenê já treinava em São Januário.
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