Futebol

Nenê, atacante do PSG, torce pelo título brasileiro do Vasco

O filme preferido de Anderson Luís de Carvalho, o Nenê, é O colecionador de ossos, com Denzel Washington e Angelina Jolie. O título — não o enredo — tem tudo a ver com a carreira do paulista de Jundiaí. Parceiro de Robinho e Diego nos tempos de Santos, o meia-atacante do Paris Saint-Germain já amargou rebaixamentos no Palmeiras e no Alavés, da Espanha, chegou a deixar o Monaco por divergências com o técnico Ricardo Gomes, atualmente no Vasco, e só foi convocado para defender a Seleção Olímpica, em 2003, às vésperas das Eliminatórias para os Jogos de Atenas-2004. Cansado de esperar por uma chance na principal, o melhor jogador brasileiro em atividade na França só quer saber agora do filé. Aos 30 anos, está decidido a aguardar por um chamado de Mano Menezes até 2013. Se a tão sonhada convocação não ocorrer até lá, Nenê pode se render ao sonho do técnico gaulês Laurent Blanc de vê-lo jogando a Copa de 2014, no Brasil, com a camisa dos campeões mundiais de 1998.

Gonzalo Fuentes/Reuters
Quem é ele
Nome: Anderson Luís de Carvalho
Nascimento: 19/7/1981
Local: Jundiaí (SP)
Altura: 1,81m
Peso: 73kg
Posição: meia-atacante
Clube atual: Paris Saint-Germain
Clubes anteriores: Paulista
(1999-2001), Palmeiras (2001-2002), Santos (2002-2003),
Mallorca-ESP (2003-2004), Alavés-ESP (2004-2006), Celta-ESP (2006-2007), Monaco-FRA (2007-2010), Espanyol-ESP (2008-2009) e Seleção Brasileira olímpica (2003)


Quais são as lembranças de Jundiaí e do Paulista?
Foi ali que tudo começou. É o clube da minha cidade, onde mora a minha família, os meus pais. Foram anos maravilhosos defendendo o Paulista. Eu comecei tarde no futebol porque joguei futsal até os 17 anos, mas é o clube que mora no meu coração pelo fato de ter me aprovado na peneira.

Aí você chamou a atenção do Palmeiras...
É verdade. Fui jogar lá por empréstimo. Foram dois anos maravilhosos, eu ganhei bastante experiência, mas infelizmente a última lembrança foi muito ruim. Fui rebaixado para a Segunda Divisão no Palmeiras.

A volta por cima foi em um Santos fantástico...
Eu tive o privilégio de jogar com craques que, como eu, estavam despontando no Brasil, como o Robinho, o Diego e o próprio Elano. Não conquistamos o bi brasileiro porque o Cruzeiro tinha um timaço no primeiro campeonato por pontos corridos, tanto que nós fomos vice com não sei quantos pontos atrás deles (risos).

Foi uma boa sair logo em seguida para a Europa?
Eu reconheço que poderia ter esperado um pouco, até mesmo para aparecer mais no futebol brasileiro, mas aí surgiu a oportunidade de jogar no Mallorca. Eu não me arrependo. Evoluí muito fisicamente e taticamente aqui na Europa, tanto no Mallorca quanto no Alavés e no Celta. Se hoje estou bem aqui , na França, foi por causa daquela base que eu tive na Espanha.

O Monaco tirou você do futebol espanhol por 7 milhões de euros...
Sim, mas eu retribuí (risos). Nos primeiros jogos, eu lembro que fiz nove gols em 10 partidas.

O Ricardo Gomes pediu a sua contratação, mas depois vocês se desentenderam e você deixou o Monaco. O que houve?
Isso é passado... A divergência não foi pessoal, mas sim profissional. Eu sempre quero jogar e no Monaco foi diferente na época dele. O Ricardo Gomes variava bastante a escalação do time e eu deixei de ter uma sequência. Aquilo estava sendo ruim pra mim, mas ele entendeu.

Você tem mágoa do Ricardo Gomes?
De forma alguma. A prova disso é que ele pediu a minha contratação quando assumiu o São Paulo. Ele chegou a falar comigo, mas infelizmente não deu certo. Eu acompanho o trabalho dele no Vasco, vi o que aconteceu tanto no São Paulo quanto no Vasco com a saúde dele e estou feliz por ele estar recuperado. Ninguém merece mais esse título brasileiro do que ele e eu estou na torcida.


Quais técnicos foram fundamentais na sua carreira aí na Europa?
Um deles foi (Luis) Aragonés, técnico da Espanha no título da Euro de 2008. Aprendi muito com ele no Mallorca. Os outros são o argentino Mauricio Pochettino, com quem eu trabalhei no Espanyol, e o próprio Ricardo Gomes.

Você disputou seis partidas pela Seleção olímpica do Ricardo Gomes. Quais são as lembranças?
A melhor delas foi o gol que eu fiz contra o Egito, em um empate por 1 x 1. A mais triste é a ausência no Pré-Olímpico de 2004. Os clubes estrangeiros não quiseram me liberar. Nem eu nem o Kaká nem o Julio Baptista. O Brasil ficou fora dos Jogos de Atenas (2004).

O fato de você jamais ter defendido a principal motiva a França a querer naturalizá-lo?
Quero disputar a Copa do Mundo de 2014 pelo meu país, o Brasil, mas se isso não for possível, posso pensar futuramente no assunto. Hoje, a prioridade é a Seleção.

Até quando pretende esperar?
Talvez, até 2013, um ano antes da Copa, mas repito: o meu sonho no momento é defender o Brasil.

Esperava ser chamado pelo Mano para enfrentar a França no início do ano?
Sim, esperava, e até embarquei na entrevista que ele deu (ao L’Équipe) elogiando a minha boa fase no Paris Saint-Germain, mas não fui chamado. Então, o que me resta é esperar.

Esta é a sua segunda temporada com a camisa do Paris Saint-Germain, e o clube vive uma ótima fase financeira depois de ser comprado pelos xeques. Qual é o projeto dos árabes para o PSG?
Eles querem muito voltar a disputar a Liga dos Campeões, mas o primeiro passo é ganhar o Campeonato Francês. O clube está em jejum há 17 temporadas.

Aqui no Brasil, se um time grande fica 17 anos sem título nacional a pressão é enorme...
Aqui também, mas por incrível que pareça a pressão é muito mais por parte da imprensa do que da torcida do Paris Saint-Germain. Eles são até pacientes.

O Leonardo tem um papel fundamental neste renascimento do PSG...
Sim, é um cara que, acima de tudo, vestiu a camisa do Paris Saint-Germain, conhece os bastidores do clube e se relaciona muito bem no mundo do futebol. O início do trabalho dele tem sido muito positivo.

E você veste a camisa 10 que já foi do Ronaldinho Gaúcho e do próprio Raí...
Só tem craque, hein (risos). Eu estava pensando e cheguei à conclusão de que a minha responsabilidade é muito grande de usar a 10. Querendo ou não, é um legado que esses caras todos deixaram.

O que dizem do Neymar aí na França?
Ele já é muito comentado aqui, principalmente entre os jogadores. O Pastore (meia argentino) e o Lugano (zagueiro uruguaio) brincaram: “Você viu o o que o Neymar fez no fim de semana?” Tomei um susto e aproveitei para encher ainda mais a bola dele dizendo que o cara é forte.

Fonte: Superesportes