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Negociações são para mais um ano, diz Eduardo Machado

Nas areias da Praia da Barra, os jogadores do Vasco voltaram a suar a fim de manter o time nas primeiras colocações do Brasileiro. Nesta terça-feira, eles cumpriram o cronograma de treinos físicos, bastante pesados, sem reclamar. Já o clube voltou a descumprir com as suas obrigações e a insatisfação é exposta sem temor assim que o trabalho acaba. Com dois meses de salários atrasados, o time vive novamente dias de incerteza financeira, que podem levar à perda de alguns jogadores do elenco.

A diretoria afirmou que pretende quitar os vencimentos até sexta-feira. Para isso, precisará de receitas urgentemente. O clube ainda não fechou contrato com novos patrocinadores e a verba trimestral da Eletrobras, patrocinadora master, só será recebida diretamente quando for obtida a certidão negativa de débito. Em ambos os casos, os dirigentes afirmam que estão próximos de acertos. O dinheiro, no entanto, pode vir por empréstimos.

— Em qualquer área, se você não recebe não tem como estar satisfeito. A insatisfação faz parte, estaria mentindo se dissesse que não estou. Procuramos fazer a nossa parte e, modéstia à parte, estamos fazendo bem. Não vai ser por isso que vamos deixar de trabalhar, correr dentro de campo — disse Alecsandro.

Patrocínios em negociação

O mergulho no mar, que alguns deram, pode ter ajudado a relaxar e esquecer momentaneamente o problema financeiro. Mas a frequência dos atrasos salariais não permite total tranquilidade. Há um ano, o time jogou as finais da Copa do Brasil na mesma situação. Com a vaga na Libertadores, a crença do clube era de que novos aportes seriam mais facilmente negociados. O tempo passou e o Vasco voltou a ficar meses com a dívida no início da temporada — os jogadores chegaram a abolir a concentração como forma de protesto. Parte foi paga, mas direitos de imagem e o recolhimento do FGTS continuam atrasados.

— Não tem como mensurar o limite dos jogadores. Depende muito da situação de cada um, que acarreta uma série de problemas fora do campo. Está sendo uma das épocas mais difíceis que estamos vivendo. Mas estou confiante que tudo será resolvido nesses dias antes de voltarmos a jogar e poderemos pensar só no futebol — afirmou o goleiro Fernando Prass, que chegou ao clube em 2009 na Série B.

Dentro do grupo, conversas sobre um possível desmanche do elenco acontece naturalmente. A prioridade do clube é não permitir que isso aconteça e pagar a dívida. Tanto que negociações com novos jogadores está paralisada até a quitação dos salários. Por causa dos contratos que estão para terminar, Éder Luís, Fellipe Bastos, Renato Silva e Fágner são os primeiros da lista. Os três primeiros estão emprestados e seus clubes de origem querem vendê-los. O lateral-direito tem vínculo até dezembro e está em alta no mercado, tendo sido sondado por vários clubes do país. Se o dinheiro não entrar no caixa do clube, será difícil mantê-los.

— O desmanche só acontece se não houver reposição à altura. Se perder dois ou três e conseguir repor a regularidade da equipe continua. Não pode perder muitos jogadores porque para repor no nível que o clube quer precisa de um grande aporte financeiro. É o ônus das boas campanhas que o time vem fazendo e do bom desempenho individual — disse Prass.

Os novos patrocínios pretendidos, sozinhos, não resolveriam toda a questão financeira. Hoje, o Vasco é muito dependente da receita de R$ 16 milhões anuais da Eletrobras — R$ 8 milhões foram liberados pela Justiça para o pagamento dos jogadores e funcionários por meio de ação sindical. No momento, o clube negocia com o Porcão para estampar a marca no peito e com a TIM para a manga da camisa. O mais próximo do acerto é a empresa que ocupará os números ou a barra ou o short dos uniformes por contrato de três anos.

— Todas as negociações são por patrocínios de pelo menos um ano, menos do que isso não aceitamos. Esses contratos quando fechados não vão resolver tudo, mas vão ajudar diretamente — explicou o vice de marketing Eduardo Machado.

Fonte: Globo Online