Futebol

Na prancheta: Análise tática de Vasco x Flamengo

Um Vasco e Flamengo? Na última rodada de um campeonato. Decidindo algo? Simplesmente, um título e uma vaga para o principal torneio continental, a Taça Libertadores da América. De fato, não faltavam bons ingredientes para fazer desse último Clássico dos Milhões do ano, um dos melhores dos últimos tempos.

Com um Engenhão lotado, Vasco e Flamengo não pretendiam, de maneira nenhuma, deixar seus objetivos escaparem pelos dedos. Somava-se a isso o interesse histórico em querer estragar a festa rival, totalmente normal ao calibre de um Vasco e Flamengo.

A disputa maior na partida era a pelo título do campeonato. O Vasco, para isso, precisaria vencer e contemplar de uma derrota do Corinthians em São Paulo, no clássico diante do Palmeiras. Certo é que, das duas, nenhuma aconteceu e o título ficou no Parque São Jorge. Lamentações? Nada, em uma atitude nobre, os vascaínos presentes no estádio festejaram a segunda colocação, como ela, de fato, deve ser festejada, afinal, simboliza um alto nível de qualidade de trabalho.

Já o Flamengo conseguiu, com o empate, os seus dois objetivos da tarde. Primeiramente, se classificou para a Taça Libertadores, e, depois, festejou o infortúnio cruzmaltino. Felizes, os rubro-negros esperam agora não comemorar mais por insucesso alheio, mas por coisas boas vindas da Gávea, o que nesse ano pouco aconteceu.

Sobre a partida, se viu um alto grau de entrega das duas partes. As estratégias eram distintas, porém. Enquanto o Vasco vinha para fazer o seu jogo, que fora constantemente aperfeiçoado e treinado durante o ano, em um 4-3-1-2, o Flamengo se propunha a jogar de forma diferente do que se viu no ano rubro-negro. Para isso, Luxemburgo optou por espelhar o esquema adversário e injetar juventude, velocidade e disposição na equipe. Desse modo, o treinador sacou dos seus inutilizáveis Fierro e Negueba como surpresas.

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A estratégia flamenguista, no entanto, não dera certo, e o time via o Vasco dominar amplamente a primeira etapa, principalmente nas ações de meio de campo, e nas jogadas pelo lado direito vascaíno, com Fágner e Fellipe Bastos. Foi justamente assim, e por isso, que o Vasco saiu vencedor para os vestiários quando o Engenhão ainda cheirava à comemoração de título, mesmo que o Corinthians estava conseguindo um resultado, também, favorável.

Para o segundo tempo, Luxemburgo optou por uma mudança de estratégia: parar de tentar ser algo que nunca foi. Para isso, o treinador colocou em campo Muralha e Deivid. E, dessa forma, o Fla esteve no seu mais usual 4-3-3. O esquema mostrou bom encaixe no 4-3-1-2 vascaíno e fez com que o rubro-negro subisse de produtividade na partida, chegando, inclusive, ao gol de empate.

Não pode ser desconsiderado, de maneira nenhuma, também, que o cansaço vascaíno, vindo de viagem e maratona de jogos, pesou e muito para a queda de produtividade da equipe de São Januário.

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O que estava favorável ficou tenebroso para os cruzmaltinos com o gol flamenguista. E ficou ainda mais tenebroso quando Jumar fora expulso. Aí a coisa se complicou! Tentou o Vasco, de Cristóvão, então buscar em seu forte banco de reservas a solução para a partida. O treinador vascaíno mandou Bernardo, Eduardo Costa e Élton para campo. A situação, porém, não mais se alteraria e o título não rondaria as cercanias de São Januário, consoante se sonhava.

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Mesmo com a perda, a torcida vascaína mostrou tudo aquilo que precisava ser mostrado e que o pobre autor que vos escreve tentaria aqui, por meio de palavras em vossa tela, mostrar. A atitude da torcida, portanto, descreve muito melhor que quaisquer “amontoados de letras” o sentimento que o torcedor vascaíno deve partilhar.

O trabalho vascaíno no ano foi antológico. E taticamente, também. A comissão técnica de Ricardo Gomes conseguiu dar alto padrão tático a uma equipe traumatizada e desorganizada. Conseguiu implantar esquema base, esquema suporte, variações de jogo, transições táticas. De fato, um trabalho tático excepcional. Nenhum time do Brasil estivera tão bem neste quesito quanto o Vasco, disso o torcedor vascaíno pode ter certeza.

O lado emocional tange ao mesmo aspecto. Ninguém no torneio foi tão mais motivado e jogou com tanta vontade, brio e força de superação que o Gigante da Colina. Isso é, inclusive, um dos fatores de que mais agradaram os torcedores que aplaudiram mediante a perda do título, no Engenhão.

Então, esse é o Vasco que deixa 2011. Esse é o Vasco que deve entrar em 2012. Um Vasco que, mesmo vice-campeão na tabela, é um Vasco campeão na emoção. Que é um Vasco campeão na tática. Que é um Vasco campeão na história. Que é um Vasco daqueles de marcar, e ser motivo de lembrança daqui muito tempo. Esse é o Vasco que recupera aquilo que sempre foi. Esse foi o Vasco que merece ser chamado de Vasco. E nada mais que isso, apenas: Vasco.

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Fonte: Na Prancheta