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Na pracheta: A análise tática de Vasco x Corinthians

Seria uma final antecipada? Cedo demais para rotular esse Vasco e Corinthians, terminado empatado, como tal. Fato foi o equilíbrio mostrado. O primeiro tempo foi dominado pelo time de São Januário, já o segundo pelos visitantes. O empate foi justo e resume bem o que foi a partida. Ao mesmo tempo, tem-se a certeza que o gosto do resultado soou melhor para o Corinthians, que estava amplamente desfalcado e atuava fora de casa. No entanto, não foi nenhuma catástrofe para o gigante da colina, longe disso, o time continua líder isolado e principal candidato ao título.

A expectativa de um belo jogo, em todos os sentidos, era imensa. O Vasco vinha de uma exibição excelente fora de casa, e recebia de volta 3 jogadores da seleção nacional. O Corinthians vinha de uma uma importante e revigorante vitória em casa diante do Bahia. Realizariam, Vasco e Corinthians a partida que todos acreditavam? Taticamente sim. Tecnicamente nem tanto.

Apesar de a qualidade técnica não ser digna de louvores, a partida teve um bom conteúdo tático. Os que foram em São Januário, ou assistiram a partida por TV, puderam ver seus times bem postados e executando rigorosamente o que seus treinadores pediam. O Vasco se manteve no seu habitual 4-3-2-1, com Juninho fazendo terceiro homem de meio de campo, e ajudando bastante as ações do lado direito, protagonizadas por Fágner e Éder Luís. Do lado esquerdo, o Vasco tinha Márcio Careca – fazendo uma partida tecnicamente ridícula – , Eduardo Costa – errando quase tudo- , e Diego Souza isolado e muito bem marcado. O Vasco, de fato, estava “cambeta”. O lado esquerdo inexistia. Felipe poderia ter resolvido o problema, no entanto, o craque não entrou na partida.

O Corinthians, entrou em campo no 4-3-3, com Willian centralizado, tentando jogar de centro-avante, Danilo aberto pelo lado direito – onde saiu o primeiro gol corinthiano – , e Jorge Henrique apagado no lado esquerdo. Alex tentava fazer a ligação. Depois do gol tomado e do feito, ( com 1 x 1 no placar) o Corinthians mudou sua forma de jogar. Alex foi para o lado direito, Danilo centralizou e Jorge Henrique recuou um pouco. Tudo para que o time não voltasse a ficar a trás no placar. O que aconteceu no fim do primeiro tempo, em uma jogada pelo lado direito do ataque vascaíno.

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Posicionamento inicial de Vasco e Corinthians. Vasco no 4-3-2-1 e Corinthians no 4-3-3



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Com 1 x 1 no placar, o Corinthians muda sua maneira de jogar, e passa a atuar em um 4-2-3-1.

Estava nítido: Se o Corinthians ajustasse a marcação no seu setor esquerdo (direito do ataque vascaíno), o Vasco dificilmente criaria outras chances de gol, visto que, o lado esquerdo (com Márcio Careca, Eduardo Costa e Diego Souza) praticamente não existia. E assim fez Tite. Deslocando Ralf para a quase extrema esquerda, no sentido de auxiliar o lateral Fábio Santos, e orientando o próprio Fábio Santos e Jorge Henrique a marcarem mais e jogarem menos, o Corinthians matou o time Vascaíno. Alia-se a isso, o importante fato da lesão de Juninho Pernambucano, que fez a qualidade no meio de campo reduzir assustadoramente pelo lado do gigante da colina. Se Felipe tivesse entrado a história poderia ser outra. Mas não se sabe ao certo da sua condição física.

Uma das alternativas para o Cruzmaltino era colocar Felipe no lugar de Eduardo Costa, para tentar fazer o setor esquerdo funcionar e não tornar as coisas tão difíceis para Diego Souza. Havia, também, a possibilidade do camisa 6 entrar na vaga de Márcio Careca. Assim, Eduardo Costa seria deslocado para a lateral, e o setor seria também fortalecido. Fato é que o Vasco perdeu seu lado direito, única coisa que tinha na partida. E não podia insistir nesse aspecto. A única solução seria arrumar o lado oposto e tentar investidas com base no talento de seu camisa 10, Diego Souza.

Justamente, por essa perda de poderio ofensivo que o Vasco foi sendo pressionado, pressionado e pressionado… Até que o gol corinthiano saísse. Era questão de tempo. É destacável também, além do ajuste de marcação feito por Tite, a excelente troca de posições feitas pelo treinador no setor ofensivo da equipe. Alex passou a fazer um falso 9. Danilo, chegava de trás e se aventurava como centro avante, digamos que um falso 10. Enquanto Jorge Henrique e William – este muito bem – atuavam nos extremos de campo. Esse posicionamento deu certo, e o time paulista passou a dominar a partida.

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Segundo tempo, Corinthians com marcação reforçada no lado esquerdo e embolando zaga vascaína com falso 10 e falso 9. Vasco no mesmo 4-3-2-1, agora sem criatividade e sua principal arma: as jogadas no lado direito.

Ajustes táticos, em tese, explicam o resultado deste domingo. No jogo fundamental para briga pelo título, uma certeza é: a tática é o forte de Vasco e Corinthans. E, esse excelente combate tático, terminou merecidamente empatado. O Vasco sentiu falta de Fellipe Bastos, que tem que ser absolutamente titular. O Corinthians sentiu falta de seus atacantes, Liédson e Emerson. No entanto, nenhuma das duas equipes saíram no prejuízo, principalmente por não terem dúvidas que o merecimento e a justiça falou mais alto. Vasco e Corinthians são, de fato, grandes equipes que brigarão até o fim no topo da tabela. O Vasco precisa concertar, com urgência, seu lado esquerdo, e o Corinthians, buscar uma boa solução para seus problemas de lesão.

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Fonte: Na Prancheta