Na Mercosul 2000, Vasco mostrou sua verdadeira cara
Estádio: Parque Antarctica. O placar mostra Palmeiras 3 x 0 Vasco. Intervalo de jogo e os vascaínos descem cabisbaixos em direção ao vestiário. O espaço está alagado, com água à altura da canela. Os jogadores se equilibram sobre telhas improvisadas para não pisarem na mistura de chuva e esgoto. O técnico Joel Santana conversa pouco com o grupo. Não há muito o que falar. Entre a análise dos erros, uma frase toca a todos dentro do vestiário do virtual derrotado na final da Copa Mercosul de 2000:
- Podemos até perder este título, mas peço a vocês que entrem no jogo no segundo tempo e mostrem o que é o verdadeiro Vasco.
Mais do que uma homenagem ao título, uma homenagem ao jogo. O LANCENET! inicia série especial em comemoração aos dez anos da partida que ficou conhecida como a virada do século. Até segunda-feira, quando a decisão completará exatamente uma década, histórias daquele inesquecível 20 de dezembro serão lembradas, tanto do lado dos vencedores quanto dos vencidos. Uma das páginas mais marcantes da História do Club de Regatas Vasco da Gama.
- Todos nós choramos muito no vestiário após o apito final. Se o lugar já estava cheio de água por conta da chuva, ficou ainda mais com as nossas lágrimas. Aquilo lá, uma virada como aquela, nunca mais irá se repetir - lembra Carlos Alberto Rodrigues de Carvalho, mais conhecido como Carlão, massagista do Vasco há 20 anos.
O prognóstico de Carlão, testemunha ocular das maiores conquistas do clube, é taxativo, mas há motivos para tanto. A virada do Vasco sobre o Palmeiras pode ser considerada a maior vitória de um clube na História. O LANCENET! correu atrás e comprovou: não há registro em todas as competições oficiais organizadas na América do Sul ou na Europa de um time que, numa final de torneio internacional, na casa do rival, depois de terminar o primeiro tempo com três gols de desvantagem e disputar o segundo com um jogador a menos, tenha conseguido a virada. O Vasco conseguiu. Vale a pena relembrar a noite em que o time de São Januário foi, como nunca, gigante.
Clique e veja o destinos dos herois do título da Mercosul de 2000.
CONFIRA O BATE-BOLA COM CARLÃO
massagista do Vasco há 20 anos
Como o Vasco foi recebido no Parque Antarctica?
Chovia muito e fomos recebidos muito mal. Era uma má vontade de todos no Palmeiras. O vestiário estava terrível e depois ainda ficou estranhamente alagado. Nos-sa diretoria foi agredida moralmente pelos palmeirenses, o clima era muito tenso, ruim mesmo.
Você acha que isso serviu de motivação para os jogadores?
Com certeza. Além disso, a torcida deles, no intervalo, já gritava é campeão. Essa adversidade foi importante, mexeu com os nossos jogadores.
Você acredita que aconteceu algo de divino naquela noite para o Vasco conseguir a virada?
Apesar de ser religioso, acredito que os jogadores buscaram algo mais na força interna de cada um. Foi uma força superior que trouxe coragem àquele time. Não mudamos uma história com a virada. Fizemos história naquele jogo.
Como os jogadores reagiram àquela virada?
Todo mundo chorou, uns choraram compulsivamente. Além da alegria, foi a emoção. Mas cada um reage de uma forma. Fui campeão com o Vasco inúmeras vezes, mas esse título foi o único que eu comemorei com os jogadores.
- SuperVasco