Muriqui relembra suas passagens pelo Vasco
O Vasco enfrenta o Madureira neste sábado, às 15h45, em Moça Bonita. Do outro lado do mundo, na China, o atacante Muriqui estará de olho, mas a torcida não será pela equipe cruz-maltina, que ele defendeu na última temporada. O desejo é de que o Tricolor Suburbano, onde foi revelado e que tem como técnico seu amigo Djair, seja o vencedor do duelo.
O Madureira é o lanterna do Grupo C com apenas dois pontos conquistados. Muriqui lembrou das dificuldades que teve no retorno ao Vasco e diz ter se arrependido da decisão, já que não chegou ao clube em uma boa forma física e acabou ficando sem espaço.
- Tenho na minha cabeça que a decisão de voltar para o Vasco naquele momento não foi acertada da minha parte, porque estava num momento de inatividade grande, e isso prejudicou minha chegada no clube. Não consegui fazer pré-temporada junto com meus companheiros, tive uma lesão e, quando melhorei, acabei não conseguindo render o que sabia que eu podia.
Atualmente, Muriqui defende o Meizhou Meixian Techand, da Segunda Divisão da China.
Madureira e Vasco se enfrentam neste sábado. O Vasco vai poupar alguns atletas porque tem a Libertadores na próxima semana e o Madureira tenta reagir no grupo C da Taça Rio. O que imagina para este confronto?
Acompanhei muito o Vasco nos jogos de classificação para a fase de grupos da Libertadores e fiquei muito contente com o desempenho do time. Tem companheiros que ainda jogam pelo clube e sempre fico na torcida, como o Paulão, que é um grande amigo meu e de toda minha família. Fiquei feliz pelo Vasco ter conseguido essa classificação, porque sei da importância que essa competição tem para a instituição.
No Madureira tem o Djair, jogamos juntos, sei do caráter dele, foi um grande jogador e está iniciando sua carreira como técnico. Ele era um cara que tinha uma visão diferente na época de jogador, muito inteligente, e tenho certeza de que, se ele levar todas as qualidades que ele tinha como atleta para o campo técnico, certamente se tornará um grande profissional. Torço muito pelo sucesso dele e, claro, pelo sucesso do Madureira. Vai ser um jogo complicado, mesmo com o Vasco podendo entrar com o time reserva. Vou ficar na torcida pelo Madureira por ter o Djair como treinador, pelo clube estar precisando mais da vitória no Carioca e por ter sido o clube que me formou e pelo qual sempre terei um enorme carinho por tudo que representa pra mim.
Como foi seu início no Madureira antes de dar passos maiores dentro do futebol?
O Madureira foi uma escola pra mim e me ensinou bastante coisa. Tive a oportunidade de subir para o profissional muito cedo, com somente 16 anos, para um período de treinamentos. No ano seguinte, em 2004, fui efetivado de vez ao grupo principal e disputei meu primeiro Campeonato Carioca. Sou muito grato ao clube, que me ajudou a me formar como profissional e homem, e me deu oportunidade de jogar em grandes equipes dentro e fora do país.
Como foi sua mudança do Madureira para o Vasco? Faltou maturidade naquele momento?
Foi uma mudança grande. Quando você sai de um clube de menor expressão para jogar em um gigante como o Vasco, você acaba tendo uma mudança muito radical na sua vida. Eu tinha 17 pra 18 anos, e talvez naquele momento tenha faltado um pouco de maturidade para saber viver o momento. Acho que eu queria fazer o que os jovens da minha idade faziam e isso me atrapalhou um pouco naquele período.
Se eu tivesse tido um pouco mais de cabeça no lugar, as coisas poderiam ter acontecido de outra maneira. Mas não gosto de ficar me lamentando por isso, porque acredito que faz parte do ser humano errar e aprender com os erros, e foi o que procurei fazer. Foi muito bacana ter tido aquela oportunidade em um clube grande e foi um momento importante na minha carreira.
Como era aquele momento do Vasco e quais jogadores você lembra que foram importantes te dando conselhos?
Naquele período de 2004 e 2005, joguei com grandes jogadores, como o Petković, Valdir Bigode, Marcelinho Carioca, Beto, Alex Alves, entre outros grandes nomes. Eram atletas consagrados, com carreiras consolidadas, e foi muito bacana compartilhar o vestiário com esses nomes de peso. Tenho absoluta certeza de que aprendi muita coisa nesses anos no Vasco e levo pra minha vida até hoje.
No ano seguinte, tivemos a chegada do Romário e me lembro que foi um momento muito especial pra mim, porque iria trabalhar com um dos maiores atacantes do nosso futebol. Era muito bom estar ao lado desse craque, que, sem dúvida nenhuma, foi um dos jogadores mais brilhantes que vi jogar. Aprendi muita coisa com esses caras e guardo boas lembranças desses momentos.
Você retornou recentemente ao Vasco após longa carreira fora do Brasil. O que viu de diferente no futebol brasileiro e por que a decisão de retornar para a China?
Acho que a principal diferença que eu senti nesse meu retorno ao futebol brasileiro é que o futebol é mais tocado, mais jogado taticamente. Já no futebol asiático é muita correria, com menos técnica. A decisão de voltar pra China no ano passado foi por estar jogando pouco no Vasco. Todo jogador gosta de jogar. Quando isso não acontece, o atleta fica insatisfeito por não poder ajudar o clube, seus companheiros, e acaba ficando insatisfeito. Tenho na minha cabeça que a decisão de voltar para o Vasco naquele momento não foi acertada da minha parte, porque estava num momento de inatividade grande, e isso prejudicou minha chegada no clube. Não consegui fazer pré-temporada junto com meus companheiros, tive uma lesão e, quando melhorei, acabei não conseguindo render o que sabia que eu podia.
Ficou a frustração de não ter conseguido ajudar mais o Vasco na temporada. Acho que, se eu tivesse chegado bem, com ritmo de jogo e no mesmo nível dos demais atletas, as coisas teriam sido totalmente diferentes. Mas são coisas que acontecem no futebol e foi preciso mudar de ares para voltar a jogar com mais frequência e ganhar confiança novamente. Apesar do pouco tempo nesse retorno ao Vasco, foi importante pra mim, porque aprendi coisas novas no clube, conheci pessoas excelentes, profissionais de muita qualidade e fico na torcida por todos, mesmo de longe.
Fonte: ge