Futebol

Mexidas sinalizam tentativa de Zé Ricardo de encontrar solução para criação

Um dos problemas para o qual o Vasco busca solução na tentativa de reagir na Série B do Brasileirão é a abstinência de criatividade. Com dificuldade para criar jogadas, o time do técnico Zé Ricardo é um dos que menos chuta a gol em toda a competição - está em 14º no ranking, com 55 finalizações.

Dessa forma, certamente um dos jogadores mais sobrecarregados é Nenê, referência técnica da equipe, mas que, aos 40 anos idade, acaba esbarrando em limitações. Ao mesmo tempo em que participou de todos os gols marcados pelo Vasco até aqui na Série B, o camisa 10 vem sofrendo algumas críticas, sobretudo por não conseguir dar velocidade ao setor ofensivo.

Os quatro gols do Vasco na competição tiveram participação de Nenê. Contra Vila Nova, Ponte Preta e Tombense, ele cobrou os escanteios que terminaram nos dois gols de Raniel e no gol contra de Roger Carvalho. Já no empate com o CRB, em Maceió, foi dele a assistência para Raniel marcar.

Ao levar em conta a temporada inteira, Nenê esteve presente em 14 dos 25 gols, seja com um passe decisivo, com a assistência final ou empurrando para a rede. Ele participou, por exemplo, dos dois gols marcados pela equipe na Copa do Brasil: cruzou na cabeça de Raniel contra a Ferroviária e lançou Gabriel Pec na jogada em que Bruno Nazário abriu o placar contra a Juazeirense.

O último gol que o Vasco fez sem que Nenê tenha participado foi na vitória por 3 a 0 sobre o Resende, na última rodada da Taça Guanabara, no dia 13 de março. Dois meses atrás, portanto. Na ocasião, já classificado para as semifinais, Zé Ricardo poupou alguns titulares.

"O Vasco ainda é dependente do Nenê", afirma o comentarista Lédio Carmona.

- No atual time do Vasco, o time do tapão na mesa, tem que ter o Nenê, cara. Não tem como abrir mão do Nenê. Imagina se o Vasco não tem nem o Nenê e nem o Raniel, quantos gols ia ter no ano? Então o Nenê, com 40 anos, ainda faz diferença. Nesse momento, nesse elenco sem padrão de jogo, completamente desorganizado em campo, a bola parada do Nenê, um passe certo do Nenê, um cruzamento, ainda são fundamentais para o Vasco - acrescenta Lédio.

Titular em 17 dos 20 jogos do Vasco na temporada (10 deles tendo ficado em campo até o apito final), Nenê, por outro lado, vem sofrendo críticas (veja algumas abaixo) pelo de fato de tirar velocidade das subidas da equipe.

- Ninguém discute que o Nenê, tecnicamente, é o principal jogador do elenco do Vasco - opina João Almirante, representante vascaíno no quadro "Voz da Torcida" no ge.

- Ocorre que, nesse momento, coletivamente o time do Vasco está muito mal. E isso está sendo ruim para todos os jogadores. Se, por um lado, é bem claro que o Nenê participa muito do jogo, a bola passa muito por ele, que tem muita qualidade, por outro existe o ônus dessa participação do Nenê, que não é mais um jovem garoto. Quando está sem a bola, o Vasco perde um jogador na marcação. Muita gente também argumenta que o Nenê atrasa os contra-ataques do Vasco - completa ele.

Em busca de soluções

Pois, então, o que fazer para tirar proveito das qualidades de Nenê sem sofrer com as limitações de um meia de 40 anos? Ao que tudo indica, essa é uma pergunta que a comissão técnica vem tentando responder.

As recentes mexidas no time sinalizam uma tentativa de Zé Ricardo de encontrar solução para o problema de criação da equipe. Na vitória sobre a Ponte Preta, a entrada de Andrey Santos no meio de campo deu outra dinâmica ao time, e o volante foi o principal destaque - não à toa, permaneceu como titular contra o Tombense, embora não tenha se apresentado no mesmo nível.

No último domingo, ao começar com Riquelme entre os 11, Zé Ricardo explicou que tinha como objetivo dar mais opções ao setor ofensivo, mas colocou Edimar no intervalo porque identificou problemas na saída de bola. Erick também é visto com muita expectativa pela comissão técnica vascaína, com possibilidade de dribles e jogadas pela linha de fundo, mas o atacante se machucou no aquecimento do jogo contra a Ponte, quando estrearia como titular - ele deve seguir fora contra o CSA, no próximo sábado.

- O que acontece no Vasco é que o Nenê, pela idade, precisa se movimentar num setor cada vez mais afastado da área. E essa movimentação demora, faz o Vasco ficar mais lento. O adversário acaba se fechando todo, o que dificulta ainda mais. Então rola um cobertor curto: com Nenê, o time consegue criar. Mas essa movimentação dele pra “fugir” dos volantes e pensar o jogo de trás faz o time ficar lento e pouco eficaz contra defesas bem postadas - acredita Leonardo Miranda, analista tático do ge.

O natural é que uma das próximas mexidas seja a entrada de Carlos Palacios no time titular. Ele entrou no segundo tempo das últimas duas partidas na Série B, mas ainda não está 100% fisicamente. Se o chileno vai ficar com a vaga de Nenê ou se Zé Ricardo adaptará uma nova formação, só o tempo dirá. Leonardo Miranda tem uma sugestão:

- Não é uma questão de fácil solução, mas o Zé pode adaptar o Nenê, seja como um falso nove, ou tentar um outro esquema, como o 4-3-1-2, para ter velocidade e deixar ele mais à vontade sem prejudicar o time - conclui.

Fonte: ge