Futebol

Memória: Edmundo, polêmico personagem

Muitos o comparam ao polêmico Almir, o \"Pernambuquinho\", por seu temperamento forte e indisciplina dentro de campo - e episódios trágicos fora dele. Além disso, ambos vestiram as camisas dos arqui-rivais Vasco e Flamengo. Porém, uma coisa é certa: independente da camisa que Edmundo envergasse, sua presença em campo era garantia de espetáculo. E gols, muitos gols, alguns deles de antologia.

Edmundo Alves de Souza Neto, nasceu em Niterói, em 21 de abril 1971, e iniciou sua carreira no futebol de salão, pelo Fonseca. No campo, tentou as divisões de base do Botafogo, de onde foi dispensado por ter cometido vários atos de indisciplina, entre os quais, andar nu pela concentração. Ainda amador, transferiu-se para o Vasco, onde começou a ter destaque. No dia 25 de agosto de 1991, numa preliminar de juniores contra o time da Estrela Solitária, foi autor de um golaço. No ano seguinte, foi promovido aos profissionais pelo técnico Nelsinho Rosa e, logo em seu primeiro ano, conquistou o Campeonato Carioca.

Porém, o temperamento intempestivo fez com que o clube de São Januário o negociasse ao Palmeiras.

\"Nos livramos de um problema\", disse, à época, o então vice de futebol (e atual presidente) Eurico Miranda.

Após brilhar com a camisa alviverde e conquistar títulos paulistas, brasileiros e do Torneio Rio-São Paulo, ganhou do locutor Osmar Santos o apelido de \"Animal\".

Camisa rubro-negra

No segundo semestre de 1995, após perder para o Fluminense o título estadual no ano do centenário do clube, o Flamengo, justamente o Flamengo, anunciou sua contratação, através de uma negociação conduzida pelo então presidente rubro-negro Kleber Leite (que, no início do ano, havia levado Romário para a Gávea. Em sua apresentação oficial, Edmundo chegou até a cantar versos de um rap feito em homenagem à nova dupla: \"Lê, lê, lê leô, lê, lê,lê, lêa, com Bad Boys no seu time, já pode comemorar.\"

Porém, a passagem do Animal pelo Flamengo foi pífia. Poucos gols e nenhum título. Num clássico contra o Vasco, teve que aguentar o coro dos torcedores cruzmaltinos que parodiava um comercial de TV da época:

\"Pior ataque do mundo, pior ataque do mundo, pára um pouquinho, descansa um pouquinho, Sávio, Romário e Edmundo\".

Foi demais para Ed que, em resposta, fez gestos obscenos para a galera do Vasco.

Mas o pior estava por vir. Numa noite, após sair de uma boate na Lagoa, envolveu-se num acidente, por excesso de velocidade. Sua pick-up bateu violentamente em um Fiat Uno: três pessoas morreram e outras ficaram gravemente feridas. Como também se machucou e compareceu à delegacia, não foi preso, mas até hoje responde processo por homicídio culposo.

Após deixar o Flamengo, Ed vestiu a camisa do Corinthians. Em 1996, voltou ao Vasco, desta vez para viver o melhor momento de sua carreira no ano seguinte: campeão brasileiro e artilheiro da competição, batendo um recorde de gols que pertencia a Reinaldo, do Atlético-MG, e que durava 19 anos. Com direito a três gols sobre o Flamengo numa vitória vascaína por 4 a 1. Após esta performance, foi negociado à Fiorentina, da Itália.

Em 1999 Edmundo retornou ao Vasco por uma quantia de 15 milhões de dólares. Lá fez a dupla de ataque com o agora desafeto Romário. Depois das ótimas atuações no Mundial de Clubes da FIFA em 2000 Ed recebeu a promesssa de Eurico Miranda de que Romário iria embora. Só que Romário não foi, e o jogador se recusou a enfrentar o Palmeiras pelo Torneio Rio-São Paulo, pelo fato da faixa de capitão ter sido dado ao Baixinho, e não a ele.

Desgastado com a diretoria vascaína, a mesma acabou o emprestado ao Santos e ao Napoli, da Itália.

Cansado de ser emprestado para diversos times, Edmundo entrou na Justiça Desportiva em 2001, brigando pelo direito do seu passe. No mesmo ano ele conseguiria o passe livre, se transferindo para o Cruzeiro. Um tempo depois, porém, foi mandado embora por causa de uma declaração no jogo contra o ex-clube Vasco, em que o Cruzeiro perdeu de 3x0. \"Tomara que eu não faça gol. Se acontecer, vai ser por puro profissionalismo. Mas não haverá comemoração, porque não posso comemorar derrotas minhas, como torcedor vascaíno.\" Na partida o jogador perderia um pênalti para o Cruzeiro.

Hoje, Edmundo defende o Palmeiras. Mas as torcidas de Vasco e Flamengo, de uma forma ou de outra, não o esquecem.

Fonte: Jornal dos Sports