Memória: Carlos Drummond de Andrade era Vasco
Um dos maiores gênios da história do Brasil, Carlos Drummond de Andrade era torcedor do Vasco. Na semana em que o clube comemora a vitória no clássico sobre o Flamengo, o BOLA DE MEIA apresenta algumas marcas dessa paixão.
O livro \"Quando é Dia de Futebol\", organizado pelos netos Luís Maurício e Pedro Augusto Granã Drummond e com prefácio de Pelé, apresenta vários textos do poeta sobre o futebol. Em alguns, o coração vascaíno sai da caneta para o papel com paixão.
\"E viva, viva o Vasco: o sofrimento
há de fugir, se o ataque lavra um tento.
Time, torcida, em coro, neste instante,
Vamos gritar: Casaca! ao Almirante.
E deixemos de briga, minha gente.
O pé tome a palavra: bola em frente\".
A poesia \"A Semana Foi Assim\" se encaixa perfeitamente atualmente. Fala em sofrimento, torcida em coro e um pedido para que \"deixemos de briga\" numa espécie de profecia contra a violência presente nos estádios até hoje.
Drummond, sem dúvida, foi um dos maiores vascaínos, e ainda deixou a sua contribuição para outras partes do futebol, como um texto de arrepiar sobre Garrincha publicado em 1983.
\"Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho\". Mané e o Sonho (1983)
O texto acima foi publicado no ano da morte de Garrincha (1983). Em 1969, quando Pelé fez o milésimo gol, justamente contra o seu Vasco, Drummond soltou mais uma das suas grandes mensagens.
\"O difícil, o extraordinário não é fazer mil gols, como Pelé. É fazer um gol como Pelé\".
Drummond não escapou de comentar, na sua profunda dor, a eliminação da seleção brasileira na Copa de 1982.
\"Eu gostaria de passar a mão na cabeça do Telê Santana e de seus jogadores (...) e dizer-lhes, com esse gesto, o que em palavras seria enfático e meio bobo. Mas o gesto vale por tudo, e bem o compreendemos em sua doçura solidária. Ora, o Telê! Ora, os atletas! Ora, a sorte! A Copa do Mundo de 82 acabou para nós, mas o mundo não acabou. Nem o Brasil com suas dores e bens. E há um lindo sol lá fora, o sol de nós todos\".
Carlos Drummond de Andrade amava o futebol e o Vasco. Esse sentimento, com certeza, nunca vai parar.
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