Futebol

Memória: Baixinho fez história virando a casaca

Marrento, abusado, polêmico e conhecedor como poucos do caminho do gol. Dono de um estilo inconfundível, Romário fez história no Vasco e no Flamengo. Foram mais de 500 gols e muitos títulos conquistados com as camisas rivais. Criado em São Januário, o Baixinho tinha apenas 19 anos quando marcou o primeiro gol no grande clássico. Neste dia, o time cruzmaltino foi impiedoso e goleou o Flamengo por 4 a 0 no primeiro turno da Taça Guanabara de 1985.

No ano seguinte, formou dupla de ataque com o maior ídolo da história do clube: Roberto Dinamite. E logo de cara, Romário colocou banca. Fez os dois gols do jogo contra o Flamengo que levaria o Vasco à conquista da Taça Guanabara depois de um jejum de nove anos. E ainda por cima roubou de Roberto o título de artilheiro do Carioca daquele certame.

Um dos gols mais bonitos contra o arqui-rival ocorreu em junho de 1988. O Baixinho aproveitou uma bobeada de Leandro, roubou a bola, deu um lençol no goleiro Zé Carlos e marcou o gol da virada de 2 a 1. A vitória teve sabor de despedida porque no mesmo ano ele foi negociado para o PSV Eindhoven da Holanda por US$ 5 milhões.

Em 1993, Romário se transferiu para o Barcelona onde também brilhou. No ano seguinte foi decisivo na conquista do tetracampeonato na Copa dos Estados Unidos e ainda por cima eleito pela Fifa como o melhor jogador do Mundo.

Fla de Romário - Em uma arrojada jogada de marketing, a diretoria do Flamengo contratou Romário em 1995, além de outros craques para tentar montar o \" time dos sonhos\", no ano do seu centenário. Romário não decepcionou e marcou os três gols da conquista da Taça Guanabara sobre o Botafogo. No reencontro com o Vasco, o Baixinho cumpriu a promessa que fez quando chegou à Gávea. No dia 7 de maio, mesmo jogando gripado e com febre, marcou o único gol do jogo e na comemoração, como prometera antes, mandou a torcida do Vasco se calar e enxugar as lágrimas com um lenço.

Em 96, o Baixinho abriu o caminho para a conquista de forma invicta da Taça Guanabara. No confronto contra o Vasco, o Baixinho fez o primeiro, após aproveitar lançamento de Iranildo. Foi a segunda Taça Guanabara consecutiva vencida pelo Fla de Romário.

No ano seguinte, em um duelo à parte com o vascaíno Edmundo, com quem viria a jogar no futuro, o Baixinho levou a melhor e fez dois gols no 3 a 1.

Vovô-artilheiro - Na Taça Guanabara de 99, o atacante conquistou mais um troféu para o seu imenso currículo. Depois do empate parcial em 1 a 1, aproveitou um lançamento de Iranildo, cortou Naza e fez o gol do título. Foi um dos últimos gols do artilheiro que viria a deixar a Gávea por falta do pagamento de uma alta dívida do Rubro-Negro. Inconformado, Romário voltou para São Januário em grande estilo e comandou o time cruzmaltino na conquista da Copa Mercosul, um título que nunca saiu da cabeça do torcedor. O Vasco perdia por 3 a 0 e conseguiu a grande virada com três gols do Baixinho.

Nos anos seguintes, o jogador foi para o Fluminense, em 2002, mas em 2005 retornou ao Vasco e com 39 anos voltou a surprender se sagrando artilheiro do Campeonato Carioca com sete gols e, para o espanto de muitos, artilheiro do Campeonato Brasileiro com 22 gols.

Hoje o Baixinho joga no Miami FC, e ainda pode voltar a vestir a camisa cruzmaltina ainda este ano. Enquanto a aposentadoria não vem, o jogador recebe dos dois clubes, segundo algumas fontes, cerca de R$116 mil reais de dívidas do passado.

Negócios à parte, se o atacante quarentão resolver encerrar a carreira, o que parece provável, vai ter muito do que se orgulhar ao olhar para o passado. Vestindo as camisas rubro-negra e cruzmaltina, Romário escreveu como poucos, dentro dos gramados, uma das mais belas páginas da história do futebol carioca.

Fonte: Jornal dos Sports