Médico da Seleção Brasileira iniciou a carreira no Vasco

O carioca José Luís Runco, um apaixonado por futebol como milhões de brasileiros, sonhou desde criança ser jogador de futebol. Acabou entrando no esporte pela porta da Medicina. Foi melhor: se perdeu um possível bom jogador, o futebol ganhou um craque da Ortopedia, um profissional que já fez história na Seleção Brasileira.

Ainda jovem, quintanista na Faculdade, José Luís Runco foi trabalhar no Vasco, em um tempo de time vencedor e recheado de jogadores experientes, até demais, dentro e fora de campo - foi em São Januário, então, que aprendeu alguns segredos de convivência de grupo que lhe seriam muito úteis no futuro.

Depois de uma passagem no Botafogo, foi para o Flamengo, onde se destacou para se tornar um dos médicos de esporte mais respeitados e reconhecidos no país.

No Flamengo, clube em que está há 30 anos, Runco perdeu a conta dos jogadores que passaram pelas suas mãos precisas à mesa de operação. Começou ainda à época das cirurgias \"a céu aberto\", em que se abria o joelho, e passou pela inovação que chegou com a vídeoartrocospia, a moderna técnica que reduziu enormemente o tempo de recuperação para o jogador voltar aos gramados.

Com uma trajetória já marcada pelo sucesso, o caminho natural de José Luís Runco só poderia ser a Seleção. Começou nas categorias de base, nas quais coleciona um título que lhe dá muito orgulho - campeão mundial de juniores em 1985, na Rússia - e chegou à Seleção Principal para se tornar um médico que possui forte identidade com a camisa amarela da Seleção Brasileira.

Assim como foram o doutor Hilton Gosling, nos tempos românticos do futebol, bicampeão mundial em 1958-1962; Lídio Toledo, o do tricampeonato em 1970 e de seis Copas do Mundo; e agora José Luís Runco, o médico que saiu da campanha do pentacampeonato mundial de 2002 engrandecido como o profissional que travou difíceis embates para ser vitorioso. 

Nove anos se passaram, mas não dá para esquecer. Contra a opinião de muitos, especialmente dos médicos espanhóis do Barcelona, Runco livrou Rivaldo de uma cirurgia que faltamente o tiraria da Copa do Mundo da Coréia do Sul-Japão.

Da mesma forma, contrariando as previsões pessimistas de outros tantos, apostou na recuperação de Ronaldo, o Fenômeno, e da capacidade do craque brilhar na Copa de 2002. A aposta corajosa de Runco, movida também pela sua capacidade profissional, continuou durante a competição - pode-se dizer que o médico bancou Ronaldo até o jogo decisivo do penta contra a Alemanha.

Valeu a pena. Não por acaso, a aposta deu mais do que certo. Ronaldo foi o artilheiro daquela Copa, marcou dois gols na decisão, e se tornou o maior artilheiro da história da Copas do Mundo.

Rivaldo desequilibrou em todos os jogos, e para muitos foi considerado o melhor jogador do penta, decisivo na campanha.

Tanto tempo depois, mas ainda na Seleção Brasileira, como chefe do Departamento Médico, três Copas do Mundo disputadas, mais uma pela Seleção do Iraque, José Luís Runco é a imagem bem acabada do profissional realizado.

- Tenho orgulho de toda a minha carreira e de duas conquistas em especial: campeão mundial pela Seleção Sub-20 e pela Seleção Principal.