Mauro Galvão relembra conquista da Libertadores de 98 pelo Vasco
O Vasco celebra, nesta sexta-feira (26), os 24 anos da conquista da Libertadores. É o único clube a vencer a competição no ano do seu centenário. Em 1998, o Cruz-Maltino venceu por 2 a 1 o Barcelona de Guayaquil, sagrando-se campeão continental. O Jogada10 entrevistou Mauro Galvão, zagueiro e o capitão do Vasco naquela ocasião.
Confira abaixo:
O Vasco celebra hoje o 24º aniversário da conquista da Libertadores. Como sabemos você foi o capitão desse título que até aqui é o maior da história do clube. Foi também o maior título da sua carreira?
“É verdade, né?! Já são 24 anos desse título super importante que nós conquistamos em 98. Acho sempre importante essa lembrança. Ele foi importante na medida em que foi um título inédito para o Vasco. Então acho que a importância maior se dá nesse sentido e também em razão de ter sido no ano do centenário do clube. Ele é, sim, um dos títulos mais importantes da minha carreira. Mas acredito que cada troféu conquistado tem a sua importância”.
Vasco multicampeão
Foi o melhor time/elenco do qual você fez parte?
“Nós tínhamos um grande elenco e acredito que é um dos motivos do sucesso dessa equipe em ter conquistado vários títulos entre eles o da Libertadores da América. Já tínhamos um bom time em 97, ganhamos o Campeonato Brasileiro e posteriormente e depois chegaram alguns atletas que jogaram muito bem e deram mais qualidade ainda para o nosso time.
“Era um elenco bem equilibrado, tínhamos praticamente dois jogadores por posição. Na minha opinião para conseguirmos essa conquista foi fundamental a manutenção da espinha dorsal da equipe. Houve uma mudança no ataque, mas uma modificação importante, porque os jogadores que chegaram para essa posição tiveram sucesso e substituíram à altura aqueles que deixaram o clube. Além de terem sido decisivos marcando gols que nos ajudaram muito no caminho ao título.”
A importância de um capitão
Sabemos que ser o capitão de uma equipe no Brasil significa ser um líder. Como foi nessa conquista, dividir o vestiário com outros grandes jogadores como você e até mesmo orientá-los?
“Eu acabei sendo escolhido para ser o capitão da equipe em 98 e 99. Obviamente é uma responsabilidade de ajudar a equipe principalmente os mais novos que eram muitos e vários eram oriundos da base e eu era o jogador mais experiente. Então, eu via como fundamental ajudar aqueles que estavam começando.
Muitos não tinham jogado uma Libertadores e é claro que é uma competição diferente. Nós tivemos que conversar bastante, orientar, tentar sempre passar aquilo que poderia acontecer dentro do jogo e principalmente não entrar na pilha dos times adversários que usavam disso como recurso para tirar o foco do jogo.
Bastidores da equipe campeã
Os bastidores de equipes poucas pessoas sabem, mas existiam outros líderes dentro do elenco que te ajudavam nessa questão de liderança? Quem seriam e como eles te ajudaram?
“Obviamente não conseguimos nada sozinho, tinham outros jogadores que eram líderes e não usavam a faixa de capitão, como eram o caso do Carlos Germano e o Luisinho (Quintanilha) e ajudavam nesse sentido de ajudar a orientar os mais novos”
Dificuldade na conquista da Libertadores
Teve algum momento difícil dessa conquista em que precisou usar sua liderança para a equipe superar algum obstáculo? Se sim, qual seria?
“Um momento difícil que tivemos foi quando voltamos do México depois de termos disputado três partidas e com apenas um ponto somado. Perdemos para o Grêmio e depois para o Chivas, no México, e empatamos com o América também do mesmo país. Esse empate foi bom porque retornamos ao Brasil ainda com chances de classificação dependendo é claro dos jogos que faltavam”
“Quando chegamos no Rio conversamos bastante para poder ajustar algumas coisas e entender o que estava acontecendo, pois o time não vinha jogando mal. Porém, os resultados não estavam aparecendo, tivemos alguns problemas que foram resolvidos. Os jogadores entenderam que precisávamos mudar de atitude e ser um time mais agressivo”
“Houve uma estratégia de jogo orientada pelo Lopes (Antônio Lopes, o técnico da equipe). Jogamos em casa os duelos que faltavam pressionando o adversário e buscando sempre a vitória. Conseguimos encaminhar a classificação e ir avançando as fases até chegar a final”.
Momento atual do Vasco
Como vê o momento atual do Vasco? Acredita que a curto/médio prazo, ainda mais agora com a 777 Partners, é possível esse Vasco voltar a uma final de Libertadores?
O momento atual do Vasco é bem confuso, com toda essa situação é de troca, do clube virando SAF. Praticamente não mudou quase nada, não vi mudança nenhuma. Temos que aguardar, ver o que que vai acontecer. Eu nem falo em Libertadores porque isso seria pedir muito, mas primeiro voltar a ser o time que consiga competir, coisa que não acontece há muito tempo”
“O Vasco entra no campeonato, mas só participa. Literalmente. Não consegue ser protagonista. Enquanto não houver organização e trabalho feito a médio e longo prazo, nem adianta pensar em Libertadores”.
“Tem de pensar primeiro nos campeonatos regionais, tentar chegar em alguma copa, seja ela a do Brasil ou Sul-Americana. Ficar pelo menos entre os dez primeiros colocados do Campeonato Brasileiro. Esse é o primeiro passo, depois para poder pensar em outras metas maiores. A princípio, é preciso ter os pés no chão, entender que hoje o Vasco está na Segunda Divisão. Primeiramente, é retornar à Série A para aí, sim, começar a pensar em outros objetivos. A realidade do Vasco hoje é conseguir conquistar o acesso para a Primeira Divisão”.
Fonte: Jogada 10