Futebol

Mauricinho, ex-Vasco, sonha em trabalhar com Romário em São Januário

Quando o assunto se trata de grandes parceiros do veterano atacante Romário nos gramados, logo vem à tona nomes como Bebeto, Edmundo, Euller e o dinamarquês Michael Laudrup, considerado pelo próprio Baixinho como um de seus melhores companheiros nas quatro linhas. A lista, porém, não estaria completa se não constasse um rápido ponta-direita, que compensava a pouca estatura com muita velocidade e habilidade. Hoje aos 43 anos, Mauricinho só parte para cima de seus marcadores nas peladas em sua Ribeirão Preto-SP, onde trabalha com o ramo imobiliário.

Casado há 19 anos com dona Adriana e pai de Marcelo (16 anos) e Gabriela (11), Maurício Poggi Villela agora encara o futebol somente como lazer, porém deixa livre o acesso às lembranças do tempo em que disparava pelos gramados brasileiros e de outras partes do mundo.

Saudoso, lembra sua primeira passagem pelo Vasco, quando, juntamente com já um endiabrado Romário, infernizava as defesas contrárias. \"Formamos um ataque muito forte. Desde aquela época ele já mostrava que era diferenciado\", frisou o ex-jogador, que formou dupla com o veterano craque de 85 a 88.

A trajetória desportiva de Mauricinho, entretanto, começou no Comercial de sua cidade natal. As grandes atuações pelo Alvinegro de Ribeirão valeram a convocação para o Campeonato Sul-Americano de Juniores em 1983, conquistado pelo Brasil. No mesmo ano, foi um dos destaques no título mundial (no México), competição que serviu como um divisor de águas para o então ponteiro.

\"Foi o início de tudo na minha carreira. Abriu as portas. Joguei no profissional do Comercial com 16 anos, e pouco depois estava disputando o Mundial de Juniores. Éramos eu, Geovani, Bebeto, Dunga (atual técnico da Seleção principal), Jorginho (hoje assistente de Dunga). Meu desempenho chamou a atenção, e cheguei a receber várias propostas, inclusive da Itália, mas acabei sendo negociado com o Vasco como o júnior mais caro do país\", salientou.

Em sua primeira passagem (de um total de três) por São Januário Mauricinho permaneceu até 88. Neste ano, sofreu grave contusão durante um clássico contra o Vasco, pelo Estadual.

\"Fiquei uns quatro meses me recuperando da entrada que o Jandir (volante tricolor) me deu. Voltei e disputei o Ramon de Carranza-ESP (o Vasco levou a taça ao derrotar o Atlético de Madrid na final por 2 a 1). Uns dirigentes do Louletano me viram e logo depois fui vendido para Portugal\", esclareceu, lembrando em seguida sua passagem pelo futebol internacional (jogou também na Espanha e no Japão).

\"Foi uma grande experiência. Pude conhecer outras culturas. Na realidade, quando fui para o Louletano, era para ser uma espécie de ponte para Benfica ou Porto. Acabei pingando emprestado no Palmeiras, no Espanyol-ESP e retornei para Portugal. Eles (os dirigentes lusos) queriam me vender, mas aí eu não quis porque faltavam só quatro meses para eu conseguir o passe. Então esperei, voltei para o Brasil e acertei com o Botafogo\", ressaltou.

Emprestado ao Verdão, Mauricinho disputou o Estadual de 89 e algumas partidas amistosas, conquistando o Torneio de Oviedo-ESP pela equipe paulista (depois de empatar por 1 a 1 no tempo normal, o Palmeiras bateu o Oviedo por 5 a 3 nos pênaltis).

No Botafogo, porém, seu desempenho foi bem mais destacado. Contratado em 94, acabou sendo fundamental para vários gols marcados por Túlio, no primeiro ano do Maravilha no Glorioso. Após uma temporada no Kyoto Purple Sanga-JAP, retornou a General Severiano, sem o mesmo brilho, como reforço para a Copa Libertadores de 96, competição que o Alvinegro não disputava há 23 anos.

\"Tive bons momentos lá também, onde me entendia muito bem com o Túlio. Como sempre, deixei as portas abertas por onde passei e acabei retornando depois de uma passagem pelo Japão, onde ajudei o Kyoto a subir (o time passou para a Primeira Divisão, a J-League)\", frisou.

Antes, porém, Mauricinho retornava pela primeira vez ao Vasco, indiscutivelmente o clube onde colecionou suas maiores glórias. Jogou em 91 e depois de 97 a 98.

\"Tenho uma história no Vasco, onde conquistei tudo que podia imaginar. O único título que não consegui foi o do Mundial de Clubes, quando perdemos para o Real Madrid (1 a 2 para o time merengue)\", destacou o ex-jogador, fazendo mais uma referência a quem tem um carinho especial,

\"Ele é um grande amigo. É fantástico. Fiquei emocionado quando me convidou para sua despedida da Seleção (Romário fez os dois gols na vitória dos tetracampeões de 94 contra um time de veteranos mexicanos, por 2 a 1, em 2004, nos EUA). Foi um dos momentos mais importantes da minha vida\", revelou.

Após registrar toda sua admiração por Romário, o ex-jogador confidencia que espera um dia, agora fora do campo, reeditar a parceria com o antigo companheiro. \"Esse eu posso dizer que é diferente mesmo. Em tudo que ele resolver se meter vai se dar bem. Agora ele está iniciando uma carreira de técnico e, se quiser, vai fazer sucesso. E quem sabe não trabalharemos juntos novamente? Acho que ele ainda vai me convidar um dia para fazer parte de sua comissão técnica\", espera o pequeno grande Mauricinho.

Fonte: Pele.Net