Futebol

Marcus Alexandre fala sobre Bruno Ritter e novas promessas da base

Os jogadores da base que subiram recentemente para os profissionais começaram a dar frutos para o Vasco. Após Marrony fazer o gol da vitória diante do Bahia, foi a vez de Bruno Ritter se apresentar para o torcedor vascaíno. Com personalidade e simplicidade, o volante estreou na equipe principal e não comprometeu. Marcou forte, deu opção de passe e distribuiu bem o jogo, na vitória do Vasco sobre o Cruzeiro por 2 a 0.

Natural de Criciúma, Santa Catarina, o jogador chegou ao Vasco em dezembro de 2016, após se destacar na equipe sub-17 do Internacional. O responsável pela contratação do volante foi o técnico Marcus Alexandre, que trabalhou no Vasco por 19 anos. Em entrevista exclusiva ao Esporte 24 Horas, Marcus Alexandre explicou como foi a chegada de Bruno Ritter e a trajetória do atleta na base.

“Nós o observamos na Taça BH Sub-17 pelo Internacional. Vimos qualidade nele. Se encaixava bem no perfil de que a equipe precisava no momento. Eu ainda era o treinador do time sub-17 do Vasco e no final de 2016 fui comandar o sub-20. Ele jogou pouco no primeiro semestre de 2017. Já no segundo, foi melhor aproveitado devido a ascensão do Bruno Cosendey, do Andrei e de outros atletas da posição”.

A partida segura do volante de 19 anos tem explicação. Para Marcus Alexandre, o entrosamento com antigos companheiros deram uma tranquilidade para que Bruno Ritter fazesse um bom jogo.

“Acho que contra o Cruzeiro teve um facilitador que foi ter atuado com o Bruno Cosendey e com o Andrey, já que jogaram juntos na base. A adaptação dele foi até rápida. Lógico que teve ajuda do Ramon, do Maxi Lopéz e de outros atletas que o apoiaram em campo”.

Preferência de Alberto Valentim por Bruno Ritter

Após a saída de Marcus Alexandre, Bruno Ritter acabou perdendo espaço com o atual técnico do sub-20 do Vasco, Marcos Valadares. Mesmo sendo reserva nos juniores, o volante “furou a fila” e passou na frente de Rodrigo, titular absoluto e que também foi promovido aos profissionais. Para Marcus Alexandre, os jogadores possuem características diferentes, o que deve ter pesado na escolha de Alberto Valentim.

“O Rodrigo vai bem como primeiro volante, mas possui características parecidas com as do Andrey e do Bruno Cosendey. É um jogador que tem um bom passe, chuta bem de longa distância, mas não deve ter sido escolhido  devido as características. O Bruno Ritter é um jogador mais contido, se posiciona mais a frente da defesa, faz bem a cobertura dos laterais. Já o Rodrigo aparece mais na área adversária. Por isso eu acho que o Valentim deu preferência ao Bruno Ritter e não ao Rodrigo”.

Valorização da base e defesa a Ricardo Graça

Marcus Alexandre conhece bem todos os jogadores que foram promovidos aos profissionais nos últimos anos. De Alex Teixeira, Philippe Coutinho, Alan Kardec, passando por Souza, Allan e Luan até chegar a Mateus Vital, Andrey e Paulinho. Todos eles foram comandados por Marcus Alexandre, que possui um carinho especial com essa geração atual.

“Essa geração eu tenho um carinho muito especial. Eu trabalhei com esse jogadores no sub-17 e no sub-20. Dois ciclos juntos. Eu acredito que eles possuem potencial para se firmarem como atleta profissional do Vasco. Porém às vezes o momento do time não encaixa com a subida desses jogadores. Um exemplo é o Ricardo, que é um bom zagueiro. Vinha fazendo ótimas partidas. Foram feitas algumas contratações e o jogador acabou ficando de lado. Eu acho que o Ricardo não deve em nada aos zagueiros que chegaram. Mas isso é opção do treinador”.

Marcus Alexandre afirmou que o jogador da base possui condições de aguentar a pressão nos profissionais. Para ele, daria para aproveitá-los de uma forma mais satisfatória.

“Muitos atletas poderiam ganhar mais oportunidades. Porém muitas das vezes os clubes sentem o momento de pressão e preferem jogadores mais rodados, que nem possuem tanta experiência, são apenas mais velhos. Acho que o jogador quando é formado em um clube grande, ele tem uma raiz. Está acostumados a disputar títulos e conviver com pressão”.

Marrony: a aposta de Marcos Alexandre

Por conhecer bem o Vasco e a geração que está a disposição do técnico Alberto Valentim, Marcos Alexandre opinou sobre o jogador que possui mais chances de se firmar. Para o ex-técnico da base vascaína, o atacante Marrony tem o maior potencial para se destacar nos profissionais. Por atuar em muitas posições do ataque, Marcus Alexandre comparou a promessa vascaína à realidade flamenguista, Lucas Paquetá.

“O Marrony hoje, pela carência no setor de ataque, tem um nível técnico muito elevado. Eu enxergo que o Marrony tem a capacidade do Lucas Paquetá do Flamengo, não o comparando tecnicamente, até por se tratar de um menino mais velho e um pouco mais maduro, mas sim no aspecto de atuar em várias posições do setor ofensivo. Ele sabe jogar de costas, pelos lados do campo, sabe armar, podendo jogar em qualquer lugar do ataque”.

“Jogador que está em falta no futebol brasileiro”

Dentre os jogadores da ”geração 98″, Marcus Alexandre destacou o meia Dudu. Na avaliação do treinador, a promessa do Vasco possui características parecidas com as de Thiago Neves, jogador que arma e também conclui em gol.

“Tem um jogador que eu gosto muito e que está em falta no futebol brasileiro, que é o Dudu. Ele é um meia que arma as jogadas e chega na área para finalizar. Pensando rápido aqui me vem o Thiago Neves, que tem essa característica. Tirando o Thiago Neves, é muito difícil ver um jogador, camisa 10, fazer essa função, de servir o atacante e aparecer dentro da área para a conclusão. O Dudu tem essa qualidade, mas vai precisar de uma adaptação maior no profissional. Por ter muito contato, ele vai precisar ganhar mais massa muscular para aguentar o ritmo do jogo”.

Fonte: Esporte24Horas