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Marcos Teixeira: "Vai existir a era pré-Covid e a era pós-Covid"

Na quinta coletiva virtual promovida pela Vasco TV, membros do departamento médico do clube falaram com a imprensa e sócios nesta quinta-feira. Marcos Teixeira, diretor do DM, Marcos Cezar, coordenador científico, e Alexandre Barbosa, coordenador de fisioterapia, foram os entrevistados.

A pauta principal foi como o departamento médico do Vasco tem planejado o retorno aos treinos e às partidas de acordo com as recomendações em função da pandemia do coronavírus. Além de falar sobre o protocolo que vem produzindo junto a outros médicos em comissão formada pela Ferj, Marcos Teixeira pediu paciência aos profissionais do futebol, de imprensa e aos torcedores, prevendo muitas mudanças no esporte.

- Estamos vivendo momento único no mundo, nossa geração nunca passou por isso. O que a gente vai ter que entender é que vai haver uma mudança de conceitos. Vai existir a era pré-Covid e a era pós-Covid. De repente os conceitos vão mudar. Temos que abrir a cabeça. Futebol vai mudar, questão salarial vai mudar e disponibilidade de televisão também. Muita coisa vai mudar.

- Talvez o número de jogos mude, talvez as reuniões cada vez mais sejam por videoconferência. Esse ano, vou botar entre aspas, vai ser meio colher de chá. Quem vai sair na frente vai ser o time que tiver um elenco que possa montar três equipes para poder suportar uma carga de jogos num espaço de tempo mais curto - opinou Marcos Teixeira.

Confira alguns dos outros tópicos abordados na coletiva:

O pior já passou em relação ao Coronavírus?

Marcos Teixeira: - É um assunto complexo. Quando a gente fala do novo coronavírus, é um tema que todos nós da área médica ainda estamos aprendendo e estudando. Tem apresentações clínica única e específicas dele. A gente viu a curva em diversos países, e o objetivo é achatá-lo para não sobrecarregar o nosso sistema de saúde. A gente sabe que infelizmente o SUS não tem capacidade de absorver tão bem a população.

- Esse achatamento tá fazendo com que a gente tenha um prolongamento do pico. Hoje se desenha para as primeiras semanas de maio e outras pessoas desenham para junho. Na verdade, não há uma resposta correta. Nós que lidamos com coronavírus entendemos que, infelizmente, o pior ainda está por vir. A nossa impressão é que talvez na próxima semana a gente possa atingir o pico e que depois isso vá entrando em decréscimo. Novas terapias estão surgindo.

Pergunta a Marcos Cezar: como preparar o grupo para um possível calendário com números de jogos mantido em período mais apertado?

Desafio inédito e único. Pelo regulamento da CBF, o atleta precisa de 66 horas de intervalo entre uma partida e outro. Já tem se especulado diminuir esse intervalo. Tudo isso será um desafio para todos os clubes.

Vai ser uma situação nova, e isso a gente vai ter que aprender a equacionar a carga desses atletas se a gente vier ter uma competição com mesmo número de jogos num período menor durante a temporada.

Temos que aguardar a definição para saber quando vamos retomar os treinos, mas vai ser um desafio muito grande para todo mundo.

Com certeza vai ser um desafio grande para fazer controle. Fator determinante vai ser a qualidade do elenco para se fazer revezamentos. Se jogando quarta e domingo, já temos esse cuidado. Se tivermos uma diminuição dos intervalos, esse cuidado será redobrado.

Marcos Teixeira fala do protocolo que vem montando com outros médicos do futebol carioca

A Ferj reuniu todos os médicos de todos os clubes do Rio de Janeiro, iniciativa única e pioneira. Muito importante para esse momento tão difícil na nossa história.Fizemos uma comissão menor e produzimos um documento que está sendo aceito por todos os médicos. Ele tem como objetivo preparar as nossas ações para quando os treinos forem autorizados.

Não somos nós quem vamos autorizar o retorno aos treinos, são as autoridades competentes. É agência sanitária, o Governo do Estado... Eles que têm a prerrogativa para permitir que a nossa atividade aconteça.

É um protocolo que visa prever quais são as atitudes que vamos tomar nos treinos para preservar ao máximo os jogadores, a comissão técnica. Temos que lembrar que comissões muitas vezes são formadas por pessoas consideradas na faixa de risco.

Há também todos os contactantes familiares. Tenho minha família em casa, o jogador tem a dele em casa. Temos que pensar em todo esse coletivo, não somente nos jogadores. O protocolo está praticamente pronto, só não sei dizer quando vão voltar.

Alexandre Barbosa fala dos atletas que estão sendo atendidos pela fisioterapia

- Todos os jogadores que estão sendo assistidos pela fisioterapia têm tomado todos cuidados possíveis e precauções. Higiene adequada e tratamento individualizado. O Talles está sendo atendido em casa em uma clínica na Barra. Um fisioterapeuta do Vasco com eles. O Ramon está sendo assistido em outro horário, com um fisioterapeuta. O cronograma está sendo cumprido.

Relação do fisioterapeuta com o atleta

Alexandre Barbosa: Futebol nunca acabou durante a guerra, tivemos que criar protocolos de deslocamentos. Já passei por situação bem semelhante com uma guerra, no caso foi a Primavera Árabe, e eu estava na seleção da Líbia.

Hoje 80% do meu atendimento em fisioterapia é mais preventivo do que curativo. A gente teve uma redução de mais de 50% de lesões anuais.

Não é um trabalho tão manual. Não tem tanta proximidade do atleta. A gente resolveu reduzir para um grupo limitado, no caso um fisioterapeuta para cada jogador.

Fonte: ge