Futebol

Marcelinho Carioca, ex-Vasco, aconselha Dorival Júnior

Com 38 anos, Marcelinho Carioca ainda tem disposição e futebol de colocar inveja em muitos jovens jogadores. Defendendo o Santo André na Série A do Campeonato Brasileiro, o eterno “pé de anjo” comemora a boa campanha do time, que é o oitavo colocado com dez pontos.

O momento é bom, mas Marcelinho quase se complicou diante do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) na última semana. O Jogador sentou no banco de réus após ser expulso no jogo contra o Atlético/MG, mas levou um jogo de suspensão, que já havia cumprido como automática contra o Santos.

Em entrevista ao site Justicadesportiva.com.br, Marcelinho não criticou o STJD como outros jogadores tem feito e classificou o trabalho dos membros do tribunal como perfeito. O jogador também falou sobre pendurar as chuteiras de verdade, sobre a campanha no Ramalhão na Série A e elegeu Taison, do Internacional, a maior revelação do futebol brasileiro da atualidade.

JD – Você já foi julgado alguma vez em algum tribunal antes da semana passada?

Marcelinho Carioca – “Já fui sim. Se existe algum tipo de dúvida, temos que comparecer sempre. A melhor coisa é você estar presente para discutir e argumentar, e tentar ser absolvido e foi por isso que fui no STJD.”

JD – O que você está achando das decisões do STJD? Acha que está sendo muito rigoroso?

Marcelinho Carioca – “O trabalho está perfeito. Contra fato não há argumento e os vídeos mostram com clareza todos os lances. O STJD é o olho de todas as pessoas e quem julga está qualificado, é inteligente para isso e vai fazer o melhor para o futebol brasileiro. Jamais prejudicariam um atleta profissional de futebol.”

JD – Como você classifica a campanha do Santo André na Série A?

Marcelinho Carioca – “Estamos com uma campanha muito boa. O trabalho da comissão técnica do Sergio Guedes está sendo perfeito. A dedicação e o empenho dos atletas estão maravilhosos. Isso me deixa cada vez mais feliz para me empenhar ao máximo pela instituição.”

JD – Como você analisa o trabalho do Vasco na Série B? Daria algum conselho?

Marcelinho Carioca – “Primeiro de tudo, o Dorival vem fazendo um trabalho muito bom, bem consistente e com inteligência. Os profissionais que estão lá entendem de futebol. O Vasco é um clube muito grande e merece estar na elite. Lógico, que agora está passando por um momento de dificuldade, mas nada melhor do que a casa cair um pouco para poder subir com um verdadeiro alicerce. O Vasco tem que encarar e colocar os pés no chão, ver realmente que caiu para segunda divisão e ser humilde o suficiente para enfrentar os campos e as equipes inferiores para poder retornar. Tenho certeza de que os jogadores têm essa consciência e estão qualificados para fazer o melhor. A grandeza do clube vai fazer com que ele retorne.”


JD – Quando você pretende aposentar as chuteiras de verdade?

Marcelinho Carioca – “Eu vou parar de jogar futebol depois do Campeonato Paulista do ano que vem. Até mesmo por que eu quero estar mais perto dos negócios. Tem o Cento de Excelência de Atibaia e a primeira fase já está sendo cumprida. Vamos inaugurar dia 12 de julho com a Roma Campus, eles já estão vindo da Itália só para isso. Do dia 19 ao dia 26, o pessoal do Corinthians vai estar lá. O lugar está preparado para eventos, workshops, lazer entretenimento, então, tenho que estar preparado para tudo isso. Chega uma hora que você tem que parar para deixar os meninos jogarem futebol.”

JD – Essa vinda de grandes craques para o Brasil, como a volta do Ronaldo, Fred, Adriano e até a possível volta do Roberto Carlos não te anima a ficar mais um pouquinho?

Marcelinho Carioca – “Acho que não. Sou feliz e realizado dento do meu sistema de trabalho. O futebol me proporcionou muita coisa boa e só tenho que agradecer a Deus por isso. Quero poder viver um pouco mais e ficar perto dos meus filhos. Participar forte do crescimento e da educação deles, já que eles moram com a mãe e tenho que marcar presença. Acho que cada um sabe o que representa e como está o atual momento. Eu me sinto ainda apto para jogar mais um ou dois anos, mas quero cuidar dos meus negócios também.”

JD -No futebol nacional, quem você considera um destaque jovem positivo?

Marcelinho Carioca – “Vejo que o Taison, do Internacional, tem um potencial muito grande. Na verdade, o Inter tem tido sorte nesse sentido. No momento não me vem outros nomes na cabeça, mas se você for pensar, lógico, que o Flamengo, por exemplo, investe forte nas categorias de base. O próprio Vasco, que revelou aquele lateral-esquerdo, Ramon, de quem gosto muito.”

JD – Falando em Taison, na final da Copa do Brasil, entre Internacional e Corinthians, para quem você vai torcer?

Marcelinho Carioca – “Lógico que não vou ser hipócrita. Vou torcer para o Coringão, até porque sou corintiano. Eles me acenderam para o futebol brasileiro, mas jamais sem esquecer das origens, que foi o Flamengo e o Vasco que me acolheram muito bem no Rio de Janeiro depois de 12 anos. Mas torço para o Coringão mesmo, sei que é difícil jogar fora, ainda mais com o Inter completo, mas demos um grande passo no Pacaembu, principalmente, pela forma como jogamos para frente, marcando forte e aproveitando o fato do Colorado estar desfalcado.”

JD – Então seria uma boa oportunidade encerrar sua carreira no Timão ao lado do Ronaldo Fenômeno?

Marcelinho Carioca – “Não. Estou tranquilo. Deixa o tempo deles que o meu já foi muito bem executado. Acho que vou fazer somente um jogo de despedida no fim do ano do centenário. Estou bem feliz, deixa a ‘galerinha’ jogar lá.”

JD – A que você atribui as suas boas atuações e sua boa forma até hoje?

Marcelinho Carioca – “Primeiro a alegria de poder jogar futebol e ao o prazer de estar em campo novamente. Ver que o trabalho está sendo feito de uma forma franca, direcionada, específica, com estudo e cautela, com a conversa no dia-a-dia. O projeto do Santo André é maravilhoso e isso vem da gestão do Ronoan Maria Pinto, que conheço há 13 anos. Ele não é letrado, mas é um homem que sabe tratar o cidadão e é isso que ele está fazendo com o futebol. Hoje formamos uma família, um clube que serve de modelo.”

JD – Na partida entre Grêmio e Cruzeiro, válida pela Libertadores, quem é o favorito?

Marcelinho Carioca – “A parada é dura. Os dois técnicos têm esquema táticos definido, jogadores de decisão à disposição e é difícil arriscar um palpite. Entre os dois, prefiro não palpitar. Qualquer um que passe torço para que chega à final.”

JD – Sobre a Seleção Brasileira, o que você tem achado do trabalho do técnico Dunga e da atuação da equipe na Copa das Confederações?

Marcelinho Carioca – “Tenho gostado, apesar do trabalho já ter recebido muitas críticas. Conheço o Jorginho e o Dunga há algum tempo. Sei que às vezes não estamos apresentando um futebol brilhante, mas o mais importante é você ter o grupo na mão. Saber que os atletas são submissos, não por autoridade, mas por gostar mesmo. Eles estão conseguindo cativar os atletas. Um está respeitando o espaço do outros e isso que é o bonito. Lógico que ainda falta bastante coisa para montar um Seleção perfeita, mas geralmente isso é muito difícil. Creio que eles estão no caminho certo e torço muito.”

JD -E dos talentos brasileiros, quem ainda não foi convocado que você vê com potencial para estar lá da próxima vez?

Marcelinho Carioca – “Volto no nome do Taison, que apesar de ser menino, o que ele jogou no Pacaembu, diante de 40 mil pessoas não foi brincadeira. De repente, aos poucos, ele se encaminha para a Seleção.”

Fonte: Justiça Desportiva