Futebol

Luxemburgo faz elenco ter mudança de resultados, números e ambiente

Uma mudança em termos de resultado e números, mas também de ambiente. Este é o cenário encontrado no Vasco com a saída de Ricardo Sá Pinto e a chegada de Vanderlei Luxemburgo. Se o português adotava um perfil mais centralizador, com Luxa há uma permissão para que a liderança seja dividida com atletas de confiança, casos do zagueiro Leandro Castan, do goleiro Fernando Miguel e, mais recentemente, do atacante Germán Cano.

Castan e Miguel já haviam trabalhado com o treinador em sua primeira passagem pelo clube, em 2019, e possuem desde então uma referência natural para o grupo. O defensor, geralmente, é o capitão, mas a braçadeira também já foi usada por Miguel algumas vezes.

"Claro que não é só minha e do Castan [a liderança]. Há muitos jogadores que podem compartilhar e dividir com os mais jovens as responsabilidades. Ele faz um trabalho de valorização de todos, dá liberdade e responsabilidade para tomar decisões, mas ao mesmo tempo cobrando responsabilidade com todo o processo que envolve esse momento da temporada. É um momento em que não podemos vacilar. Esse conhecimento que ele tem sobre a gente é fundamental nesse momento", destacou Fernando Miguel.

No período de Sá Pinto, porém, tal liberdade teve um pouco mais de limitação, e as diretrizes e comandos ficavam mais a cargo do português e de sua comissão técnica. Na avaliação do goleiro, Luxa passou confiança ao grupo e aos líderes do elenco:

"A relação com o Vanderlei já é construída desde a temporada passada [2019, na verdade]. Quando chegou, o momento era mais ou menos parecido com esse, porém ele chegou mais no início do Brasileiro. E teve mais tempo para colocar em prático tudo aquilo que imaginava e que precisava para fortalecer as lideranças que precisam ser fortalecidas. São poucos jogos que temos agora e ele chegou num momento muito delicado, mas trouxe bastante segurança, confiança e validou a liderança".

Na nova era de Luxemburgo, outros jogadores passaram a também ter o status de líderes, casos de Yago Pikachu, Henrique e, mais recentemente, Germán Cano, que no empate em 1 a 1 com o Palmeiras usou a braçadeira de capitão, já que Leandro Castan foi poupado e ficou no banco de reservas.

Elenco tem aprovado trabalho de Luxa

A chegada de Luxemburgo foi bem aceita pelo elenco e seu trabalho tem sido aprovado pelos jogadores. Há um consenso de que o treinador, mesmo com fortes cobranças, tem passado muita confiança e tornado o ambiente mais leve.

Na última quarta-feira (27), em dia de folga do elenco, o treinador, inclusive, promoveu um churrasco com samba no hotel em Atibaia (SP), onde a delegação está concentrada visando o jogo de amanhã (31) contra o Bahia em São Januário.

A atitude gerou algumas críticas, mas o técnico seguiu com sua convicção de que é importante ter estes momentos de lazer para integrar o grupo.

Sobre os salários atrasados, Luxa saiu em defesa dos seus comandados, mas disse que esta não é a principal preocupação do momento:

"Estamos preparados para manter o time na Primeira Divisão. Cabe ao dirigente ter o discernimento de entender o que eles têm de fazer nas decisões de diretoria. Nós estamos preparados, vamos para o pau. Não estamos preocupados se vai receber ou não. Quem está entrando, tem de saber o que fazer. Pela primeira vez na vida eu venho a público falar isto. Eu sempre falei que os jogadores têm que receber. Mas neste momento não posso entrar nesse mérito. Eu não posso fazer com o que Vasco desvie atenção, que é manter o Vasco na Primeira Divisão. Não tem preço isso, manter o Vasco na Série A. Mas cada um sabe das suas responsabilidades."

O auxiliar, Maurício Copertino, e o coordenador da preparação física, Antônio Mello, também já estavam na primeira passagem e são outros profissionais que também gozam de simpatia do grupo.

Luxa vê fim de "preconceito"

Assim como em 2019, Luxemburgo tem sido bem mais que um treinador e vem fazendo uma "dobradinha" com o diretor-executivo de futebol vascaíno, Alexandre Pássaro, na gerência do futebol vascaíno. O técnico fez questão de lembrar que já sofreu muito preconceito por isso:

"Eu levei muita porrada, durante muitos anos no Brasil, até chegar num momento em que se possa fazer essa pergunta [trabalho além de treinador] e não soar como interferência dentro do clube. Antigamente, as pessoas não aceitavam porque o técnico tinha que se preocupar somente no campo. No Brasil a figura do diretor-executivo tem que estar ao lado do 'head coach', que é o técnico. Os dois trabalham em conjunto com a parte técnica."

Fonte: UOL Esportes