Luta por poder na CBF atrapalha movimento de atletas por calendário enxuto
A chave para atender o movimento de jogadores que pede mudanças no calendário passa pelo encolhimento dos estaduais, como disse Alex, um dos líderes do grupo denominado Bom Senso F.C.
E isso significa contrariar os interesses de quem elege o presidente da CBF, que é quem determina como será a agenda do futebol brasileiro: as federações.
A conta é simples. A eleição da CBF, que em 2014 irá decidir o sucessor de José Maria Marin, é decidida por um colégio eleitoral de 47 votantes. O grupo é composto por 27 presidentes das federações estaduais e os 20 clubes da primeira divisão.
Ou seja: diminuir os estaduais irritaria mais da metade dos eleitores da CBF, o que ajuda a explicar a relutância da CBF em encurtar os deficitários torneios regionais.
Se os jogadores quiserem lançar alguém para a eleição da CBF, por exemplo, vão precisar de um apoio grande: têm de ter a anuência de pelo menos oito entidades estaduais e também de seis clubes da Série A do Campeonato Brasileiro.
Além disso, o grupo teria um adversário de peso no pleito, Marco Polo del Nero, atual vice da CBF e presidente da poderosa federação paulista (FPF), braço-direito de Marin.
Com 21 datas a partir de 12 de janeiro até 13 de abril, os campeonatos regionais do ano que vem começam apenas um mês (o das férias dos atletas) e quatro dias depois da última rodada do Brasileirão. Tudo para adequar as competições ao período da Copa do Mundo.
Os estaduais representam o único grande torneio para clubes que não disputam uma das quatro divisões do Brasileiro ou que buscam vaga, por exemplo, na Série D nacional.
Para os principais times do futebol nacional, no entanto, eles são só um torneio inchado e menos importante no primeiro semestre. As federações, enquanto isso, não querem perder tal filão no calendário, quando conseguem o maior período de exposição e audiência.
"Os clubes e federações aceitam estes desmandos da CBF porque dependem financeiramente da entidade, e se esquecem de proteger seu maior patrimônio: os jogadores", escreveu o deputado federal Romário, na última terça-feira, nas redes sociais.
Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta quarta, o presidente do Sindicato Nacional das Associações de Futebol, Mustafá Contursi, disse: "O universo do futebol não é apenas dos atletas mais notórios, aqueles que ganham R$ 400 mil por mês. Os estaduais, por exemplo, são competições importantes para manter empregos."
Fonte: ESPN Brasil