Futebol

Lucas, do São Paulo, engrossa o coro de elogios a Diego Showza

Na porta do hotel, adolescentes choravam ao ver Neymar e, no treino no Mangueirão, berravam histericamente a cada toque dele na bola. No aeroporto, torcedores, muitos com a camisa do Flamengo, se acotovelavam para ver Ronaldinho Gaúcho. Um mais novo, outro mais experiente, ambos se acostumaram a tais reações. Momento especial, de verdade, vive Diego Souza. Em fase inspirada no Vasco, a chegada à seleção para o jogo de amanhã, contra a Argentina, em Belém, é um degrau subido. Entrar em campo pode ser outro.

Numa convocação só com jogadores que atuam no Brasil, o meia tenta ganhar espaço e não ser mais um nome passageiro na lista de Mano Menezes.

A primeira experiência fora traumática. Em 2009, na altitude boliviana, jogou pouco tempo numa partida que acabou com sabor de frustração. Vinha bem no Palmeiras, mas não tinha o protagonismo de agora.

Em Belém, é assediado. Claro que não tanto quanto Neymar e Ronaldinho. Mas dele se esperam lances como os que fez pelo Vasco, no último domingo, contra o Cruzeiro, quando ofuscou até o rival Montillo, também convocado para defender a seleção da Argentina amanhã.

Diego Souza parece lutar tanto contra o rótulo de jogador sem regularidade quanto batalhou, ontem, contra qualquer tentativa de se colocar um grande peso sobre suas costas nesta nova experiência na seleção. Sua expressão era serena, típica de quem não se deslumbra com a maré de elogios. Mas o vascaíno aparentava, mais do que qualquer coisa, uma concentração acima da média.

— Todos aqui são iguais.

Não acho que minha responsabilidade aumenta. Se vou jogar, o Mano decide — disse Diego, recordando a convocação de 2009. — Fiquei chateado, porque aquela chance veio num lugar onde não estou acostumado a jogar. Agora o momento é mais favorável. É um clássico, no Brasil. Estou mais experiente, muito feliz.

A tal falta de regularidade poderia ser, aos olhos de muitos, o obstáculo para Diego Souza virar, de vez, jogador de seleção.

Mas ele combate tal tese.

— O futebol brasileiro é muito difícil e é normal algumas coisas acontecerem. Você pode ir muito bem num jogo e, no outro, algumas circunstâncias não te permitirem brilhar.

Mas já tive outras sequências boas. Só no ano passado que não consegui — afirmou.

Para jogar amanhã, Diego terá que vencer a concorrência de jogadores como Lucas e Oscar no meio-campo. Mano pode também utilizá-lo mais recuado.

Um dos volantes, Paulinho, do Corinthians, foi a Belém e, após ser examinado, foi cortado por causa de um problema na batata da perna direita. Com a recusa do lateral Mário Fernandes, restaram 20 jogadores.

Em momento especial, Diego cortou logo um comentário que fazia referência ao apelido de \"Diego Showza\" usado por torcedores do Vasco: — Não tem nada disso, só faço o meu trabalho.

Mas até Lucas, do São Paulo, elogiou o vascaíno: — Ele tem muita qualidade, está em grande fase. E o time dele agora é líder do Brasileiro.

Como todo o elenco da seleção, Diego Souza desfrutou de um ambiente que uma equipe ainda vista com desconfiança buscava. Espécie de \"prêmio de consolação\" para uma cidade cortada da Copa de 2014, Belém vestiu a camisa da seleção no jogo de volta do Superclássico das Américas com a Argentina. Ontem, mais de 25 mil pessoas foram ao treino no Mangueirão e deram ao estádio uma cara de jogo. Para ter acesso ao Mangueirão, o ingresso foi 1kg de alimento não perecível. Para ver o jogo contra a Argentina, no entanto, os preços são bem elevados: variam de R$ 90 a R$ 400.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal O Globo)

Fonte: Jornal O Globo