Luan: "O Vasco é tudo para mim. É a minha primeira casa"
Quando que um garoto de 13 anos, ao chegar a um dos grandes clubes do Rio de Janeiro, imaginaria que nove anos depois escutaria da torcida, em um jogo de decisão, que é o "melhor zagueiro do Brasil"? Todos sonham, e com Luan não foi diferente. A concentração e seriedade do defensor, desde que foi promovido ao grupo principal em 2012, são características que resultaram em seu crescimento. Agora, aos 21 anos - completa 22 em maio - pelo segundo ano consecutivo, tem a chance de conquistar seu primeiro título junto ao time profissional, contra o Botafogo, domingo, no Maracanã. A final contra o Flamengo, de 2014, é página virada para o defensor.
Luan estava em campo naquele dia fatídico para os vascaínos, que levaram um gol no último minuto e viram a conquista escapar. Sem se abater, passou a temporada de 2014 exercitando a paciência no banco de reservas, até retomar nesse ano a dupla de sucesso com Rodrigo. O zagueiro relembra a trajetória no Vasco e explica o significado do clube para ele:
- Tudo. O Vasco é tudo para mim. É a minha primeira casa. A minha segunda casa é onde eu vivo aqui no Rio de Janeiro, e minha terceira casa é onde minha família mora no Espírito Santo. Aqui no Vasco eu vivi minha juventude. Cheguei aos 13 anos, morava aqui em cima. Vivenciei muita coisa e aprendi muito. Acho que a única maneira de retribuir isso é vencendo um campeonato - disse Luan.
E não foram nove anos simples. Muitos desses garotos acabam desistindo no meio do caminho ou tentando a sorte em outros clubes, de outros lugares do país. Além disso, viver longe da família não é fácil. Luan teve que aprender a ser disciplinado para desapegar das mordomias da mãe e saber se virar sozinho.
- É difícil para um garoto de 13 anos. Imaginem, antes em casa tinha o almoço colocado pela mãe na mesa. Acordava, e tinha lá o café da manhã. Eu tive que aprender sozinho a acordar para não perder o horário do treino, tinha que me virar sozinho, me enturmar, me dar bem com todos. Eu também estudei aqui no Vasco. Os caras pegaram no meu pé (risos), mas foi bom. Eu evoluí como ser humano e repito: se eu tiver que suar sangue em campo, vou suar, vou deixar minha alma em campo.
As dificuldades se transformaram em coisas positivas, e Luan conseguiu o carinho da torcida e reconhecimento profissional. Foi convocado para a seleção brasileira em duas ocasiões - sub-20 e sub-23, virou arma de gols para o técnico Doriva em 2015 e recebe constantemente os elogios de todos os companheiros. Um deles é Rodrigo, sua dupla de zaga.
A parceria com o Xerife é além do gramado. Em fevereiro deste ano, Luan passou por um momento triste. Sua esposa, que estava grávida havia dois meses, perdeu o bebê. O zagueiro demonstrou delicadeza ao falar sobre a situação e revelou que o companheiro foi um dos que mais o apoiaram.
- Temos um ano e meio de convivência, eu e ele. É uma grande pessoa, virou amigo mesmo, nós conversamos bastante. Na época em que minha esposa perdeu o bebê, ele foi um dos que me ajudaram. A obstetra da esposa dele era a mesma da minha, e nós conversamos. Eu o admiro muito. Estamos sempre conversando e não só de futebol, o que é importante. Falamos de tudo. Se eu tenho uma coisa a dizer a ele é obrigado.
Se a defesa cruz-maltina não sofrer gols neste domingo, o Vasco conquista o Campeonato Carioca e acaba com um jejum de 12 anos sem um título da competição. Para Luan, é a continuação de uma história já construída no clube e a possibilidade de marcar seu nome de forma positiva no Cruz-Maltino. A partida contra o Botafogo acontece às 16 horas (de Brasília).
Fonte: ge