Futebol

Loureiro Neto influenciou em retorno de Dinamite ao Vasco em 1980, diz blog

Exímio comunicador, repórter de primeira linha, Loureiro Neto era também um contador de histórias. Com todos esses atributos, o seu depoimento para o livro ‘Grandes Jogos do Maracanã’ – de autoria deste blogueiro em parceria com Roberto Assaf – foi dos melhores. Coube ao radialista contar sobre a volta de Roberto Dinamite ao futebol brasileiro, em 1980, quando demonstrou toda a astúcia para a apuração dos fatos. E acabou influenciando na negociação, que teve incrível desdobramento: o ex-craque vascaíno, após período sem sucesso no Barcelona, da Espanha,  já estava apalavrado com o Flamengo quando o caso sofreu uma reviravolta e causou rebuliço na Rádio Globo em razão das informações contraditórias.

O Ponta de Lança presta uma pequena homenagem a Loureiro – que morreu na terça-feira à noite (dia 25), vítima de complicações cardíacas -, reproduzindo o seu depoimento para o jogo que marcou a carreira de Dinamite, autor de todos os gols do Vasco na goleada  de 5 a 2 em cima do Corinthians, o primeiro no reencontro com a torcida  Maracanã – antes, havia enfrentado o Náutico, em Recife.

“Quando o Roberto foi para o Barcelona, a Rádio Globo foi a única a transmitir a sua estreia, com o Antônio Porto. Foi a melhor viagem do ano. Fui escalado para fazer a pior do ano, um jogo da seleção carioca juvenil, em Itaperuna. Passou um tempo e pintou o fato de o Roberto não se adaptar e estar pronto para voltar. Nessa época, eu cobria o Vasco e o Kléber Leite, o Flamengo. O presidente Márcio Braga foi para a Espanha. E o Kléber em seu noticiário dizia que o Roberto iria para a Gávea. Eu dizia que ele voltaria para São Januário. Até que um dia o Waldir Amaral cobrou dos dois repórteres: que negócio é esse de ficarem dando notícias diferentes sobre o mesmo assunto? O que aconteceu foi o seguinte: o Barcelona mandou ao Rio um representante, o senhor Tousquet, um banqueiro, com o objetivo de obter aqui garantias de pagamento pelo passe do Roberto. O que eu fiz? Colei no Tousquet, que passou a ser minha fonte. Não dei um telefonema sequer para a Espanha, onde o Roberto e sua mulher Jurema já diziam que o destino seria o Flamengo. Um belo dia, o Jornal dos Sports publicou uma entrevista do Márcio Braga dizendo que o Tousquet não mandava nada, não tinha representatividade. Tousquet me perguntou o que estava escrito. Logo depois, dei carona a ele, no meu Chevette caído, até a Besouro Veículos, onde trabalhava o Eurico Miranda.  De lá, o Tousquet ligou para o presidente do Barcelona: ou o Roberto vem para o Vasco ou ele, Tousquet, estaria demissionário. Naquele momento, foi definida a volta de Roberto ao Vasco. O avalista foi o empresário Juan Figger, que conhecia toda a cúpula espanhola. O jogo contra o Corinthians deve ter sido o mais importante da vida do Roberto. Eu estava atrás do gol, foi uma atuação memorável. Ali, apagou qualquer dúvida de que ainda era o Roberto Dinamite que todos conheciam.”

Fonte: Blog Ponta de Lança-Globo.com