Lédio Carmona comenta sobre Cristóvão e Marcelo Oliveira
São duas coisas bem diferentes.
Eu não teria aberto mão de Cristóvão Borges. Não era sequer treinador e, diante das circunstâncias e do drama do seu melhor amigo, ganhou nova profissão no comando do Vasco. Cristóvão errou em algumas substituições. E daí? Felipão não erra? Muricy é infalível? Luxemburgo é um gênio das alterações? Claro que não. Todos tem seus vacilos a cada rodada. Mas é muito mais fácil usar da humildade de Cristóvão para chaciná-lo verbalmente. Vaiá-lo. Ofendê-lo. Muito conveniente. Quem fazia isso, sabia que não teria réplica. Cristóvão jamais baterá boca com qualquer professor, seja de arquibancada, de gabinete ou de cabine de rádio ou de tv. Enfim, é um alvo fácil. Cristóvão, infelizmente, é o \"pele\" com o qual todo gato-mestre sonha em encontrar pelo caminho para desfilar todo seu conhecimento sobre futebol.
Sem Cristóvão Borges, a escolha da direção do Vasco por Marcelo Oliveira foi a melhor possível. Não que seja o novo Rinus Michels. Mas, diante de quem estava disponível no mercado, foi a melhor alternativa. Marcelo é um bom treinador. Fez ótimo trabalho no Coritiba, tem respeito dos jogadores (por sinal, foi um bom atacante, melhor do que todos que o Vasco tem atualmente) e tem tudo para dar prosseguimento ao trabalho de Ricardo Gomes e Cristóvão Borges. A questão é: ele herda um departamento de futebol problemático, sem vice-presidente e nenhuma homem forte, com arestas a serem aparadas no elenco e com uma quantidade intragável de cornetas a fim de dar pitaco e atrapalhar o trabalho alheio. Quem Marcelo Oliveira tenha sabedoria para driblar os adversários domésticos, muito mais perigoso do que aqueles que enfrentará em campo. Desejo sorte ao novo técnico vascaíno. Competência ele tem. Paciência, idem. Já é um bom começo.