Futebol

Lédio Carmona analisa "Vasco 4 x 0 Grêmio"

A fase é boa demais. São Januário lotado (16 mil torcedores). Vasco joga bem. Vasco goleia. Vasco lidera o Brasileirão. E a força das faixas, das mensagens de incentivo e, principalmente, do pensamento alcançavam um objetivo ainda mais iluminado. Em 72 horas, Ricardo Gomes deve receber alta do do hospital e voltar para casa para continuar sua recuperação. O treinador que encontrou um elenco mutilado, rachado e perdido. O comandante que chegou à Colina História para funcionar como bússola-mestre de um time sem orientação e carente de líderes. Um profissional que soube unir e aglutinar o futebol vascaíno. Aproveitou quem queria ser aproveitado. Requisitou quem desejava, de verdade, jogar pelo Vasco. Informações dão conta de que RG teria acompanhado a partida contra o guerreiro Grêmio pela televisão. Se aconteceu, melhor ainda. A 13ª vitória no Brasileirão não só foi uma das mais perfeitas e racionais, como levou o time, ainda provisoriamente, à liderança. No banco, o amigo Cristóvão Borges era a extensão de Ricardo Gomes. E, no campo, o time fez o que certamente o técnico pediria. Foram os três pontos que os vascaínos queriam. Foi a atuação que Ricardo Gomes, com certeza, assinaria. E, na saída do estádio, um torcedor orgulhoso vaticinava. “2011 é o ano que jamais deveria terminar”.

Atuação de gala diante de um Grêmio que vive seu processo de recuperação e que não pode sair dos trilhos com a goleada sofrida. O time é esse e está bem montado por Celso Roth. Fez um primeiro tempo igual ao Vasco. Mas com uma diferença fatal. Marcava mal pelos lados de campo. Fagner e Eder Luis faziam a faxina pelo lado direito nas costas de Julio Cesar. E Fábio Rochemback não vigiava Diego Souza, o nome da partida, como deveria. Do meio para frente, os gaúchos andavam bem. Atrás, falharam muito. E tomaram os quatro gols. Por méritos de um adversário iluminado. Por demérito de uma retaguarda que, a despeito do crescimento na tabela, ainda inspira cuidados. É preciso comemorar vitórias. E ter sabedoria nas derrotas.

O Vasco foi compacto em todos os setores. Na defesa, apesar do início nervoso e fora do tom de Dedé, o time estava bem. Renato Silva fez sua melhor partida. Rômulo sempre muito bem. Eduardo Costa, eficiente. Felipe Bastos fez a bola chegar à frente. Eder Luis voltou a ser o jogador decisivo. Elton e sua simplicidade chegaram aos 7 gols no Brasileirão e Diego Souza manteve a tradição. Os melhores jogos do Vasco na temporada aconteceram quando DS jogou muito. Contra o Avaí, na Copa do Brasil, na Ressacada. Contra o Botafogo, no Estadual. Contra o Santos, em São Januário. E agora contra o Grêmio. Não que ele não tenha feito outras grandes partidas. Mas nessas quatro, em especial, foi diabólico.

Aos quatro minutos, São Januário delirava com o gol de Elton, na antecipação a Saimon, após cruzamento de Eder Luis. O segundo, aos 33 minutos, veio de Felipe Bastos para Diego Souza. A arrancada em velocidade, meia-lua em Edcarlos e golaço, com chute forte e indefensável. O terceiro, no meu modo de ver, ainda mais bonito. Lançamento de um lado para o outro do campo. De Diego Souza para Fagner. Na corrida, ele chega à linha de fundo e cruza. Eder Luis, de primeira. Golaço. E, no último, o Grêmio estava entregue e só assistiu nova jogada de Diego Souza e conclusão de Fagner.

O Vasco dá um exemplo de comprometimento. Ganhou a Copa do Brasil, lidera o Brasileiro e briga na Sul-Americana. Tem fome. Aproveita a fase. Não se acomoda. Joga pelos torcedores. Joga por Ricardo Gomes. Joga pelo momento dos jogadores. Joga pela história do clube, tão carente de momentos alegres nos últimos anos. Há energias nas arquibancadas e sociais. O ano já está ganho. Se vierem mais títulos, melhor para quem é vascaíno. Mas o mais importante foi recuperado: o prazer de torcer, bater no peito e ter orgulho pela cruz de malta. Ricardo Gomes tem muito a ver com tudo isso. Seja qual for o desfecho da temporada, 2011 é mesmo o ano que jamais deveria terminar para os cruzmaltinos.

Fonte: Blog de Lédio Carmona - SporTV