Lédio Carmona analisa "São Paulo 0 x 2 Vasco"
O bom do futebol é a sua clareza para quem o observa sem muito mimimi e teses catedráticas repletas de pirotecnia verbal. E, entre os muitos achismos que cansamos de ler, ouvir e até debater no dia-a-dia, um é bem verdadeiro. Fica bem mais próximo do sucesso aquele que estabelece um padrão de jogo. Tem estrutura tática definida. Sistema pronto. Enfim, uma cara conhecida. Pode não servir para ganhar de todo mundo, nem para ser campeão de seis em seis meses. Mas geralmente funciona. O Vasco é um caso. Não é brilhante, mas a eficiência é a tônica. Desde o êxito da Copa do Brasil. Veio uma pane, efeito-ressaca do título, e, nesse momento, o time aparece em 5º lugar e briga pelo título brasileiro.
O São Paulo tem bom time, tem futuro e tem muito jeito. Mas ainda está sem a tal cara. Saiu Carpegiani, que teve altos e baixos e jamais estebeleceu a base necessária. Sob pressão desde o momento da assinatura de contrato, Adílson Batista chegou, louco pelo tempo que teve no Cruzeiro para montar uma boa equipe. Após três jogos, com um vitória, um empate e uma derrota (hoje, no Morumbi, para o Vasco, de Ricardo Gomes), a vida de Adílson já está difícil mais uma vez, mesmo com o São Paulo em terceiro, a três pontos do líder.
O São Paulo clama pelo tempo com o qual Adílson Batista tanto sonha. Precisa achar o padrão. Dar tempo aos novos jogadores (Piris fez boa estréia), recuperar a regularidade de Lucas e buscar soluções ofensivas que resolvam a ausência de Luis Fabiano. A campanha é boa. Falta só a regularidade. Que faltou no jogo de hoje. O time começou melhor, pressionou o Vasco durante 25 minutos e, a partir daí, parou na marcação cruzmaltina, representada pela eficiência de Rômulo como volante e na atuação perfeita de Anderson Martins e, sem exagero, mais do que perfeita de Dedé, um monstro na defesa.
No segundo tempo, o Sâo Paulo resolveu ir com tudo. E deu ao Vasco a arma letal que ele tanto queria e que lhe garantiu o título da Copa do Brasil. A plenitude no contra-ataque. Diego Souza para Eder Luis. Chute certeiro, tocando nas duas traves e morrendo no gol. No segundo, no fim, com o resultado mais do que seguro, Felipe, que substituiu Juninho Pernambucano no intervalo, fez o segundo.
O São Paulo oscila, mas está no caminho. Mas, repito, é preciso dar tempo a Adilson Batista. E o Vasco, eficiente, maduro, confiante e muito bem montado por Ricardo Gomes, avança, como há muito não conseguia, nem sonhava. Me espanta que alguém ainda discuta que esse é o melhor Vasco desde aquele de 2000-2001. Não é o melhor. É muito melhor. Não ganhará todas, mas comprova que estará sempre inteiro e, principalmente, íntegro. Só não vê quem não quer. Ou alguém prefere voltar a 2008? Creio que não.
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