Futebol

Ledio Carmona analisa a partida que deu o título ao Vasco



Fim da dramática Batalha do Alto da Glória. Uma final épica de Copa do Brasil. Festa em campo. Lamentos do outro lado. Nas arquibancadas, o climax da conquista. Torcedores do Vasco choravam sem parar. Desta vez, diferentemente dos últimos oito anos, as lágrimas não eram de dor. Era o pranto da redenção. Emoções represadas há quase uma década. Alma curtida de tombos, tropeços e decepcões no passado recente, os cruzmantinos viviam a catarse do título da Copa do Brasil. Mesmo com derrota de 3 a 2 para o Coritiba e a perda da invencibilidade na competição, a taça inédita ganhava o endereço de São Januário. Era hora de soltar o grito da garganta, respirar fundo e lavar a alma com o suor da conquista, com o desespero do jogo intenso e com o choro de quem só queria ser feliz de novo. Vasco campeão. O momento chegou, em plena noite fria de Curiiba.

Pouco importa agora dizer que o Vasco não jogou bem. Que embora tenha feito 1 a 0 com Alecsandro logo no início, recuou em excesso e levou uma pressão insana do Coritiba. Que virou o jogo (Bill e Davi), que tomou o empate (Eder Luis) e voltou a ficar
na frente com o golaço de Willian. A história do jogo perpetuará a elegânia de Felipe, a liderança de Diego Souza, a solidez de Dedé e Anderson Martins, a bravura de Eduardo Costa, a frieza de Fernando Prass, o gol de Alecsandro e o partidaço de Eder Luis. A história da conquista premiará uma dupla redenção. O primeiro título de Roberto Dinamite, maior ídolo da históra o clube como presidente, e a volta por cima de Ricardo Gomes, alvo de deboche e descrédito boçal de muita gente e que soube se reinventar ao dar a volta por cima à frente do clube que lhe estendeu a mão.

A história do jogo lembrará do quanto o Coritiba é grande e poderoso. Da paixão, da devoção e da fidalguia o torcedor do Coxa. E de como é bom o time treinado por Marcelo de Oliveira. Adversário de peso. Jamais desistiu. E mostrou que, como o Vasco, tem o caminho da reconstrução cada vez mais aberto, pavimentado e escancarado à frente. O Coritiba é um modelo de clube. E não será na frustração da derrota que andará para trás. Muito pelo contrário.

A final da Copa do Brasil só merecia vencedores. A honra ficou com o Vasco, campeão, renascido e de volta à Taça Libertadores após 11 anos. Chorem mesmo, vascaínos. Joguem as dores para bem longe. O acerto de contas com os fantamas do passado está mais do que sacramentado.

Fonte: Blog de Lédio Carmona