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Lédio Carmona: A catarse de Kardec

Nunca achei Alan Kardec um mau jogador. Mas também nunca fui um entusiasta em relação ao talento do centroavante. Apareceu muito jovem no Vasco, em semifinal de Taça Rio, num histórico 4 a 4 contra o Botafogo. Marcou na sua especialidade, a bola aérea. Pela sua altura, impulsão e bom posicionamento, sempre levou vantagem no lance. As vezes irritava pelo jeito desengonçado e pelas pernas cumpridas, nem um pouco habilidosas. Kardec é uma espécie de Jardel do Século XXI. Não encanta, mas é prático. E resolve.

Saiu do Vasco sem espaço e foi emprestado para o Inter. Lá, quase não jogou, foi para o Mundial Sub 20, também se destacou e, na volta, foi vendido pelo Vasco ao Benfica. Isso tudo com apenas 20 anos. Chegou em clube estruturado, com ótimo elenco. Perfeito para mostrar seu trabalho. Entrou bem durante algumas partidas. Não vai ser tão cedo titular, pois disputa vaga com o ótimo paraguaio Óscar Cardozo. Mas vai ter suas chances.

Nessa quinta, pelas oitavas da Liga Europa, Alan Kardec entrou com 86 minutos de partida. O placar no Stade Velodrome, do adversário Olympique de Marseille, apontava 1 a 1, gols do bom Niang, para os donos da casa, e Maxi Pereira, para os portugueses. A partida ia para a prorrogação, pois repetia o resultado de duas semanas atrás, no Estádio da Luz.

Até que, aos 91 minutos, bola cruzada na área, respinga mais para a direita e, quase sem ângulo, Alan Kardec enche o pé para balançar as redes. Seu primeiro gol com a bela camisa do Benfica. Não podia ser em melhor hora. Parabéns, Kardec! Os Encarnados seguem na lista de favoritos para levantar a taça. E até nisso ele se parece com Jardel, ex-ídolo do Porto e do Sporting. A diferença é seu destino lusitano foi o mundo da águia. E vai dar certo.

Nota do SuperVasco: Parabéns ao Alan Kardec por ter sido tão decisivo em um jogo complicado e importante quanto o contra o Olympique de Marseille. É gratificante ver jogadores oriundos do Vasco brilhando ao redor do mundo.

Fonte: Blog de Lédio Carmona