Futebol

Leandro Desábato fala sobre latidos, vida no Rio e futebol brasileiro

Às 21h45 desta quarta-feira, quando o Vasco entrar em campo para enfrentar o Jorge Wilstermann, na Bolívia, e tentar a classificação para a fase de grupos da Libertadores, Leandro Desábato fará apenas sua sétima partida com a camisa cruz-maltina. O argentino, no entanto, parece até que fez base no clube, tamanha facilidade para se adaptar ao time. Por causa da raça e da qualidade no passe, o casamento com a torcida também começou cedo, e ele herdou os "latidos" que um dia foram de Guiñazu e Jean.

A cada desarme ou roubada de bola de Desábato, a torcida se inflama na arquibancada. Nas redes sociais, os vascaínos dizem que ele "joga de terno". O argentino, no entanto precisou de ajuda dos companheiros para entender que os "latidos" eram para ele.

- Eu custei a entender, até que o Henrique disse que a torcida estava fazendo isso para mim. Aí eu disse: "Ahhh, obrigado por avisar". É inexplicável que em tão pouco tempo, e sendo de outro país, a torcida faça esse gesto de gentileza e me faça sentir dessa maneira. É uma emoção e me dá muita força para o que está por vir - disse Desábato.

O Vasco é apenas o segundo time na carreira do volante de 27 anos, que atuou desde a base no Vélez Sarsfield.

Confira a entrevista completa com o pitbull vascaíno:

GloboEsporte.com: Qual a expectativa para este jogo contra o Jorge Wilstermann em Sucre? Qual tem que ser a postura do time para não ter sustos?

Desábato: Vai ser um jogo muito forte, principalmente pela altitude. Temos uma boa vantagem por termos vencido por 4 a 0, mas temos que estar tranquilos e jogar como um grupo, em equipe, um ajudando o outro. A atenção tem que ser em todas as jogadas. Nosso adversário vai tentar fazer o jogo dele, mas se estivermos concentrados nos 90 minutos vamos seguir adiante.

Apesar de ser a primeira vez que joga fora da Argentina e de ser apenas seu segundo clube na carreira, você teve uma adaptação muito rápida. A que isso se deve?

Tem sido uma experiência muito linda desde o primeiro dia que cheguei. Isso ajudou na minha adaptação. A presença do Ríos e do Martín Silva me ajudou muito para que fosse mais rápido eu me acostumar ao futebol brasileiro e aos costumes do país. Acho que tive um bom rendimento desde o primeiro jogo, e isso me deu mais confiança para ir me soltando.

Dentro do campo sentiu muita diferença em comparação ao futebol argentino?

É parecido, mas acho que os jogadores argentinos são mais aguerridos, marcam mais, correm mais. Os brasileiros gostam mais de ter a posse de bola, são mais técnicos, com muito talento. Acho que essa é a maior diferença.

Como está a vida no Rio de Janeiro? A cidade tem passado por dias difíceis, com muitos problemas e violência. Além disso, neste período em que você está no país, teve até Carnaval.

É uma cidade muito linda, turística, com bonitas praias e seus costumes, como o Carnaval. Estou começando a falar um pouquinho o português também, e, com o passar dos dias e meses, é um objetivo meu falar bem o idioma. Isso me ajuda também na adaptação. Vim com minha esposa e minha filha. Primeiro vim sozinho, e depois elas vieram. É um grande apoio para mim, e muito legal compartilhar esse momento com elas.

Alguma coisa te chamou mais atenção na cidade? Já viveu alguma situação difícil?

Eu nunca tinha vindo ao Brasil, e me impressionou os morros e as bonitas praias. Também me impressou a paixão que as pessoas têm pelos seus clubes. Vejo nas ruas pessoas com a camisa do Vasco, Flamengo, Fluminense... A emoção que eles têm é muito grande.

Se o Vasco confirmar a classificação para a fase de grupos, você terá a chance de jogar na Argentina contra o Racing. Já está ansioso?

Iniciamos com o objetivo de chegar na fase de grupos. Agora estamos a um pequeno passo de conseguir. Se entrarmos, vamos ter outro objetivo, a classificação para estar entre os melhores. Estamos concentrados em fazer nosso trabalho nesta quarta. Depois, o grupo é muito difícil, com Racing, Cruzeiro e LaU do Chile.

Como foi sua infância em Santa Fé? Sempre jogou futebol ou teve alguma outra atividade antes de se profissionalizar?

Nasci em Murphy, na província de Santa Fé, um povoado pequeno de três mil habitantes. Sempre gostei de futebol, aos seis anos comecei no Centro Recreativo Unión y Cultura, e aos 15 fui para o Vélez Sarsfield, onde tive a sorte de ficar. Fiz toda a base e cheguei no profissional pelas mãos do Ricardo Gareca. Após sete anos na Primeira Divisão, acertei com o Vasco.

É muito difícil para um garoto que vem do interior deixar a família, amigos, muita coisa de lado... para concentrar apenas no futebol. Mas eu sempre, desde criança, disse que seria jogador de futebol, que era o meu sonho. Me dediquei totalmente a isso.

Fonte: ge