Leandro Ávila vê semelhanças entre Vasco de 2016 e o esquadrão dos anos 90

No último domingo (08), o Vasco comemorou o seu primeiro bicampeonato carioca após 23 anos. Em 1993, o Cruzmaltino superou o Fluminense ao vencer um e empatar outro dos quatro jogos que estavam estipulados. Leandro Ávila foi peça fundamental naquela equipe, participando de 23 dos 25 compromissos do Cruzmaltino.

Leandro, que já havia sido campeão pelo clube de São Januário em 1992 viria a fazer parte do time que conquistou o primeiro tri estadual vascaíno no ano seguinte. Em entrevista exclusiva para a Goal Brasil, o ex-jogador cita algumas semelhanças entre aquele timaço do passado e os comandados de Jorginho.

Além disso, Leandro deu a sua visão sobre as decisões contra o Botafogo e revelou ter ficado dividido na torcida – afinal de contas, foi campeão brasileiro pelo Glorioso em 1995. Por fim, citou Willian Arão, do Flamengo, como melhor volante do campeonato e projetou a atual temporada dos finalistas do estadual carioca. Confira!

Leandro, você foi um dos jogadores que mais participaram na campanha do último bicampeonato do Vasco, em 1993. Na sua opinião, quais eram as principais diferenças daquele grupo para o atual?

“Olha, era mais ou menos parecido. A gente tinha uma equipe bastante experiente, que mesclava com alguns poucos jogadores mais novos, que era o meu caso e o de outros que subiram comigo. Mas era um time bastante experiente.

Tem mais coincidências do que diferenças. O nosso time também tinha velocidade na frente, com o Edmundo e outros jogadores, como o Bismark. Essa atual equipe do Vasco também tem opções boas, mas eu não sei apontar uma diferença porque são muitas semelhanças, na verdade”.

Depois vocês viriam a conquistar o tricampeonato. Acha que o Vasco já pode pensar em igualar aquela marca?

“É muito cedo para responder, até mesmo porque as outras equipes vão se reforçar para o próximo estadual, por causa da possibilidade de o Vasco ser tri. O Vasco já vai dar um bom passo se mantiver essa equipe, que vem jogando junta desde o ano passado. Se conseguir manter o time, e trazer alguns reforços, inclusive jogadores mais novos para fazer essa mescla com os mais velhos, com certeza tem chance. Vai depender muito do Campeonato Brasileiro (Série B) também. Alguns podem ser negociados por irem muito bem ou muito mal... até o estadual tem muita água para rolar”.

Qual jogador campeão em 2016 seria titular naquele time do início dos anos 90?

“São duas épocas diferentes, duas equipes diferentes, jogadores com qualidades diferentes... embora jogando de maneira parecida: fechadinho, jogando em velocidade. Naquela época nós jogávamos com dois volantes fixos, eu e o Luisinho. Geralmente a gente não saía muito, o treinador gostava mais da gente como ‘cães de guarda’. Hoje em dia os volantes têm que sair mais um pouquinho, ajudar o ataque.

Cada época tem a sua safra de jogadores. A gente tinha Geovani, Luis Carlos Winck, jogadores consagrados e de nível de Seleção. Hoje em dia, no Vasco, você não tem jogadores assim, a nível de Seleção. Mas são jogadores que estão rendendo bem. É complicado dizer qual de hoje caberia no time de ontem e vice-versa. Se aquele time de 1992 jogasse hoje em dia, não ficaria quase ninguém no Brasil. Era só jogador rodado, experiente”.

O que você achou das decisões do Campeonato Carioca?

“As duas equipes estavam bem montadas taticamente em campo, confiantes. E quando se iguala muito assim, alguns detalhes prevalecem. E prevaleceu a velocidade do Vasco, com Andrezinho, Nenê, Riascos, Jorge Henrique. É um time muito veloz do meio para a frente, tem um contra-ataque rápido.

A outra coisa é a experiência, que conta demais. O Leandrinho, que foi uma grande revelação do Botafogo, fez o gol e era para ter sido expulso por ter levantado a camisa e já tinha amarelo. Se o árbitro levasse à risca, seria expulso por falta de experiência. No gol de empate do Vasco, o garoto do Botafogo que entrou (Diego) nem subiu. Por mais baixo que ele seja, poderia pelo menos ter atrapalhado o Rafael Vaz. Esses detalhezinhos fazem a diferença na hora do ‘vamos ver’”.

Chegou a ficar dividido na torcida, por ter feito história no Botafogo também?

“Fiquei, cara... eu fiquei na dúvida porque tive muito carinho da torcida do Vasco. Inclusive foram eles que me ajudaram a chegar na Seleção Brasileira, quando o Zagallo era treinador. Eles sempre me deram apoio, e no Botafogo foi a mesma coisa. Eu fui campeão brasileiro pelo Botafogo e os torcedores me param nas ruas até hoje, para agradecer por 1995. Era impossível torcer por uma equipe e não para a outra. Eu só deixei rolar, assisti ao jogo e torci para que vencesse o melhor”.

Para você, quem foi o melhor volante do torneio?

“Apesar de o time não ter ajudado, eu gosto muito do Willian Arão. Ele está no time certo no momento errado, vamos dizer assim. Na minha opinião, ele é um dos volantes que mais têm condições de chegar à Seleção Brasileira em médio prazo.

Ele tanto ajuda na marcação quanto sai para jogar com uma facilidade imensa. E também tem presença de gol, dá assistências e faz os seus golzinhos. Hoje isso é importante para um volante. Provavelmente se ele entrar em uma fase boa, o futebol dele vai subir mais ainda”

Acha que o Vasco vai ter um ano tranquilo na Série B?

“O Jorginho arrumou a casa, está começando o ano bem... não vou dizer que vai ser tranquilo, porque hoje em dia não tem nenhum jogo fácil, por causa de viagens, lesões. Mas acho que o Vasco tem aí tudo para subir novamente e ser campeão da Série B. O time é muito bom, joga com muita velocidade, quando faz um gol sabe se fechar atrás. É difícil o Vasco tomar gol”

E o Botafogo, como você vê o time para esta temporada?

“O Botafogo tem uma boa base. E ponto. Precisa urgente de jogadores mais rodados para fortalecer o elenco, dar liga no time. Os garotos são muito bons, todos eles. Só que tem que ter mais jogadores, para não acontecer isso que aconteceu na final. Eu acho que eles sabem disso, tanto é que já tentaram fazer contratações. Eu fico na torcida para que o Botafogo consiga reforçar o elenco para disputar o título brasileiro, ou pelo menos entrar na Libertadores. Se ficar com este time vai disputar por disputar, e aí fica difícil. O Campeonato Brasileiro é muito difícil”.