Lance! homenageia os 80 anos de São Januário. Vale a pena ler
São Januário completa sábado 80 anos de idade. Tudo começou em 1924, quando um movimento liderado por América, Botafogo, Flamengo e Fluminense resolveu impedir o Vasco de disputar o Campeonato Carioca, alegando que o clube não possuía uma praça de esportes adequada. O clube mandava seus jogos no campinho da Rua Moraes e Silva, junto ao Jardim Zoológico.
Mas a decisão era sobretudo uma represália ao fato de o Vasco ter conquistado o título de 1923 com um time formado por negros e mulatos, contrariando os interesses elitistas do futebol do Rio. Para tal, anunciaram o rompimento com a Liga Metropolitana de Desportes Terrestres (LMDT), a entidade dirigente, fundando uma outra, a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA). O Vasco não se deu por vencido. Permaneceu na LMDT ao lado de outros 21 clubes,
quase todos do subúrbio, e organizou um campeonato paralelo, que acabou enfim conquistando.
Em 1925, Carlos Martins Carlito da Rocha, um importante cartola do Botafogo, negociou o ingresso do Vasco na AMEA, alegando que já não era possível ignorar a importância do clube, que acabou aceito pela nova entidade, desde que mandasse seus jogos no estádio do Andarahy, à Rua Barão de São Francisco, exatamente onde está hoje o Shopping Iguatemi. Àquela altura, no entanto, o Vasco, sob a presidência de Raul Campos, já havia iniciado um movimento para erguer o seu próprio estádio.
Construção durou 10 meses
O movimento ganhou o nome de Campanha dos Dez Mil, com listas correndo todo o Rio, arrecadando dinheiro de gente ligada à colônia lusa e às camadas menos favorecidas da sociedade.
Logo, somando-se doações de duas fabricantes de cervejas, o Vasco adquiriu um terreno de 65 mil metros quadrados no bairro de São Cristóvão, Zona Norte da cidade. A pedra fundamental foi lançada em 6 de junho de 1926. O projeto foi do arquiteto Ricardo Severo. A empresa encarregada da construção, a dinamarquesa Christiani & Nielsen, utilizou 6.600 barris de cimento e 252 toneladas de ferro.
A obra durou apenas dez meses. Na quinta-feira, 21 de abril de 1927, o estádio foi inaugurado, com a presença das principais autoridades da época, incluindo o prefeito do Rio, Alaor Prata, e o próprio presidente da República, Washington Luis.
Vasco perdeu para o Santos na inauguração
Os ingressos para o primeiro jogo foram vendidos em quatro lojas tradicionais do Rio: na Casa Alberto, à Praça da República, na Casa Campos, à Rua Sete de Setembro, na Casa Retroz, à Rua Uruguaiana, e na Casa Sportsman, à Rua dos Ourives. No dia da inauguração, o Estádio de São Januário tinha capacidade para 48.604 lugares, assim distribuídos: 22 mil para sócios, 25 mil arquibancadas, 1.500 cadeiras de curva, além de 24 poltronas e 80 cadeiras na Tribuna de Honra.
Era o maior estádio da época na América do Sul. Mas o Vasco não foi feliz, perdendo de 5 a 3 para o Santos, com arbitragem, uma homenagem, de Carlos Martins Carlito da Rocha.
Evangelista abriu o placar. Negrito empatou para os cruzmaltinos. Evangelista marcou outras duas vezes. Araken e Osmar ampliaram, Baiano e Pascoal descontaram. O Vasco jogou com Nélson, Espanhol, Itália, Nesi, Claudionor, Badu, Pascoal, Torterolli, Russinho, Baiano e Negrito. O técnico era o uruguaio Ramon Platero.
O Santos, dirigido por Urbano Caldeira, com Tuffy, David, Bilu, Hugo, Júlio, Alfredo, Omar, Camarão, Feitiço, Araken e Evangelista.
Por questões de segurança, o estádio hoje, 80 anos depois, tem capacidade para 20.435 sentados.
Curiosidades
Antes do jogo inaugural, houve a benção do cardeal Sebastião Leme, o Hino Nacional, e acreditem, uma partida de basquete em quadra improvisada. O Vasco venceu a Associação Cristã de Moços por 22 a 18.
A construção do estádio cruzmaltino está narrada em detalhes no livro Memória Social dos Esportes / São Januário Arquitetura e História, de Hamilton e Clara Malhano, lançado em 2002 pela Editora Mauad e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.
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