Júnior Lopes ajudou Felipe a ter primeira chance
Junior Lopes foi anunciado no começo do mês como auxiliar-técnico do Vasco, para o que será a terceira passagem pelo clube. O que, talvez, muitos não saibam é que, anos atrás, ele foi essencial para que um jovem criado na base cruz-maltina ganhasse chance no elenco profissional e, mais tarde, virasse ídolo da torcida.
Foi graças a uma dica dele que Antônio Lopes testou Felipe, então lateral esquerdo reserva do sub-20, no grupo principal. Em 2011, o jogador, já com a alcunha de Maestro e atuando como meia, se tornou um dos jogadores mais vitoriosos da história do clube e ajudou o Cruz-Maltino a conquistar a Copa do Brasil daquele ano.
Antônio Lopes Junior iniciou a carreira no sub-20 do Botafogo. No começo de 1996, em um clássico com o Vasco, foi surpreendido com uma mudança de última hora no time adversário e aquele lateral-esquerdo desconhecido chamou a atenção.
"Eu trabalhava no Botafogo e não o conhecia antes desse jogo. Naquela época, não se tinha a informação que se tem hoje, em relação aos adversários e essas coisas. Nós, do Botafogo, fomos para o jogo achando que o Bill ia jogar, que era o lateral titular e já tinha feito até alguns jogos no time profissional. Quando começou, vimos que não era o Bill. Estava vendo um lateral esquerdo bom para caramba, fazendo uma partida muito boa, dificultando para a gente. Lembro que perguntei e ninguém sabia o nome. Tinha um atacante no nosso banco, o Rivaldo, era o único que conhecia e falou: 'Nome dele é Felipe. Ele é lá da minha área" e eu guardei aquele nome", recorda Junior.
Junior Lopes foi anunciado como novo auxiliar-técnico do Vasco no começo de abril
À época, Antônio Lopes estava treinando o Cerro Porteño, do Paraguai. Após a partida, em uma conversa por telefone com o pai, o atual auxiliar do Vasco comentou sobre Felipe, mas a história ficou por ali.
Após deixar o Cerro, Antônio Lopes passou pelo Paraná e, ainda no decorrer da temporada de 1996, voltou a São Januário para aquela que seria a quinta passagem dele pela Colina.
"Uns seis meses depois [daquela conversa pelo telefone], meu pai assumiu o Vasco. Na estreia dele, acho que contra um time da Colômbia [Santa Fe], pela Copa Conmebol, o Vasco estava ganhando por 2 a 1 e, no finalzinho, o Cássio, que era o lateral esquerdo e vinha jogando bem, se machucou. O Vasco até terminou o jogo menos um, mas acabou ganhando".
O compromisso seguinte do time cruz-maltino seria contra o Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro, e, nos treinos iniciais da semana, Vitor e Bill, opções para a vaga de Cássio naquele momento, não agradaram ao treinador.
À época, Junior Lopes morava com o pai e, durante um bate-papo no jantar, recordou-se daquele menino que, meses antes, tinha chamado a atenção no sub-20.
"Quando ele comentou isso, me veio à cabeça o Felipe. Aí, perguntei: 'Lembra daquele menino que comentei com você, o Felipe? Procura saber dele'. Isso era na quarta à noite. No dia seguinte, ele disse que tinha perguntado pelo Felipe e ninguém no profissional sabia quem era, mas foi à base e chamou ele para treinar no dia seguinte, na sexta", conta.
Junior Lopes pontua ainda que Felipe estava voltando de uma suspensão na base, e Antônio Lopes teve de "comprar uma briga" com Darcy Peixoto, que era o diretor de futebol amador.
No treino de sexta, o jovem se apresentou e participou de um coletivo. No primeiro tempo, na reserva, foi bem. Na etapa final, virou titular e acabou "aprovado" pelo treinador, ganhando chance para o duelo com o Alvinegro.
"Meu pai nunca teve medo de colocar jogador jovem. Gostou do treino dele, colocou de cara com o Botafogo e ele virou tudo que virou."
Felipe se tornou xodó da torcida do Vasco e é apontado como uma das maiores revelações do clube. Com a camisa cruz-maltina, o jogador conquistou a Libertadores de 1998, os Brasileiros de 1997 e de 2000, Mercosul de 2000, Rio-São Paulo de 1999, Copa do Brasil de 2011 e o Campeonato Carioca de 98. Além disso, a atuação contra o Real Madrid, da Espanha, no Mundial de Clubes de 98, ficou marcada.
Ele deixou o Vasco em 2000. Passou por Palmeiras, Atlético-MG, Galatasaray (TUR), Flamengo, Fluminense e Al-Sadd (QAT) antes do retorno ao clube que o criou, em 2010.
Coincidentemente, Junior Lopes trabalhou no último ano de carreira do Felipe. Eles se encontraram no Fluminense, em 2013. O primeiro como auxiliar-técnico de Vanderlei Luxemburgo, e o segundo após saída conturbada do Cruz-Maltino, quando teve um problema com René Simões, que era diretor de futebol.
O Maestro, ao lado do amigo fiel Pedrinho, ainda se arriscou como técnico. Em 2017, esteve no comando do Tigres do Brasil, equipe de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e a estreia foi no Carioca, em jogo contra a Cabofriense, então comandada por Junior Lopes.
"É muito bacana o fato de eu ter dado esse toque. Logicamente que o mérito maior é dele, pelo talento. Para mim, sempre foi um craque. E do treinador, do Antônio Lopes, que teve a coragem de colocá-lo. Eu fui só uma pequena parcela nisso tudo. Mas é muito bacana ver em tudo que ele se transformou."
Fonte: UOL EsporteMais lidas
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