Futebol

Juninho: "Quero reviver grandes momentos no Vasco"

Mais do que o anúncio oficial de seu retorno, algo que há meses parecia praticamente selado, a torcida vascaína aguardava ansiosamente as primeiras palavras de Juninho Pernambucano como jogador do Vasco, após 10 anos longe de São Januário, algo que ele tratou de fazer durante o dia de ontem.

Em entrevista ao LANCE!, o Reizinho, além de contar detalhes da negociação com o clube, garantiu que sua pontaria segue afiada e elogiou o atual grupo vascaíno. Sem contar que, preocupado com o segundo semestre, deu até pitacos ao presidente Roberto Dinamite para a manutenção de alguns jogadores.

Rodrigo Ciantar: Nesse seu retorno ao Vasco, o que mais chamou atenção foi a questão de você receber apenas um salário mínimo por mês...

Foi uma exigência minha. Assim, fico com a consciência tranquila de que não vou dar prejuízos ao Vasco. Se eu ganhar títulos, da Copa Sul-Americana, ficar entre os quatro primeiros colocados do Brasileiro, for campeão, aí, sim, sou premiado.

Quando o clube veio conversar comigo achava que precisaria desembolsar um bom dinheiro.

Até poderiam oferecer um salário parecido com o que recebo no Qatar. Mas não queria isso. Desta forma é mais justo, com a torcida e com a instituição.

Foi até bom você perguntar isso, pois andam dizendo que vou ganhar não sei quantos mil da Penalty ou de algumas empresas. Quero deixar claro que assinei um contrato com o Vasco. E só. Se futuramente alguma empresa quiser usar minha imagem, aí posso receber, pois não vou pagar por isso, não é?

RC: Como você está fisicamente? Muitos jogadores, quando voltam do exterior, sentem dificuldades com a readaptação.

É só ver o Felipe. Apenas nesse ano voltou a jogar esse futebol de alto nível dele. Não terei esse tempo, pois meu contrato vai até dezembro. Tenho trocado e-mails com o preparador físico do Vasco.

E, quem trabalha comigo, sabe que estou bem fisicamente. O ritmo daqui é mais lento, mas estou bem. Dificilmente não fico em campo os 90 minutos de um jogo.

RC: E o que acontece depois de dezembro?

Depois eu decido o que fazer da minha vida. Se tudo der certo, posso renovar com o Vasco por mais tempo. Ou até jogar por outro clube. Não dizia que voltaria para encerrar a carreira aqui, e, sim, para voltar a defender o Vasco. Mas a intenção é ficar mesmo no clube. Caso decida parar, reiniciaria tudo, com uma nova função, no departa-mento de futebol do Vasco.

RC: O Vasco montou um grupo forte. Você tem acompanhado?

Sim. Volto para um Vasco muito forte. Além do Felipe, tem Eder Luis, Fellipe Bastos, Diego (Souza), que acho um ótimo jogador, o Dedé. Quero ajudar a meninada e eles podem ficar tranquilos, pois, quem está chegando é um profissional que vai lutar por sua posição, como todos. O Ricardo Gomes também pode ficar tranquilo para me escalar somente quando achar que estou bem.

RC: O grupo pode ser vencedor?

Espero que eles já possam vencer o Carioca ou a Copa do Brasil, até para diminuir a pressão. Para conquistar um Brasileiro, por exemplo, é preciso ter grupo. E o Vasco tem isso. Até falei com o Dinamite para tentar segurar o Eder (Luis) e o Fellipe Bastos, pois são jogadores de difícil reposição. Pedi muito isso a ele.

RC: E como está a pontaria nas cobranças de falta? Parece que você até pediu bolas do Brasileirão para treinar..

Isso foi falado, mas a bola daqui é bem parecida com a do Brasileiro. Se você observar, continuo fazendo gols de falta aqui no Al-Gharafa. Nunca deixei de fazer. A pontaria ainda está afiada, podem ficar tranquilos (risos).

RC: Atualmente, o Bernardo tem feito gols de falta. Ele, inclusive, já disse que se inspira em você.

Vi que o Bernardo é um ótimo jogador, que tem qualidade para bater faltas. No Sport, eu era fã do pai dele, o Hélio, um goleador.

RC: Tem algum recado que queira deixar para a torcida?

Estou voltando porque sei que ainda tenho condições de vestir a camisa do Vasco. E volto para jogar, para ficar 90 minutos em campo. Quero reviver grandes momentos no Vasco.

(Matéria reproduzida diretamente da versão papel do Jornal Lance)

Fonte: Jornal Lance