Juninho Pernambucano avisa que não vem agora

RIO - A admiração e o carinho são mútuos, mas ainda assim, não será agora que a torcida do Vasco verá novamente o ídolo Juninho Pernambucano vestindo a camisa com a cruz de malta. Com o contrato rescindido com o Lyon, após oito temporadas vitoriosas, o meia disse ontem, por telefone, que pretende jogar mais um ano na Europa antes de decidir o que fazer com sua carreira.

- Não posso prometer nada, pois não sei, de verdade, o que vou fazer. Acho que ainda posso jogar em alto nível e quero ficar mais uma temporada na Europa, logicamente não na França. Mas se decidir voltar a jogar no Brasil, é certo que o Vasco será o primeiro clube que vou ouvir.

Aos 34 anos, Juninho chega a se emocionar ao falar do Vasco. Lembra que ganhou seis títulos em seis anos em São Januário e marcou seu nome na história do clube apesar de não se considerar à altura dos grandes jogadores que vestiram a camisa do clube.

- Minha relação com o Vasco é muito forte. Roberto Dinamite foi quem mais fez pelo clube, sem falar em Romário e Edmundo, os dois melhores jogadores com quem atuei. Não me comparo a eles. Por isso, foi muito emocionante quando ouvi pela primeira vez a música que a torcida vez e que fala do meu gol contra o River Plate na Libertadores de 1998 - lembra o meia.

- Também já falei duas vezes com o Rodrigo Caetano (gerente de futebol do Vasco). Mas, como já disse, não sei o que vou fazer. Certo é que no Rio, só jogo no Vasco.

Violência nas Laranjeiras assusta o meia

Se um dia decidir retornar a São Januário, Juninho quer que seja pelo que ainda pode fazer e não pelo que já fez.

- Vi o jogo com o Vitória, em São Januário, pela Copa do Brasil. A torcida está feliz e o clube se recuperando. Por isso, se um dia voltar, quero fazer para ajudar o Vasco e não como reconhecimento pelo que fiz no passado.

Mas há alguns detalhes que podem acabar com o sonho da torcida do Vasco. Há nove anos morando em Lyon, onde nasceram suas duas filhas, Juninho e a família estão totalmente adaptados a uma tipo de vida que dificilmente encontrarão no Brasil. Isso sem falar na insegurança que ronda qualquer jogador de time brasileiro, seja ele ídolo ou não.

- É preciso muita cautela na hora de tomar uma decisão. A torcida do Vasco é maravilhosa, mas a cobrança e a pressão são enormes. Estas coisas que aconteceram no Fluminense fazem você pensar duas vezes antes de se decidir por voltar a jogar no Brasil. Mas, mesmo assim, admito que penso sim em atuar novamente no futebol brasileiro. Mas isso é agora. Não sei como será mais à frente.

Por hora, Juninho ainda está concentrado no Lyon. Domingo, ele fará seu último jogo pelo clube. Após sete títulos consecutivos, o Lyon vai terminar a temporada em terceiro lugar, com a vaga para a Liga dos Campeões assegurada. Mas nem a possibilidade de disputar mais uma vez a Liga dos Campeões é capaz de motivar o jogador brasileiro:

- Quando fui embora do Brasil, me programei para jogar dez anos e encerrar minha carreira na Europa. Mas depois de sete títulos, não tenho motivação para disputar mais um Campeonato Francês.

Domingo passado, Juninho Pernambucano completou 344 jogos com a camisa do Lyon. Fez 100 gols e se transformou no maior jogador da história do clube.

- Sem dúvida tive mais destaque individual no Lyon do que no Vasco. Mas tenho muito orgulho de ter ajudado o Vasco a conquistar títulos importantes, como uma Libertadores, dois Brasileiros e uma Mercosul. Isso marca qualquer jogador - lembra.

O presidente do Lyon já disse a Juninho que ele tem um contrato de cinco anos o esperando vquando encerrar a carreira.

- Vou descansar uma semana para só então começar a pensar no futuro. Tenho algumas propostas de times europeus, mas nada de concreto. Certo mesmo é que o Vasco será sempre o primeiro clube que ouvirei se decidir voltar a jogar no Brasil.