Julio dos Santos revela desejo de virar zagueiro e ser técnico de futebol
A partida contra o Boavista foi a primeira de Julio dos Santos como zagueiro, mas não deverá ser a última. O paraguaio tem tudo planejado para sua carreira. Antes mesmo de começar a ser treinado por Cristóvão Borges na posição para uma emergência no Vasco, o jogador traçou metas: quer se instalar definitivamente na zaga daqui a dois ou três anos. Depois, quando pendurar as chuteiras, vai permanecer no futebol: ele já começou os estudos para ser treinador.
Estes são os dois objetivos de Julio a médio e longo prazo. E o presente? É desvendar Milton Mendes, aprender como o novo técnico cruz-maltino. O paraguaio está à disposição para voltar a ser usado na zaga numa emergência. Porém, mais do que isso, quer agregar conhecimento.
- Não é porque joguei ontem (quinta-feira), mas tenho o plano de poder jogar na zaga daqui a dois ou três anos. Mas tem que ser com um treinador que goste de posse de bola, de saída no chão. É uma opção que aconteceu no Bayern, com o Guardiola. O Javi Martínez era o volante que jogava na zaga para ter uma saída limpa. A experiência de jogar ontem me ajudou muito, porque quero evoluir ainda mais no meu jogo. – disse o volante que já foi meia-atacante e agora começa a transição para a zaga.
Julio falou sobre seus estudos para ser treinador, sua ideia de jogo, o recuo gradual de posição na carreira e o desejo de se aposentar no Cerro Porteño, do Paraguai, onde é ídolo. Confira:
GloboEsporte.com: Você foi artilheiro da Libertadores, começou como meia-atacante, virou volante, agora jogou de zagueiro. Por que essa mudança?
Julio dos Santos: É culpa dos treinadores (risos). Eu comecei jogando de meia armador, perto dos atacantes, mas em 2011, num jogo de Libertadores, Cerro x Santos, o treinador argentino (Leonardo Astrada)... Como eu era um meia que descia sempre para pegar a bola com os zagueiros, ele perguntou se eu poderia jogar nessa posição. Lógico que eu precisava de mais marcação, de compromisso que normalmente os meias não tem. Eu queria porque estava gostando de jogar ali. Foi também uma aceitação minha porque neste momento sabia que uma posição nova seria algo bom para mim. Queria evoluir, melhorar meu futebol.
De volante para zagueiro, muda muita coisa?
Muda o fato de que você não pega muito na bola. No jogo de ontem peguei muito pouco (risos). Só passe mais ou menos fácil, bola lateral, não tem aquela opção de jogar com os atacantes. Para mim, jogar em várias posições faz com que jogadores e treinadores te olhem de um jeito diferente. É algo que sempre quis em minha carreira. Gostei muito da possibilidade de jogar na defesa. Agora o treinador sabe que pode contar comigo em mais uma posição.
Quais dificuldades você sentiu na zaga?
Às vezes eu queria muito ir para o ataque, e o Rafael (Marques) me chamava para ficar perto dele (risos). Quando tinha jogada pela lateral, eu queria ir para perto do lateral para tentar jogar como volante. Foi essa a dificuldade. O Rafael me ajudou muito.
Agora, você pensa em virar zagueiro ou foi só uma emergência?
Não é porque joguei ontem (quinta-feira), mas tenho o plano de poder jogar na zaga daqui a dois ou três anos. Mas tem que ser com um treinador que goste de posse de bola, de saída no chão. É uma opção que aconteceu no Bayern, com o Guardiola. O Javi Martínez era o volante que jogava na zaga para ter uma saída limpa. A experiência de jogar ontem me ajudou muito, porque quero evoluir ainda mais no meu jogo.
O Javi Martínez começou assim com o Marcelo Bielsa, no Athletic Bilbao. É preciso que seja um treinador Loco como ele?
Não louco, mas um treinador com ideia mais de posse de bola, de paciência. Sei que não tem muito treinador desse estilo. No Paraguai acredito que vou achar algum para tentar jogar nessa posição.
Você pensa em ser técnico?
Penso. Estou estudando, pegando muitas coisas que acontecem aqui no grupo, no dia a dia. Quero ficar perto do futebol, é a única coisa que sei fazer. Estou me preparando. Quero aproveitar ao máximo possível, jogando, mas aprendendo com as coisas que acontecem. Futebol não é só entrar e jogar. São muitas coisas que tem que acontecer para que um jogador entre e possa render o máximo.
Você já iniciou algum curso?
Estou esperando o fim do ano para começar direito. Por enquanto, estou lendo livros, pegando muitas coisas de treino, com treinadores que passaram por aqui. Converso com muitas pessoas aqui que têm experiência boa de futebol. Para mim, é aproveitar cada dia como se fosse uma escola, uma faculdade.
Que tipo de técnico seria o Julio dos Santos?
Meu estilo de jogo (risos). Se meu estilo é uma coisa, não posso querer que meu time seja outro. Não vai fugir muito do que sou como jogador. O futebol requer muito de velocidade e pressão, mas sempre vai ter lugar para o jogador de boa qualidade técnica.
Esta mudança no futebol tem a ver com seu recuo gradual de posição?
Antigamente só o meia jogava, e todo mundo corria. Depois o volante tinha que marcar e jogar. Agora o zagueiro, depois o goleiro. Exige-se muito que o zagueiro jogue. Futebol tem que ser isso. Todo jogador tem que ter responsabilidade para marcar e jogar. Para mim tem que ser 50% para cada. Se possível, 70% para os jogadores de qualidade. Correr é muito fácil, mas para jogar é difícil achar jogador.
O Milton Mendes é um técnico que fez cursos na Europa, tem outra bagagem. Você notou a diferença dele para os outros?
Nos primeiros dias ele trabalhou muito a parte tática, porque queria jogar de um jeito e não tinha muito tempo. Também estou com essa incógnita de saber a ideia dele. Normalmente você não tem possibilidade de treinar com uma pessoa que fez cursos na Europa. Para mim vai ser uma experiência boa conhecer a ideia dele. Até o momento está sendo muito bom, bem diferente do que a gente vinha tendo.
O que mais te marcou como diferente?
A intensidade. Cada treinador tem sua ideia, não que uma seja boa ou ruim. Mas a intensidade que ele quer no treino, ele quer no jogo. Ele quer sempre intensidade alta, seja numa hora de treino ou 30 minutos. Porque é isso que ele quer que aconteça no jogo.
No começo do ano, houve a especulação de um retorno seu ao Cerro Porteño. Houve algum contato?
O pessoa de lá está sempre falando comigo, porque lá é o meu clube. Sou o jogador com mais jogos e títulos da história. Lógico que no futuro quero voltar, porque é minha casa, gostaria de me aposentar lá. No momento ainda não deu certo ou as coisas não aconteceram para que eu voltasse. Por enquanto, vou aproveitar o máximo que for possível. Estou há um bom tempo aqui no Vasco, gosto de muita coisa.
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