Jornalista critica negociação do Vasco e de outros clubes com a Rede Globo
Os investimentos feitos pelo Flamengo em jogadores durante essa semana trouxeram de volta a discussão sobre a distribuição de cotas de TV. Até o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, ex-presidente do Atlético-MG, voltou ao tema para atribuir à Globo o poderio rubro-negro. O debate é antigo e pertinente, mas é centrado em declarações fortes e pouco nos aspectos técnicos do negócio.
Primeiro, o motivo de revolta atual é que o modelo novo de distribuição de dinheiro da televisão deve aumentar a vantagem de Flamengo e Corinthians nas receitas do Brasileiro. Internamente, diga-se, a Globo contesta que exista disparidade desse tamanho. Fato é que a emissora montou uma fórmula com divisão igual de receitas na TV Aberta e Fechada, mas o ppv tem a divisão por percentual de torcedores – e os times rubro-negro e alvinegro têm um mínimo garantido.
Pois bem, esse modelo foi resultado direto da negociação feita no final de 2015 e início de 2016 entre clubes e a Globo e a Turner. Houve influência da marca dos clubes nos números finais? Sim. Mas clubes que negociaram melhor levaram vantagem na receita, como ocorre em qualquer transação comercial.
No segundo semestre de 2015, a Globo procurou os clubes para renovar contratos do Brasileiro a partir de 2019. Sua proposta previa uma redução entre 20% e 25% dos acordos em vigor. A alegação é de que havia uma crise econômica no país e que não havia dinheiro no mercado publicitário para reajustes. Em troca, a emissora prometia uma antecipação de dinheiro que entraria no caixa de imediato dos clubes.
Sete clubes aceitaram a redução dos valores de cara ainda no final de 2015: Atlético-MG, Cruzeiro, Botafogo, Vasco, Vitória, Sport e Corinthians. Ao final do ano, a Turner passou a sondar todos os times para fazer propostas. Só Botafogo e Sport ainda ouviram, mas fecharam com a Globo para receber de imediato os valores pois precisavam fechar o ano. Os outros já tinham fechado para conseguir resolver as contas do final do ano.
O restante dos clubes continuou na mesa de negociação e foi ouvir os dois lados. Um grupo de clubes negociava com a Turner, o que incluía o Flamengo. Para convencer os times a ficar, a Globo propôs uma mudança na fórmula de distribuição com divisão em três fatias: uma igual, outra por exibição, uma terceira por posição.
Com essa fórmula, a diretoria do Flamengo entendeu que teria uma perda. Passou a buscar compensações: então calculou que a receita futura de ppv aumentaria significativamente e focou neste item. Obteve um percentual mínimo da Globo na negociação de 18,5% sobre o mínimo garantido de R$ 650 milhões. Na verdade, o contrato prevê um valor mínimo, que seria de R$ 120 milhões. Se passar disso a arrecadação, o clube ganha o percentual de seus torcedores declarados. E ainda obteve luvas de R$ 120 milhões.
O Corinthians tem um acordo com a Globo pelo qual o que vale para o Flamengo vale para ele. E a emissora modificou o contrato inicial corintiano. Outros clubes como Cruzeiro e Atlético-MG também foram favorecidos por negociações posteriores, obtendo as condições iguais nos contratos de TV Aberta e TV Fechada. Ou seja, não tiveram mais a redução que tinham aceitado.
Mas outros clubes esticaram as cordas das negociações e obtiveram vantagens adicionais. O Grêmio ficou com um pé em cada canoa até o final. Resultado: obteve luvas de R$ 100 milhões da Globo quando fechou. O Fluminense é outro que prolongou negociações e obteve luvas maiores do que Botafogo e Vasco ao se acertar com a Globo.
O Palmeiras só foi fechar no final de 2016 com a Turner e levou luvas superiores. Agora, negocia com a Globo duramente já há mais de um ano, exigindo condições iguais. Entre executivos de televisão, é reconhecido o profissionalismo com quem o clube alviverde toca o processo, levando sempre dados para embasar suas demandas. O Athletico-PR ficou com a Turner e recusa as condições da Globo no ppv.
Enquanto isso, clubes como o Internacional e Santos, após fecharem com a Turner, aceitaram contratos com a Globo com um efeito redutor sobre alguns jogos. O argumento da emissora carioca é de que, ao vender para um concorrente na TV Fechada, isso interfere nos direitos dela do pay-per-view. O Palmeiras não tem aceitado esse item.
De todas essas informações sobre as negociações, uma conclusão é clara: o poder do clube de gerar audiência conta em uma negociação, mas a postura na mesa na hora de conversar é muito importante. Quem fecha rápido para pagar a conta do mês seguinte vai ser prejudicado. E depois não adianta ir no microfone para reclamar porque é a assinatura no documento que decide sua receita.
Fonte: Blog do Rodrigo Mattos - UOL EsportesMais lidas
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